Capítulo 6

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Medellín, Colômbia – 29/04/2021 — 8:30 da Manhã – Apartamento da Veronica 

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Medellín, Colômbia – 29/04/2021 — 8:30 da Manhã – Apartamento da Veronica 

Os calmantes fizeram com que Veronica dormisse a noite inteira sem interrupções, foi como se tivesse entrado em um pequeno coma sem sono conturbado ou pesadelos, apenas apagou por uma noite inteira e teria dormido mais se não fosse o som insistente da campainha. 

Um sorriso involuntário brotou em seus lábios ao imaginar que Estevan resolveu aparecer tão cedo, se apressou em levantar e lavou bem o rosto, passou uma escova pelos cabelos desgrenhados e procurou por um pijama menos surrado. Não queria dar a impressão de desleixada mais uma vez, vestiu um conjunto rosé de seda, abraçou o corpo para dar uma amassada no tecido e não deixar transparecer que acabou de se trocar. A campainha continuou tocando e ela correu para evitar que ele pudesse desistir e ir embora, antes de abrir tentou uma expressão de sono para simular que simplesmente pulou da cama e foi atendê-lo.

Para sua surpresa e leve frustração não era ele na porta, seu coração se apertou no peito ao se deparar com os olhos inchados da mãe, rosto abatido, ausência total das maquiagens que eram suas companheiras — foi com Soledad que Veronica aprendeu a amar cosméticos. Um soco lhe atingiu no estômago ao ver a mulher ali parada, jogando a realidade dura em sua cara, não se viam desde o enterro e nem Veronica sabia porquê. Encontrar os pais era encarar o fato de que sua irmã caçula de fato se foi, olhar para a expressão apática da mãe era admitir que o único real elo entre eles havia se partido.

Carmen era quem conciliava as desavenças entre Veronica e os pais, era o território neutro na guerra entre a filha ambiciosa sem escrúpulos e os pais altruístas envergonhados de sua conduta. A caçula sempre foi a menina dos olhos de Marco e Soledad, doce, querida por todos e de bom coração. A que conseguiram salvar da ganância e mesquinharia, encarar sua mãe ali na porta era a lembrança de que tudo o que tinham em comum e que seria capaz de uni-los se foi.

— Eu… Soube que você teve um desmaio no trabalho, ficamos preocupados. —  pronunciou Soledad após longos minutos de silêncio.

— Estevan! — suspirou nervosa. — Não foi nada, já estou bem.

Cruzou os braços e encarou o chão. 

— Não foi o que ele me disse —  insistiu ela entrando na casa sem aguardar permissão.

Lançou um olhar analítico por todo o cômodo, repousando os olhos sobre as malas ainda enfileiradas num canto, voltou-se para a filha e tamborilou os dedos no pote de vidro com tampa verde que carregava. 

— Estevan disse que você tem se alimentado mal, dormido mal e trabalhado demais. 

— Belo fofoqueiro.  

A mulher de trinta e um anos cruzou os braços sobre o tronco e bufou como uma criança birrenta. 

— Eu trouxe arepas de queijo, ainda são suas favoritas?

Amores e PartidasWhere stories live. Discover now