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Noah POV

Eu não me reconhecia mais. Pra dizer a verdade... será que alguém dia eu me conheci? Eu era realmente aquele sujeito cruel, desumano e insensível? Quantas e quantas vezes eu falei que queria ser um homem melhor para que S/n se orgulhasse de mim? E que merda foi aquela que fiz?

Está certo que nunca tive piedade de quem se metia comigo. Mas queimar um homem vivo? Pior... eu fiz isso pura e simplesmente por ele ter colocado S/n no meio da conversa. Confesso que estava com medo de mim mesmo. Até onde eu iria por ela? Que loucuras a mais eu faria por amor aquela mulher?

Eu não queria sujar minhas mãos com aquele ser desprezível do Victor... decididamente aquele homem que assistiu a outro morrendo queimado não era eu. E veio o depois... olhar nos olhos de S/n. Deitar-me ao lado daquela mulher maravilhosa que carregava meus filhos... e eu tão sujo. Embora eu soubesse que S/a não me culpava, sequer tocou no assunto... a culpa me massacrava.

Deus... o que estava havendo comigo? Mesmo agora, três semanas depois do ocorrido... eu mal conseguia olhar S/n diretamente. Simplesmente deixei tudo parado. E impedi que ela se envolvesse também. Nada de Dom Matteo, Brianna, Liana , Andréia... nada. Às vezes minha vontade era de sumir por uns tempos para ver se eu me reencontrava.

Mas ai eu sempre voltava no mesmo ponto: S/n. Como ficar longe dessa mulher? Alguém me explique, por favor, como dominar esse amor tão arrebatador que eu sentia que estava literalmente acabando com meu juízo, com minha capacidade de racionalizar?

Eu não queria que se transformasse num amor nocivo, que machuca, que fere. Só quero ver minha mulher feliz. Eu me odiava por ver S/a me rodeando e eu sem dar chance para uma conversa. Eu não tinha condições. Não ainda.

No dia seguinte à morte do Victor, chamei Any para examinar S/n. Felizmente os três estavam bem. Sorri. Consegui sorrir. Sua barriga deu um “salto” de repente. Cresceu absurdamente nesse meio tempo. E ela estava linda.Meu Deus... como eu amava olhar aquela barriga redonda, que abrigava meus amores.

E era exatamente por eles que eu precisava me transformar numa pessoa melhor. Eu até chego a pensar que não sou tão ruim. Tenho apenas que parar de ficar estressadinho quando o assunto é S/n. Mas, caralho... o simples olhar de um homem sobre ela faz meu sangue ferver. Há três dias fui buscá-la que estava com Sabina  comprando mais roupas para os bebês. Eu pirei ao ver o vendedor jogando charme pra ela. Se não fosse Sabina... eu teria partido a cara dele.

Será que não seria o caso de procurar um tratamento... um psicólogo...sei lá? Isso não era normal. Ou era? Ah...sei lá, porra! Eu nunca amei.

Eu estava há horas olhando para o mar...sozinho. Até quando eu continuaria assim?Desde quando fui covarde? Eu evitava conversar com S/n e sabia que ela estava sofrendo com isso. Conhecendo aquela cabecinha como eu conhecia... não deveria estar pensando boa coisa. No mínimo deveria achar que eu já pensava em me separar. Quer saber? Estava na hora de retirar a máscara de rato que vesti e conversar seriamente com ela sobre meus medos e minhas reações absurdas.

Olhei as horas: uma e meia da manhã. Merda... ultimamente ela estava tendo mais sono ainda. So poderia falar com ela pela manhã. Levantei-me, batendo na calça para retirar a areia e entrei no volvo. Tentaria evitar qualquer pensamento agora. Liguei o som e segui cantarolando baixinho. Mas como tudo me remetia a ela... a música que começou logo a seguir era a música que dançamos em Buenos Aires.

O PODEROSO URREAWhere stories live. Discover now