Capítulo 17

168 13 10
                                    

Rubens Naluti

Depois da confusão ter parado, Rubens decidiu sair de lá. Tinha muita gente, muito barulho, ele não aguentava aquilo. Voltou para a quadra, viu Johnny e os outros dois rapazes do time conversando com o professor de educação física, a amiga dos outros jogadores estava ao lado deles de braços cruzados.

Ele se sentou na arquibancada mais uma vez, esperando que Johnny o visse depois daquela conversa. Não sabia no que o amigo estava tão concentrado, mas devia ser algo bem importante, Rubens não queria ir lá atrapalhar. Ficou mexendo em seu celular, esperando por Johnny.

Ali sentado, ele reparou na menina mais uma vez, aquela que tinha sentado ao lado dele na arquibancada mais cedo. Ele não sabia o nome dela, não sabia o nome de ninguém daquele grupinho, mas parecia estar sozinha naquela hora. Acenou com a mão na direção dela, a garota retribuiu o gesto, com um pequeno sorriso em seu rosto, talvez não fossem tão ruins quando ele e Johnny gostavam de falar que eram. Isso até o rapaz de cabelos castanhos e longos aparecer, ele se aproximou da menina que cumprimentou Rubens, com toda aquela graça que ele emanava. Rubens só voltou a olhar na direção de Johnny, não queria chamar a atenção do menino que seu amigo não suportava nem um pouco.

A conversa parecia estar acabando, os dois rapazes e a amiga já se afastavam, apenas Johnny se manteve lá um pouco a mais, no entanto logo se virou e viu Rubens, se despedindo do professor e vindo na direção do amigo, com seu grande sorriso animado no rosto.

—Eu não posso piscar por um segundo que você pega minha camiseta? É isso mesmo?

Rubens olhou para baixo, a camiseta de Johnny Tabasco ainda estava na sua cintura, ele tinha esquecido completamente daquilo, rapidamente se levantou e desamarrou a peça, a estendendo na direção de Johnny, para que pudesse devolver.

—Pode ficar, ficou legal em você.

Rubens olhou para a camiseta em suas duas mãos, ela ficaria enorme nele, caso tentasse vestir, isso era um fato, mas tinha gostado de usar em sua cintura. Nem sempre ele estava ao lado de Johnny, diferente do que a maioria da escola pensava, ter a camiseta de seu amigo ali com ele parecia o certo a se fazer. Rubens amarrou de volta, dando uma balançada para os lados e vendo a camiseta se mexer junto dele, Rubens deu um sorriso antes de falar com seu amigo.

—Obrigado. Se quiser de volta, só pedir.

—Vou pedir sim, mas só se eu quiser. Vamos dizer que ela é sua por agora.

Os dois rapazes deram um sorriso com esse comentário, foi algo muito sincronizado, quase ao mesmo tempo, algo muito parecido aconteceu quando o sinal do almoço tocou e a dupla olhou em volta. Rubens segurou o braço de Johnny, parecendo uma criança tentando chamar a atenção de alguém.

—Johnny, almoço, vamos.

—Vamos sim, tô morrendo de fome.

Rubens seguiu na frente, sabia de cor o caminho para o refeitório, ele também sabia que Johnny de vez em quando parava para conversar com alguma pessoa, queria evitar de encontrar o refeitório muito cheio. Fazia o caminho que já tão bem conhecia, até passar por dois garotos que ele não tinha ideia de quem eram, pareciam discutir alguma coisa, um deles olhou para Rubens e estendeu a mão, como se o chamasse, pensou em fingir que não era com ele, mas não custava ver o que era.

—Ei garoto, cê sabe onde é o refeitório. Nem eu, nem esse idiota aqui conseguimos lembrar, muita coisa, sabe?

—Eu já falei que é lá no segundo andar. Confia em mim.

—Nada a ver. Tenho certeza que é aqui embaixo.

O rapaz que dizia ser no segundo andar tinha os cabelos ruivos alaranjados, Rubens notou a muleta ao lado dele. O outro menino tinha cabelos pretos com algumas mechas vermelhas, ele vestia uma camiseta preta e calça da mesma cor. Rubens tinha quase certeza que nunca tinha visto nenhum deles naquela escola, talvez fossem estudantes do primeiro ano.

—Segundo andar mesmo. Ele está certo.

O ruivo começou a dar risada, já o moreno parecia um pouco decepcionado com o próprio engano. Rubens viu que já tinha ajudado os dois, começou a se afastar, retomando o caminho até o refeitório, enquanto conseguia ouvir a discussão voltar.

—Eu falei! falei que era lá. Cê tem que confiar em mim, Dagan.

—Tá bom, Alef. Vamos logo. Vai que a comida acaba.

Rubens parou na frente da escada, já no segundo andar da escola. Ele via Johnny subindo os degraus. Seguiram para o refeitório, agradecia mentalmente que o local ainda não parecia estar muito cheio. Pegaram as bandejas e comida, encontraram uma mesa com apenas duas cadeiras, os dois comiam em silêncio, como sempre faziam. estava tudo bem tranquilo, até que Rubens ouviu algumas vozes.

—Eu sou alguns meses mais velho que você, pare de me chamar de idoso.,

—Ah velho, cuide deste grupo de creche aí atrás. Eu só quero comer.

—Não vire as costas para mim.

—Por quê? Gostou do que viu?

O rapaz de cabelos castanhos e longos estava lá mais uma vez, procurando uma mesa que coubesse todo o seu grupo. Discutia com outra pessoa que vivia andando com ele, mas todo mundo sabia que era apenas uma implicância saudável entre amigos.

—Eu não aguento mais esse insuportável. Ele se acha o melhor, sendo que não faz nada de muito grandioso, só fica se achando pelos corredores.

Johnny encarava o grupo, que se sentou em uma mesa afastada da dupla. Rubens era mais discreto, mantinha o olhar no próprio prato e comia em silêncio, apenas ouvindo tudo o que diziam. Era bom analisar as pessoas de uma maneira que quase ninguém percebia que ele estava lá.

—Último ano Johnny, vai acabar.

—Ainda bem. Não sei se aguento esse ano sem dar um soco na cara dele.

Os dois continuaram comendo, Johnny falava em como estava animado para os jogos que aconteceriam naquele ano, dizia que talvez conseguissem participar de algum campeonato contra outras escolas. Rubens demonstrava certa curiosidade ao ouvir o amigo, ele não era interessado em esportes, mas gostava de ouvir Johnny falar das partidas e estratégias, a presença do amigo o fazia se sentir confortável, aquilo era o que mais importava.

Depois de comerem, Rubens e Johnny saíram do refeitório, que já estava bem mais cheio. Decidiram ir para a sala comum, Rubens até pensou em ir para o dormitório, mas achou uma boa ideia a de Johnny, só torcia para que mais nenhuma confusão acontecesse, ou que aquele grupinho aparecesse mais uma vez. ele tinha certeza que não conseguiria segurar o amigo caso ele perdesse a paciência.

Internato RealitasWhere stories live. Discover now