Capítulo 5 - White Rabbit

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O caminho inteiro de volta para nova instalação do grupo havia sido tranquilo, repleto de vagas conversas sobre a atual situação. Uma cidade pequena era estranha para todos ali, exceto o único morador de Odda. 

Acostumados com prédios e aviões para todos os lados, o pequeno grupo de estrangeiros observavam com curiosidade as casinhas de telhado triangular.

Embora pequeno, o chalé era bastante aconchegante e não haviam opiniões contrárias quanto ao seu conforto. Em poucos minutos o lenhador acendeu as lareiras para que dessa forma o frio permanecesse afastado o suficiente.
Todos estavam reunidos na cozinha observando as habilidades culinárias do norueguês com exceção da detetive que estava ocupada respondendo uma pilha de e-mails. Reportar os últimos acontecimentos aos seus supervisores não estava sendo uma tarefa fácil.

— Ainda não acredito que você mora nesse lugar sozinho, eu enlouqueceria se não mantivesse contato com as pessoas todos os dias. – Khalan comentou enquanto ajudava o lenhador a descascar os legumes.

— Às vezes ficar sozinho é melhor do que estar cercado de pessoas que não te entendem.– Aaron respondeu, tendo paciência em descascar cada batata com cuidado extremo.– Mas você é o tipo de pessoa que ama estar no meio de conversas e correria, não é?

Khalan sorriu, admitindo sua culpa em adorar as interações humanas, o tailandês nunca escondia o quão achava interessante o ser humano.

— E eu não estou completamente sozinho, existem bastante animais por aqui, inclusive uns bem grandes. Uma vez minha irmã acordou com um boi na janela dela...– O sorriso de Aaron foi lentamente se desfazendo, dando lugar a um olhar vago e melancólico.– Poderia descascar as cenouras também?

A mudança de assunto havia sido brusca, fazendo o químico se assustar um pouco.

— Também não sou filho único! Na verdade tenho duas irmãzinhas, as gêmeas me dão trabalho desde sempre. Eu costumava tomar conta delas e da casa durante o ensino médio já que a minha mãe não tinha tempo.

Khalan contou de maneira tão suave que amenizou o clima pesado que havia se formado no cômodo. Havia um vínculo forte formado entre o tailandês e sua família, era possível sentir em sua voz.

Enquanto ouvia a curta história, Aaron esboçou um sorriso gentil como se pudesse sentir a felicidade compartilhada, mas seus olhos permaneceram opacos. E durante toda a conversa ele se absteve de comentar sobre sua vida particular.

— E você, Willow? – O lenhador perguntou para quebrar o silêncio. Embora não estivesse encarregada de nenhuma tarefa, a piloto parecia bastante concentrada em algo.

— Eu sou filha única.– Com o nariz empinado, a piloto comentou. Ela estava com o rosto enfiado no, quase não prestando atenção na conversa, mas tentava parecer gentil.— E também nunca gostei de crianças.

Aaron balançou a cabeça como se entendesse a situação, e suas mãos voltaram em direção as panelas.

— Vanessa não vai jantar?– O lenhador olhou por cima do ombro, percebendo que a detetive estava no canto da sala com um notebook no colo.– Ela pode acabar ficando com dor de cabeça se não der um tempo.

— Ela sempre é assim. Quando coloca algo na cabeça não tem quem tire, por isso estamos aqui hoje.– Willow comentou, rindo baixo. Pensar na situação em que estavam era de forma desesperadora, mas ela acreditava em sua amiga.

— Espero que vocês vão embora logo. – Aaron comentou carregado de boas intenções, mas a dualidade em sua frase chamou a atenção. – Não que eu esteja expulsando vocês! Não é isso! Gosto de ter o chalé barulhento...

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