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S/n POV

Através do vidro escuro do carro eu observava a figura loira que caminhava pela rua deserta. Caminhava despreocupadamente como se aquele lugar fosse o paraíso. Pior que era justamente o contrário, aquilo era o inferno na terra, já dizia Noah. Mas a mulher parecia bem à vontade em meio a toda aquela decadência. A roupa curta, colada ao corpo de curvas exageradas como uma segunda pele conferia um ar extremamente vulgar à mulher. No fundo ela combinava com aquele cenário deprimente, entre drogados, mendigos e prostitutas.

Subiu alguns degraus e adentrou uma casa velha e carcomida pelo tempo. Segundos depois uma luz se acendeu e pude ver a mulher caminhando perto do vidro da janela.

Será que ela ao menos imaginava que estava sendo seguida? Ou ainda... ela tinha alguma noção de que em poucos minutos ela provavelmente daria adeus a sua pobre vida?

Digo provavelmente porque Noah não disse nada a respeito do que faria com ela. Marilyn, uma prostituta vulgar e sem escrúpulos que devia uma pequena fortuna em drogas. Drogas que distribuiu por um bom tempo, até se entregar de vez ao vício e com isso ficar com parte do dinheiro que deveria ser nosso para pagar a própria droga. E isso nem era o pior. Talvez Noah tivesse dado uma segunda chance se ela não estivesse usando drogas fornecidas por outros criminosos. Mas eu poderia estar enganada também. Creio que de qualquer forma Noah não a pouparia. Estava mais implacável do que nunca. Era visível o medo que ele provocava nas pessoas simplesmente por estar no mesmo ambiente que elas.

Bastou pensar nele e eu o vi atravessando a rua, surgindo do nada. Observei com admiração incontida seus passos cadenciados, o corpo perfeito e ainda mais forte caminhando com a graça de um felino até seu alvo. À meia luz ainda era possível ver perfeitamente seu terno risca de giz, de caimento perfeito e impecável e o inseparável chapéu. Em minha mente foi inevitável surgir a palavra Gostoso. Engraçado como o tempo às vezes era amigo de algumas pessoas. Nesses quase nove anos juntos Noah estava mais viril, mais másculo, delicioso, potente... resumindo: ainda mais poderoso do que quando o conheci. Quase trinta e quatro anos de pura masculinidade.

Ele parou bem em frente ao meu carro e ajeitou o chapéu com a mão coberta pela luva de couro e me encarou. Parecia que seus olhos perfuravam o vidro do carro e enxergavam diretamente dentro de mim. Deixei escapar um suspiro e Josh ao meu lado soltou um risada. Merda... impressionante a forma como esse homem mexia comigo. Fez um sutil aceno com a cabeça e seguiu até a casa da prostituta.

Desviei meu olhar da figura dele e olhei novamente para a janela da casa. Prendi a respiração ao ver a silhueta que tirava a blusa. Era só o que me faltava Noah ficar sozinho com uma mulher nua. Lógico que confio cegamente em meu marido, mas certas reações do nosso corpo são inevitáveis. Segurei-me no banco do carro com força exagerada atraindo a atenção do Josh.

-Calma ai S/n. Cinco minutos e tudo estará terminado.

Não falei nada. Apenas voltei a olhar para Noah que agora colocava a arma na fechadura da porta e atirava. Simples, rápido e silencioso. Vi quando a mulher levou a mão a boca, tentando talvez segurar um grito e logo a figura bons centímetros mais alta que ela apareceu... e puxou a cortina. Merda.

-Eu vou lá.

-Não S/n. Ele disse apenas se precisasse.

-E como vou saber que irá precisar se ele fechou a cortina?

-S/n...

O PODEROSO URREAWhere stories live. Discover now