Capítulo 11 - Controle

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Em instantes o cheiro da torta se espalhou pelo cômodo, atraindo os demais integrantes que estavam famintos depois de um longo dia de trabalho.

Era a primeira vez que todos se reuniam desde a interrupção tenebrosa do último jantar. Passado o susto, todos pareciam bem mais confortáveis com o ambiente que já lhes parecia familiar.

— Não acredito que isso realmente funcionou. — Khalan exclamou se referindo colaboração entre a detetive e o lenhador. — Eu pensei que teríamos que comer carvão...

O comentário do tailandês acertou a oficial em cheio. Vanessa cruzou os braços tentando demonstrar indiferença, mas a veia saltada em sua testa dizia muita coisa.

— Aaron sabe obedecer. — Ela justificou desviando o olhar para qualquer objeto na cozinha que não fosse o maldito norueguês.

— E ela gosta de mandar, então formamos uma ótima equipe.— O loiro comentou, cortando os pedaços e distribuindo para cada um.— Então, conseguiram progresso hoje?

Sem comentar absolutamente nada, Willow apenas concordou com a cabeça, mas sua mandíbula continuava cerrada.

— Estamos tentando, mas ainda é muito cedo pra ter qualquer resultado.— Khalan se pronunciou, logo em seguida enchendo a boca com uma grande garfada da torta.

— E vocês, conseguiram algo hoje?— A australiana perguntou.

— Apenas a torta. Ah, e eu tive a honra de dançar com a Oficial.— Aaron falou em tom descontraído.— Sabiam que ela tem um quadril bem solto?

Com comentário, Vanessa colocou tanta brutalidade para cortar seu pedaço de torta que a faca se desviou com a força, riscando o prato de porcelana e emitindo um som agudo.

— Eu não tenho um... — Interrompendo a frase no meio, ela engoliu suas palavras junto com uma generosa garfada de torta. Nem mesmo o gosto suave foi capaz de tirar o amargor de sua garganta.

— Pensei que você não dançasse... — Khalan ressaltou com um olhar de julgamento, pensamentos impróprios já haviam começado a se formar em sua mente perversa.

— Eu não danço! – Vanessa exclamou se defendendo mesmo que não fosse culpada. Por sorte, a única testemunha presente estava sentada ao seu lado. — Willow...

A mulher encarou sua amiga, mas a australiana mordeu a própria boca como se evitasse falar do assunto.

— Vanessa é uma mulher adulta. Ela dança se ela quiser, e se não quiser, não dança. Afinal, todos temos o livre árbitro de fazer o que quisermos, não é?

A mudança drástica do assunto misturada com o aumento de tom da piloto fez todos pararem de comer, a encarando como se estivessem tentando entender o estardalhaço.

— Estou de dieta, é melhor eu não comer tanta massa.— Com um olhar envergonhado, a australiana se levantou rapidamente, andando atéo quarto em que se hospedou.

— Eu não sabia que dança era um assunto delicado para ela.— Khalan comentou, quebrando o silêncio que havia ficado na mesa.— Me passa o sal, por favor?

Aaron concordou com a cabeça, entregando o pequeno saleiro ao homem.

— Eu termino depois. — Vanessa anunciou apoiando as mãos na mesa para se levantar. — Nem pense em tocar na minha torta.

Com o comentário, Khalan desviou a atenção do grande pedaço que estava quase intocado no prato da detetive. No seu ponto de vista a distribuição do lenhador não havia sido tão justa, mas não iria reclamar.

Se afastando do cômodo, Vanessa seguiu pelo extenso corredor contando os ladrilhos de madeira. Ainda não havia tido a oportunidade de analisar esse lado do chalé, suas vistas eram sempre corridas.

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