Capítulo 15

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Arthur Cervero

Ainda estava muito preocupado com o que ia acontecer com Luciano. Mas Arthur não queria que Cesar se sentisse mal no meio de toda aquela confusão, logo concordou com seus dois amigos sobre voltarem para os dormitórios. Ele tentaria falar com alguém, talvez mandasse uma mensagem para Fernando sobre o assunto.

No dormitório dos três, Cesar montou o notebook na própria escrivaninha, já estava com o headset preto com detalhes roxos em suas orelhas, o garoto parecia ter sido transportado para outro mundo e não dava sinais que sairia de lá tão cedo. Joui ainda arrumava alguns objetos pessoais dentro do guarda-roupa, tudo com muita calma e cuidado, ele era assim desde que Arthur conseguia lembrar. Já ele, estava sentado na cama, com o violão à sua frente, passando a mão pelas cordas algumas vezes, tirando notas soltas, sem nenhuma música específica.

Arthur ficava variando o olhar entre os dois melhores amigos, Cesar continuava olhando para a tela do computador. Suas mãos passavam com agilidade pelo teclado, ele nem parecia piscar e fazia tudo muito rápido, era uma grande habilidade que ele tinha com computadores. Joui devia ter terminado de guardar suas coisas, o garoto se sentou na própria cama, de pernas cruzadas, de olhos fechados e sua respiração parecia muito controlada. Lá estava Joui, meditando mais uma vez.

A mão continuava passando pelas cordas do violão. Até um momento que ele decidiu mandar uma mensagem para Fernando, perguntando o que tinha acontecido com Luciano, a resposta demorou um pouco, mas parecia que já estava tudo bem, nada muito sério devia ter acontecido com o rapaz. Arthur pensava que aquilo era bom, mas se preocupava que algo mais sério pudesse acontecer em breve, receando por Luciano e aquela impaciência.

—Arthur, tá tudo bem?

Joui estava sentado na parte lateral da própria cama, com os pés apoiados no chão. Arthur não notou quando o amigo tinha acabado de meditar, mas deu um sorriso e ficou de frente para o garoto. Seus pés, diferentes dos de Joui, não alcançavam o chão, ficavam balançando no ar. Ele deu um sorriso, antes de conseguir responder o rapaz à sua frente.

—Tô bem sim, Joui. Parece que tá tudo bem com o Luciano, afinal de contas.

—Isso é bom.

O sinal tocou, era hora de ir almoçar. Só que tinham um desafio antes disso, estava atrás de Arthur e ainda parecia viver em outro mundo, de frente para o computador. Cesar não dava uma dica que tinha ouvido o sinal e, provavelmente, não tinha mesmo. Arthur e Joui tinham que tirar o amigo da frente da tela.

—Pode tentar, Arthur. Eu já tentei várias vezes ano passado, mas ele insiste que não tem como pausar o online.

Joui olhava para Cesar, ele não entendia bem a maioria das coisas que o amigo falava sobre jogos e internet. Arthur também não conhecia muitos termos específicos, mas deu uma risada ao ouvir o que Joui dizia sobre algo que Cesar já havia repetido diversas vezes.

—Tá bom.

Arthur se aproximou de Cesar. Ele não havia sido notado pelo rapaz de cabelos pretos. Seus olhos escuros pareciam não piscar, totalmente concentrado nas cores e luzes que vinham da tela do notebook. Suavemente, Arthur Cervero cutucou o ombro de Cesar, que apenas levantou sua mão e puxou uma das partes do headset para fora de seu ouvido, o mais próximo do amigo.

—Aconteceu alguma coisa, Arthur?

—O sinal do almoço tocou. Já está acabando aí?

Cesar colocou o headset de volta no lugar, apenas sinalizou um joinha com a mão e pareceu se concentrar mais ainda. Arthur nem sabia que era possível, mas Cesar estava totalmente focado naquela tela. Olhando para trás, viu Joui encarando para os dois, como se questionasse se tinham conseguido algum avanço, Arthur estava prestes a dizer que o garoto já estava acabando, quando Cesar tirou o headset de sua cabeça, permitindo os cabelos de voltarem ao lugar, ele estava com um pequeno sorriso em seu rosto.

—Vamos almoçar? Só torçam para a gente não encontrar o Samuel, ele não vai estar muito feliz depois dessa partida.

Arthur riu do comentário de Cesar, seu amigo estava jogando com um garoto do terceiro ano, os dois se conheceram no ano anterior, no clube de informática da escola. Joui parecia um pouco irritado, mas qualquer pessoa que o conhecia saberia que ele estava apenas provocando.

O trio saiu do dormitório até o corredor, onde encontraram o resto do seu grupo. Arthur tentava perguntar para Cesar sobre o jogo, principalmente enquanto Joui ficou para trás conversando com Liz. Seguiram o caminho até o refeitório, Arthur acelerou o passo para ficar na frente do grupo, já apanhando uma bandeja.

—Arthur, como você tá? Teve problema pra achar o quarto?

A mulher atrás do balcão já era conhecida por Arthur, ela era praticamente da família, Ivete trabalhava a anos no Internato Realitas, foi ela a responsável por recomendar a escola para o pai dele. Os cabelos brancos dela estavam amarrados em um típico rabo de cavalo alto, vestia uma jaqueta jeans azul clara por cima de uma camiseta preta, ela tinha um sorriso em seu rosto enquanto servia comida para diferentes pessoas que passavam por ela.

—Tô bem, achei sem nenhum problema. É o mesmo pessoal do ano passado, você sabe. O Cesar e o Joui. E você? Tá bem?

Ivete olhou para a fila, Liz e Thiago estavam logo atrás de Arthur e deram um pequeno sorriso ao notarem o olhar dela. Mais para trás estava Joui, que acenou para Ivete com um grande sorriso em seu rosto, Cesar acenou rapidamente e logo voltou os olhos para a própria bandeja.

—Eu tô bem, só um monitor novo aqui da escola que mexeu com meus nervos. Queria colocar um lanche para vocês, mas com aquele tanto de queijo vocês iam passar bem mal. Agora vai lá, se cuida.

—Pode deixar. Você também.

Arthur continuou pelo balcão, até esperar todo o grupo sair de lá. Liz apontou para uma mesa mais afastada da entrada, ela era redonda e talvez coubesse todas as pessoas, algumas mais apertadas que outras. Arthur conseguiu se sentar entre Cesar e Dante, quase de frente com Fernando. Todo mundo acabou se encaixando, mas parecia que tinha algo faltando.

—Ei, menina, vem aqui com a gente.

Todo mundo se virou ao ouvir Liz chamar alguém, mas entenderam quando viram Carina vindo na direção da mesa do grupo. A menina novata conseguiu se sentar entre Liz e Joui, agradecia por chamarem ela, todo mundo transmitia tranquilidade quanto ao assunto. Tudo estava muito bem, Arthur sorria vendo tudo aquilo, naquela mesa estavam diversas pessoas que ele gostava, era isso que ele queria.  

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