Capítulo 23

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Erin Parker

Depois do café, Erin tinha que vestir seu uniforme, arrumar o material, pentear o cabelo, ver o horário das aulas, passar uma maquiagem, verificar se suas ferramentas estavam todas arrumadas. Muita coisa para fazer, muitas ideias.

Ela chegou no quarto, pegou o uniforme no guarda roupa e foi para o banheiro, Beatrice assistia Erin ser acelerada, já tinha se acostumado. A ruiva vestiu o uniforme, camiseta branca e o shorts saia vermelho e branco. Não tinha pego os tênis, nem as meias. Saiu do banheiro, o que deu a oportunidade de sua companheira de quarto ir lá e se arrumar.

Revirou sua mala, até achar duas meias. Elas não eram um par, mas ninguém ia reparar isso, colocou uma em cada pé e foi atrás de seus tênis, que estavam dentro do guarda roupa, calçou os calçados pretos e decidiu arrumar o material enquanto Beatrice não saia do banheiro.

Olhou o horário, ela não podia se atrasar por nada, a primeira aula era de literatura. O professor abominava atrasos, ela acabou descobrindo isso da pior maneira no ano anterior. Pegou o caderno que usava para todas as matérias, colocou dentro de sua mochila, depois pegou os livros das aulas daquele dia, conferiu itens pessoais. Tudo estava dentro da mochila que, originalmente, era preta, mas ela fez questão de personalizar e pintar para que parecesse o espaço, cheio de estrelas e galáxias coloridas, era a mochila exclusiva de Erin Parker.

Ouviu a porta do banheiro ser destrancada. Beatrice saiu de lá, já de uniforme e com o cabelo castanho preso em uma trança que passava por seu ombro, a menina estava linda.

—Arrasou na trança, Bea. Tristan vai adorar.

—Como se eu fizesse algo pensando no Tristan. Mas Erin, é melhor você se arrumar logo. O sinal da aula já vai tocar.

—Pode ir na frente, eu alcanço vocês.

Beatrice pegou sua mochila marrom clara de cima da própria cama, deixando o dormitório, e Erin, para trás. A menina ruiva ainda tinha que terminar de se arrumar. Foi até o banheiro e pentear os cabelos, prendendo em um alto rabo de cavalo, mesmo que alguns fios rebeldes insistissem em se soltar. Depois fez uma maquiagem bem simples, algo muito leve. Foi para o quarto de volta e pegou a mala, garantiu que estava com tudo necessário e saiu.

Os corredores já estavam bem movimentados, pessoas procurando por informações de onde eram as aulas. Para sua sorte, Erin conseguia se lembrar exatamente onde era a aula de português e literatura, se fosse na mesma sala do ano anterior. Quando chegou na porta, o lugar já estava bem cheio, mas tinha uma cadeira disponível, próxima das pessoas com quem costumava conversar. Atravessou quase a sala toda, para se sentar na terceira carteira da segunda fileira, logo atrás de Fernando e de Luciano, que estava na primeira carteira.

À esquerda de Erin, Tristan tinha um sorriso no rosto, enquanto pegava um pão de queijo de dentro de um pacote acima de sua mesa. O amigo estendeu o alimento para ela, com uma oferta, que quase foi totalmente encoberta pelo sinal que tocava.

—Conseguiu chegar no horário. Merece um pão de queijo. Pega aí.

—Valeu, Tristan. Mas vou deixar para depois.

—Ótimo, sobra mais para mim.

Erin olhou em volta, acenou para Carina que se sentava atrás de Tristan, para Bea na frente do rapaz. Queria cumprimentar Dante e os dois rapazes na frente dela, mas o professor entrou na sala de aula justamente naquele momento, fazendo com que toda a classe ficasse em silêncio e olhasse para frente, era o início da aula. O homem se direcionou até a mesa, de frente para a cadeira onde Dante estava, colocou alguns livros, voltou a ficar de frente para o meio da sala e ajeitando os óculos em seu rosto, começou a apresentação.

—Bom dia, turma. Espero que já esteja todo mundo aqui. Para quem não me conhece, ou se esqueceram de quem eu sou, meu nome é Arnaldo Fritz, sou professor de português e literatura de vocês. Também sou responsável pelo clube de teatro, mas vamos falar disso mais para frente. Minha prioridade é que vocês entendam o que estou ensinando, para isso preciso que entendam alguns detalhes.

Erin olhou em volta, todas as pessoas pareciam prestar totalmente atenção ao professor. Arnaldo Fritz tinha cabelos escuros, embora alguns fios brancos já fossem visíveis, usava óculos de armação redonda e pretas que ficavam na frente dos olhos castanhos. Para quem conhecia Thiago, era fácil reparar na semelhança entre pai e filho, o formato do rosto era o principal. Mas Arnaldo, tinha uma postura muito mais séria, ainda mais vestindo a camiseta escura social que usava para dar aula. O homem continuava a falar, Erin decidiu voltar a prestar atenção.

—Para que nosso convívio seja tranquilo durante o ano, precisamos de alguns acordos. Eu não costumo aceitar atrasos, normalmente as pessoas que chegam em minha sala depois de eu entrar vão direto para a sala do diretor. Outra coisa que vou comentar é quem come na minha sala, nossa aula é logo a primeira, vocês acabaram de chegar de um ótimo café da manhã, não há motivos para se alimentarem durante a aula.

Tristan imediatamente fechou seu pacote de pães de queijo e o guardou dentro da mochila. Erin queria rir, mas não podia chamar tanta atenção para si mesma no primeiro dia, só deu um sorriso para o amigo e voltou a ouvir o professor.

—Conversas paralelas não atrapalham somente a mim, mas toda a turma. Se quiser falar algo com outra pessoa, espere o intervalo entre aulas ou um momento para isso. De resto, vamos conversando durante o ano. Agora quero mostrar o que vamos estudar este ano.

A aula passou com muita normalidade, assim como todas as outras. Primeiros dias de aula sempre eram cheios de apresentações e explicações básicas, Erin queria saber as novidades, os conteúdos que seriam apresentados naquele ano, ela não curtia isso de repetir as mesmas palavras.

Quando chegou o intervalo, ela estava empolgada para conversar com todo mundo, saber as primeiras impressões, ouvir relatos sobre pessoas novas na outra turma. Sua animação estava em alta, quando ia chegando ao refeitório, uma mão parou em seu ombro, era a sua companheira de quarto.

—Erin, posso conversar com você? Preciso perguntar uma coisa.

A ruiva não tinha ideia do que Beatrice podia querer, mas parecia sério. A menina tinha um tom de nervosismo em sua voz, Erin apenas concordou com a cabeça e seguiu a amiga até o pátio, onde encontraram uma mesa desocupada.

Internato RealitasWhere stories live. Discover now