༄ 𝐩𝐫𝐨𝐣𝐞𝐭𝐨 17 • 𝐭𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭

2.24; 𝐬𝐡𝐞'𝐬 𝐠𝐨𝐧𝐞?

   A fumaça densa sumia pelos corredores, agora colorido em tons diferentes de roxo. A mulher sentia calafrios atravessar seu próprio corpo enquanto observava a porta destruída a sua frente.
O coração acelerado como se pudesse escapar do seu próprio peito a qualquer momento, e não só ele, ela sentia sua própria essência a escapulir como areia por entre seus dedos.

   O zumbido em seus ouvidos eram quase tão perturbadores quanto seus pensamentos aquele momento, enquanto via sem poder fazer quase nada o controle a se esvair como o pó naquele lugar. A sua pele queimava e estranhamente ela conhecia bem aquela sensação, assim como a dormência na ponta dos seus dedos. A cena quase que familiar demais se repetia, a chama a crescer por todo seu corpo era extraordináriamente satisfatória e por um momento arfou com o tanto de sensações a serem sentidas naquele momento.
   O líquido quente já jorrava de seu próprio nariz, mas ela não queria parar, não conseguia parar. Estava agindo no automático novamente, e toda aquela energia parecia estar sendo acumulada por tanto tempo que estranhava não ter explodido ainda antes.

   A dor em sua cabeça fez seu corpo vacilar, suas mãos tremiam e novamente liberava um tanto de energia, causando outra enorme explosão. O teto do local veio abaixo, e a chama clara que a envolvia pareceu a proteger do concreto maciço que veio em sua direção. A fumaça a cegou momentâneamente, e então a movimentação esquisita do outro lado fora ouvida.

   — Aro! Por aqui. — Jane guiava o pequeno grupo de vampiros pelos corredores extensos do castelo quando um outro estrondo, mais forte que os dois últimos, fora ouvido.

   As explosões estavam mais altas e contínuas, e a audição vampirica ali era uma boa para indentificar de onde vinham. Seja lá o que a vampira estivesse aprontando, não haveria menos que um massacre no andar de cima.
Aro, Marcus e Caius, seguidos de Jane, Alec e mais alguns vampiros com poderes igualmente letais, acompanhavam os atuais reis até o subsolo, onde poderiam se proteger e ganhar tempo até darem um jeito na vampira da profecia no andar anterior.

   A primeira explosão fora apenas a confirmação de que Mallory Rose Cullen era a vampira de uma profecia antiga para os vampiros, esquecida ao longo dos anos. Os vampiros de Volterra já desacreditavam que um dia os Volturi deixariam de governar, era algo impossível ao ver deles, e os acontecimentos do presente contrariava toda e qualquer questão sobre o assunto.

   Aro não tinha menos que duzentos anos que governava os vampiros quando ouvira pela primeira vez sobre a chama violeta, ou a profecia de que acabaria consigo caso fosse concretizada. De início, a denúncia de Irina o aterrorizou, havia altas chances da pequena Renesmee carregar o peso daquela profecia consigo e aquilo assustou metade da população de Volterra. Hipóteses de que a vampira vidente poderia ter inventado sobre um futuro onde a garota não oferecia perigo algum para a população o assombrava, mas não tanto quanto o que estava prestes a acontecer.

   As mãos trêmulas da mulher de cabelos vermelhos como o sangue que corria em suas próprias veias rodeavam o pescoço de mais um dos vampiros que corria em sua direção, e não foi nem um pouco difícil arrancar a cabeça dele como se fosse um boneco inútil. Mallory sentia que não dominava seu corpo por completo naquele momento, e a pilha de corpos destruídos pelos corredores onde passava era a prova disso. Estava fora de si, e isso não acabaria até ter a cabeça de Aro em suas mãos. Seu governo seletivo não a agradava nem um pouco, e sua presença passiva agressiva em direção a ela ainda menos.

   Ela escuta um brado estrangulado atrás dela, e em seguida um vampiro de feições elficas aparecia em sua visão. A corrida afobada em sua direção fora interrompida pelo chute certeiro na cabeça pequena dele, a fazendo explodir em cacos como o mármore pelos ares.
De repente o castelo se fazia silencioso, ou tentavam montar uma estratégia para alcança-la sem que ela percebesse, ou já havia acabado com a maioria da população daquele palácio.

   Enquanto avançava pelos corredores, a angústia avassaladora atingia seu próprio peito. Aquilo era tudo que a Mallory de antes faria, nem se quer pensaria, mas eram outras circunstâncias. Esteve a vida inteira a proteger as pessoas ao seu redor, mas quem estaria ali para protegê-la? Tinha apenas ela e ela mesma, e a medida em que atravessava os corredores, sentia que as paredes diminuíam de tamanho como se a sufocasse. Sua respiração ficava cada vez mais estrangulada e sua visão menos focada. Seria seu fim, ela não poderia ceder naquele exato momento, mas a energia caótica que percorria em suas veias já comandava seu corpo por completo. As orbes de seus olhos brilhavam em um roxo aceso, e aquilo era a prova viva de que Mallory Rose Cullen já não comandava mais ali.