Capítulo 7

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Fernando 

Depois de ouvir tudo o que Veríssimo tinha a dizer, Fernando seguiu pelo corredor, acompanhando Erin e Luciano. Carregava sua mochila e o estojo do violão, analisando um pouco como as pessoas pareciam animadas para mais um ano escolar, mas seus olhos pareciam sempre focar em uma só pessoa, mesmo que não recebesse os olhares de volta.

Chegaram logo na sala comum, Erin saiu em disparada para ver a lista de dormitórios, Fernando decidiu que era melhor esperar que todo aquele movimento se acalmasse um pouco. Se sentou em uma poltrona, vendo tudo ao seu redor. Acenou para Beatrice que estava mais afastada, ao lado de Dante, Tristan estava próximo da garota também, Erin tinha saído daquele grande grupo que procurava seus nomes, até ouvir uma voz ao seu lado. Quando ele tinha se aproximado?

—Ei, Fer. Parece que estamos no mesmo dormitório, só nós dois. É o número sete, se quiser ir para lá, estou indo agora.

—Lu! Oi! Acho que vou sim. Preciso arrumar minhas coisas, muito obrigado por isso, não era necessário.

Luciano estava sério na frente de Fernando, sua pele escura entrava em contraste com a camiseta branca, sua postura estava reta, mas não intimidava quem o realmente conhecia. Fernando deu um sorriso ao ver o garoto de frente para ele, mas seu coração estava muito acelerado só de imaginar dividir um dormitório unicamente com Luciano Carvalho.

—Então vamos, daí mais tarde a gente encontra todo mundo no pátio. O que acha?

—Pode ser.

Seguia Luciano pelo corredor, ouvia diversas conversas pelo caminho. Quando estavam na sala, passou por um sofá e viu Arthur, acenou rapidamente para o garoto e voltou seu caminho em direção ao dormitório de número sete.

—Fer, você se incomoda se eu ficar com a cama mais próxima da porta? Não curto muito ficar na janela.

—Claro. Quer dizer, nenhum problema. Pode ficar onde preferir.

—Obrigado, de verdade.

Os dois entraram no quarto, Fernando foi até a cama mais próxima da janela. Colocou a mochila em cima da cama, pegou as roupas e levou até o armário do outro lado, viu todos os livros que usaria para estudar durante aquele ano, arrumou tudo o que precisava no guarda roupa e voltou para a cama, pegando o estojo de seu violão.

Do outro lado, via Luciano pegar os materiais e levar para a própria escrivaninha, deixando tudo arrumado com muita praticidade. Mesmo que parecessem muitos livros, a mesa ainda parecia quase vazia e bem organizada, Fernando admirava a disciplina de seu colega.

—Você vai tocar? Meses sem ouvir sua voz fizeram falta, sabia?

Fernando parecia ter congelado, estava tão concentrado nos movimentos de Luciano Carvalho que havia esquecido do violão em sua mão, havia esquecido até o próprio nome por um segundo. Quando Luciano tinha parado de arrumar as coisas? Quando tinha se virado para Fernando? Quando havia se aproximado?

—É...Acho que sim. Ou podemos ver se tem alguém no pátio já, fica mais legal quando eu e o Arthur tocamos juntos.

—Eu às vezes prefiro só você.

Fernando sentia suas bochechas esquentarem, queria acreditar que Luciano estava apenas dizendo a verdade, que aquilo não significava nada. Droga, ele nem sabia se Luciano sentia o mesmo, ele podia ser hétero e Fernando se iludia à toa. Abaixou sua cabeça e deu um sorriso sem graça, torcia para que o silêncio constrangedor no quarto não fosse suficiente para que Luciano conseguisse ouvir as disparadas batidas do coração dele.

—Acho que consigo tocar uma música, mas depois vamos sair. Quero conversar com o pessoal.

—Claro.

Internato RealitasWhere stories live. Discover now