Capítulo 10 - Torta pronta

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Vanessa nunca acrediou em destino, coincidências ou sorte.

Não era otimista o suficiente para se agarrar em forças tão triviais, mas acreditava em circunstâncias, evidências e infortúnios — principalmente quando se tratava de um caso tão surreal.

Desde a conversa com Willow, a detetive não havia parado de tremer. Não por estar amedrontada ou por razões racionais; ela estava com muita raiva. Seu estado era o suficiente para afastar qualquer aproximação.

Todo o silêncio do chalé foi interrompido pelo barulho do motor da velha caminhonete anunciando o retorno de Khalan. Ele não poderia ter escolhido um momento menos oportuno para trazer de volta sua energia de Golden Retriever.

Ter todos reunidos daquela forma para recebê-lo o arrancou um sorriso radiante. No entanto, encarar a cena da oficial mordendo a unha do polegar com força o suficiente para trincar o dente fez com que ele mudasse de expressão.

— Talvez precisamos ter um pouco mais de cautela.— Willow comentou, antes de ver o lenhador atravessar a porta com algumas toras de madeira nos braços.

Vanessa automaticamente enrijeceu sua postura, fechando seu semblante em seguida. Sabendo exatamente o que se passava na cabeça da amiga, Willow se levantou da poltrona, ficando de frente para a detetive.

— Não tem como ser ele, isso aconteceu durante a escala.— Willow sussurrou, tentando parecer o mais discreta possível.— Vamos manter a boa convivência até que tenha motivo para duvidar.

Após alguns segundos com um olhar feio, Vanessa concordou com a cabeça, relaxando um pouco os ombros, mas seu semblante ainda não era amigável.

— Se é por causa da dança, eu juro que fiquei de olhos fechados e não ri de você.— Aaron comentou, percebendo o clima hostil.

Khalan ainda estava parado na porta esperando as suas boas vindas que sequer chegaram a acontecer. Haviam muitas informações sendo soltas, mas uma lhe chamou mais atenção.

— Espera um momento... – O tom do tailandês se sobressaiu chamando atenção para si. – estão me dizendo que teve uma dança? Vocês me esperaram sair para dançarem sozinhos!

Em resposta às acusações, Aaron concordou com a cabeça sem peso na consciência e em contrapartida, Vanessa negou veementemente como se a ideia fosse absurda.

— Não deve levar em consideração as palavras de um catador de cogumelos. – Vanessa se queixou, cruzando as longas pernas como se estivesse no controle.

— Eu já disse que eles ficam bons em todas as receitas.—Aaron se defendeu, voltando a sua rota até o quarto para abastecer sua lareira.

Assim que o lenhador saiu do cômodo, Willow se aproximou de seu amigo, o puxando pelo braço até o canto da sala onde Vanessa estava escorada.

— Precisamos conversar depois. Tivemos problemas com o avião, eu acho que fomos sabotados.— A piloto comentou, tentando manter sua voz baixa o suficiente para que apenas os dois ouvissem.— Vai demorar ainda mais para ajeitarmos tudo, sem contar os estragos da batida.— Ela parecia tensa, e o toque de seu celular não ajudou em absolutamente nada.

Se desculpando com um gesto, Willow se retirou do recinto, saindo pela porta principal enquanto atendia a ligação. Khalan não disfarçou a curiosidade que sentia, mas se contentou em voltar a atenção para a detetive.

— Vamos jantar daqui algumas horas, não deveriam estar se ajeitando?— Aaron comentou ao voltar para a sala, agora sem o casaco pesado ou pedaços de madeira nos braços.— Hoje vamos ter torta!

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