11💊 Flores roxas.

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Ele me perguntou, "porque tantas pílulas", e eu só pude dizer, "eu sou obrigado". Eu tentava pesar os olhos, deixando o banho morno acariciar meu peito, por pensar demais em emoções. Eu estava sempre receoso. Eu era um escravo. Eu era sempre maltratado. Eu tentava escolher o prazer de ouvir ou sentir o toque do sol, da brisa fresca em um dia quente. O sol era a minha estátua de deus. Eu prendi as mãos e os pés da vida nessa estátua. Eu sequer tinha os pés. Eu tentava distribuir as palavras, cada uma como uma pílula. Eu gritava. Eu estava fugindo de minha própria vida. Estava em busca de minha identidade. Eu queria encontrar a resposta a esta pergunta: "Por que não podemos ser livres?", "Por que apenas não podemos desaparecer? "Mas eu sabia que nunca conseguiria obter a resposta, não importava quantos comprimidos eu tomasse. Eu tinha que aceitar a verdade de que eu era um prisioneiro em minha própria mente, e nada que eu pudesse fazer mudaria isso.

Uma alma machucada pode curar os outros,mas nunca a si mesmo.

Pensei que se eu tomasse os comprimidos, talvez pudesse criar uma realidade diferente para mim, uma realidade que não estivesse cheia de medo e dor. Eu queria acreditar que poderia tomar o controle de minha vida e ficar livre de todas as coisas dolorosas que me haviam sido feitas. Eu queria ser forte e independente, então eu tinha que tentar. Pensei, se eu pudesse tomar estas pílulas, talvez pudesse encontrar algum consolo e paz na escuridão. Ele é a luz no meu fim do túnel.

É ele quem me ouve e me entende. Ele é a minha liberdade. Ele é aquele que me faz sentir seguro e amado. Ele é aquele que me dá força, coragem e amor. Ele é aquele que me ajuda a confiar em mim mesmo e a acreditar na bondade. Ele é aquele que esteve presente para mim, mesmo quando eu não queria estar. Ele é aquele que me deu a coragem de viver e ser forte. Foi ele quem me ensinou a amar e a perdoar. Ele é.. uma pílula.

Passei a noite em claro pensando e relembrando do que fizemos, do que sentimos, do que ele me fez sentir, olhando para o teto, e de vez em quando para o seu rosto; tão próximo ao meu. Agarrei a câmera ao meu lado, aquela que foi usada mais uma vez por mim, encontrava-se encharcada. A limpei até conseguir ver os botões e ver a imagem sendo reproduzida. Estávamos tão bem, tão felizes, eu sou feliz com ele. Estávamos molhados e sorridentes, acompanhados de um borrão que deixou a foto mais bonita. Endireitei a mesma e pude tirar uma foto, o moreno estava sonolento, de olhos fechados e com o cabelo bagunçado, estava tão airoso.

Outra atrás de outra, até que abriu os olhos. - O que está fazendo?.. - Afogou os dedos em seus fios, os jogando para trás, e endireitando a coluna e pondo a se manter levemente sentado.
- ..mm.
- Vamos para Busan?.. - Com os olhos fechados e o corpo leve ele me perguntou. - Busan? Por que? Agora? - A pergunta repentina encheu minha mente de dúvidas.
- É, você sempre disse que gostaria de ir .. Podemos ficar cerca de uma semana.

- E a escola? - Questionei.

- Diz que pegou um resfriado. - Ele riu.

- Um resfriado de uma semana Yoonni? - Gargalhei. Eu realmente queria, eu poderia aceitar e me divertir, ou ficar em casa.
- Quando?

- Amanhã? Posso comprar os vôos agora mesmo.
- Ou podemos ir de carro. O que acha? - Ainda de olhos fechados ele continuava a dizer, o que tinha em Busan que era tão importante?
Ele sabia que tinha que ir de encontro com a tal cidade, ele estava animado, afobado, era o que parecia estar o chamando das profundezas de seu subconsciente.
Aceitei a idéia e pude vê-lo pegar o notebook, entrando em um app de passagens e comprando o que parecia ser três. Destino, Busan.

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