Por ambição, Verônica abandonou Esteban e a Colômbia em busca de fama e sucesso. Em seu retorno, ela descobre sobre a trágica morte da irmã e se vê obrigada a enfrentar os fantasmas do passado com a ajuda o ex cujo coração ela partiu.
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Medellín, Colombia — 19/05/2021 — 5:30 da manhã — Cemitério Parroquail La América
Estevan passou a noite em claro, a discussão com Veronica não saiu da cabeça e sentiu o peso do remorso por cada palavra dita. Deixou a raiva subir a cabeça e perdeu o controle, disse coisas que sequer acreditava só para atingi-la e isso não o orgulhava.
Sempre foi o tipo que evita discussões no calor do momento para não machucar outras pessoas. No entanto com o escalar das coisas se deixou dominar pela mágoa e ressentimentos acumulados e quis feri-la, quis fazer com que ela sentisse pelo menos por um segundo dor, a mesma dor que o fez sentir, sabia o quanto era egoísta, cruel e mesquinho e o fez mesmo assim.
Se arrependeu no instante seguinte, mas já era tarde, e o estrago já tinha sido feito e não havia como voltar atrás. O tapa não doeu tanto quanto a consciência, sabia que estava buscando perdão da irmã errada, mas pareceu cedo demais para procurar Veronica.
— Se você estivesse aqui me daria o maior sermão da vida. — Se sentou diante da lápide e deixou um arranjo de lírios no túmulo da amiga. — Aposto que tá revoltada comigo.
Estevan e Carmen tinham uma relação próxima desde crianças, do tipo de amizade que um sempre deixava claro quando discordava da atitude do outro e se conheciam pelo olhar. Sabiam exatamente o que o outro tinha em mente sem dizer uma só palavra.
— Eu não sei o que deu em mim. Não… Eu não acho que a culpa foi sua. Na verdade, eu devia ter insistido e levado você embora comigo. Se eu tivesse… Eu devia ter tentado mais e você ainda estaria aqui.
O peso das lágrimas foi difícil de controlar, seu peito pareceu queimar e o ar faltou em seus pulmões.
— Você faz tanta falta, Carmen… Tanta falta. Eu não sei o que fazer sem você aqui, sua irmã me tira do sério, mas eu sei que você ia querer que eu cuidasse dela. Eu só… Não sei se consigo.
O rapaz passou um tempo em silêncio acariciando o nome na lápide. Naquele momento percebeu que, assim como aconteceu com Juan, não se permitiu sentir o luto por sua amiga. Mais uma vez camuflou toda a dor e ignorou a necessidade de deixá-la sair. Se preocupou tanto com Veronica e esqueceu de tirar a própria armadura. Até aquele momento. Onde, sozinho, pode mostrar o quão quebrado estava.
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