1💊 Ele.

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07/02/2022.
16:32.

Psicólogos, qual a razão deles em nossa vida? A não ser tentar entender seus problemas, e te dopar até ficar mais chapado do que quando se toma uma garrafa inteira de vodka misturada com gin? Como eu mesmo já o fiz. Você conversa, conversa, e conversa sobre a sua vida, o que você sente, o que pensa a respeito de si mesmo, e se já cometeu uma atrocidade de tentar se matar ou se já se drogou até não conseguir discernir se a terra é plana ou não, no meu caso.

- Cansado.. - Minha voz rouca e sonolenta, devido a quantidade de medicamentos que tomei, estava fraca, quase não saía, meus olhos estavam quase se fechando, gostaria de dormir, dormir e não acordar.

- Do que exatamente?- O falar doce, e um tanto que repetitivo, questionava-me, enquanto mantia meus olhos fitando o piso claro e amadeirado.

- De tudo. Das vozes em minha mente me controlando, tentando conter o meu corpo, da droga do meu pai dizendo dia após dia, que sou um perdedor, que perdeu seu tempo tentando me criar, que sou o responsável pela morte da mamãe, de ter que depender da droga de pessoas como você, para tentar me monitorar. Eu só quero desaparecer, quero ser livre.. - Meus olhos já marejados em lágrimas salgadas, ardiam, o ar tentava envadir meus pulmões, mas não dera em sucesso. Sinto um nó se fazer em minha garganta. Poderam-se cair as grossas e desesperadas lágrimas, escorrendo pelo meu rosto, ponho-me a ficar no chão, acariciando meu peito, em busca de que a dor passasse. Sinto mãos fartas e estranhas de um alguém sobre meu rosto. Os olhos dele são bonitos, as madeixas castanhas e onduladas, batendo sobre seus ombros, o deixava mais belo ainda. Sinto que vou morrer, isto não aconteceu como das outras vezes, a capacidade do ar envadir meus órgãos, estáva difícil. Caí sobre o piso, com os olhos entre abertos, batimentos cardíacos intensos, e mal conseguindo me mover. O puxar e repuxar, da tentativa de encontar oxigênio, ficava mais e mais difícil, podia-se ouvir tal barulho. Sinto-me afundando, como em um transe. As mesmas mãos, haviam me posto sobre seus braços, estava me levando para algum lugar.

Apaguei.

Deitado sobre algo macio e fofo, cobrindo minhas pernas, e algo dolorido entrando em minhas veias, lentamente consigo abrir meus olhos. O mesmo estranho, podia-se vê-lo sentado ao meu lado.

O jaleco claro, sobre a camisa bege, acompanhado de uma calça jeans escura, um tanto que apertada, podendo-se ver a marcação de suas coxas, ele era belo. Seu olhar preocupado em minha direção, me fez lembrar de quando minha mãe cuidou de mim, quando peguei um resfriado. Ela não saía por nada.

Pôs-se a levantar, questionando-me como eu estava me sentindo. Tentei ficar sentado, mas estava difícil, meu corpo inteiro doía, era como se eu estivesse sido atropelado, e tido todos os meus ossos esmagados.

Ele me ajudou a me sentar, e a apoiar a cabeça sobre a coisa macia atrás de mim.

- Se sente melhor? - A voz um tanto que grossa, questionava-me. A garrafa d'água em suas mãos claras e fartas, era aberta e levada sobre meus lábios ressecados.

Aquele rosto era famíliar, famíliar até de mais.
Ele se parecia com.. Yoongi? Pude notar pela tatuagem de tartaruga em sua mão direita, tenho uma igual na mesma braço.
Deve ser apenas uma coincidência, ou uma enorme coincidência.

Mas era ele, definitivamente, era ele, o jeito de falar, o olhar pro nada a qualquer momento, é como um deja vu, eu não o vejo a anos. O garoto com quem cresci, quem eu ouvia falar todos os dias que queria ser rapper, está sentado num consultório de psicologia, como o tempo muda a mente das pessoas, gostaria que ele mudasse a minha também.

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