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   Meu coração permanecia acelerado desde que Alice saiu daqui a caminho de Volterra junto a Bella. Eu temia que a qualquer momento ele pudesse sair pela minha garganta, se isso fosse realmente possível.
Jacob andava em círculos á alguns minutos, o que me deixava ainda mais ansiosa. Seu rosto se contorcia em algo como a rejeição, ele pisava cada vez mais fundo na grama esverdeada e vez ou outra soltava alguns rosnados contidos. Ele se culpava, se repreendia e se responsabilizava pela dor que sofria naquele momento, mas ele sabia quem ela escolheria, Isabella sempre o escolheria.

   — Você precisa ir pra casa, parece cansado. - Digo ao vê-lo parar por alguns segundos com as mãos postas em cada lado da sua cabeça.

   — Você, vê se cuida da sua vidinha e da sua "família" de sanguessugas! - Ele fala e logo se põe a caminhar em direção a floresta.

   Respiro fundo, adolescentes apaixonados me irritavam de uma maneira...
Decido deixá-lo, ele estava com a cabeça cheia, falava coisa com coisa e acho que não deveria levar o que disse com tanta seriedade.

   Estava tarde, o peso nas costas e cabeça me lembravam do dia cheio que tive hoje. Esperaria o sol raiar para partir de volta a Denali onde retomaria os treinos com os outros transmutados.
   A floresta estava quase que do mesmo jeito de sempre, escura e fria, onde uma fina neblina pairava e se estendia ao longo das grandes árvores ali. Eu caminhava vagamente entre elas, sentia que precisava desse tempo comigo mesma, com a natureza. Sentia que estando sozinha meus sentidos ficavam ainda mais aguçados, podendo assim sentir a energia que atingia minha pele junto com o vento. Mais a frente vejo um córrego, sei que se ultrapassasse as consequências viriam em segundos. Lembro quando Alice os mencionou, falara que eram selvagens e não exitariam em atacar quando transformados. Mas a impressão que tive deles fora outra, com algumas excessões sim, mas foram bem receptivos do jeito deles. Entendo que só querem proteger seu povo e sua terra.

   "Embry, pare! Há alguém ali." - Ouço mais ao fundo, eram pensamentos de alguém. Dele.

   Um pouco mais a dentro da floresta, caminhava com certa leveza sobre as grandes patas. Paul parecia fisicamente intimidador em alguns aspectos, os pelos escuros pela pouca luz e olhos expressivos demais quase brilhavam mais que a lua.

   "Já volto, assume daí, por favor?" - Ele diz ao seu companheiro de matilha, e logo já estava se aproximando da linha invisível do Tratado.

   Ele para atrás de uma árvore, escondendo seu corpo por completo até aparecer novamente em sua forma humana – a qual era bem melhor. Seus passos eram lentos e cautelosos, como quem estivesse pronto a capturar um esquilo ou coisa assim. Seus olhos continuavam os mesmos, parecia que podia ler minha alma nesse momento, podia ver o afeto que os mesmos transmitiam. Existia um certo contraste entre seus olhos e seus corpo, digamos que seu corpo, onde músculos saltavam com sutileza, trazia certo amadurecimento precoce quando se observava seus olhos de menino.
   Mas hoje pude notar algo diferente, algo havia mudado na maneira em que me olhava, como uma centelha, o afeto sumira dos seus olhos dando lugar a raiva. Sabia que Paul era o lobo mais temperamental da matilha, por algumas vezes consegui presenciar alguns desvios de humor da sua parte, parecia outra pessoa.

   — Paul...

   — O que faz aqui? Não foi ao resgate do vampiro suicida junto a sua familiazinha? - A frase me atingiu como uma bola de fogo, queimava em meu peito como algo diferente.

   — Oh... Você já sabe de Edward - Murmuro. — Ok, você não é assim, o que aconteceu?

   — Não sou assim? Você nem me conhece! - Ele estava certo, mas parecia que a cada palavra dita, mais uma partícula do meu coração ia ao chão. Clichê, mas eu nunca pensei que me sentiria assim um dia. — Eu... Eu só peço que se afaste. Eu... Preciso.

   Recuo um passo como se suas palavras tivessem me empurrado, e teoricamente fora isso mesmo.

   — Você tem razão, está certo. Eu pensei que... - Uma risada sem graça sai do fundo da minha garganta parecendo ecoar floresta a dentro. — Eu pensei que podíamos ser amigos. - Minha voz soa tão baixa que duvido um pouco que tenha escutado, mas pela suas feições pude ver que estava enganada.

   — Amigos? Vocês são vampiros, não somos amigos nem podemos ter nada. - Seu rosto se contorcendo um pouco ao falar, parecia sentir dor. — Só... Se afaste, por favor.

    E então ele volta a sua forma de lobo, assim correndo rapidamente por entre as árvores me deixando ali parada, frustrada e com um aperto profundo no peito. Eu me sentia humilhada, pior ainda, como pensei que vampiros e lobos pudessem manter qualquer relação?
   Eu que tinha ido até floresta para retirar todo o peso em cima de mim, voltava ainda mais sobrecarregada. Tentava respirar fundo várias vezes, meu interior queimava e eu sentia que podia explodir a qualquer momento. Podia ver algumas fagulhas arroxeadas iluminar as árvores ali e vejo que meus pés já estavam consumidos pelo fogo de cor roxa. O fogo parecia querer expelir do meu corpo, eu fazia uma força extrema para mantê-lo em controle, mas ficava cada segundo mais difícil.

   — Eleazar, desculpe, mas eu preciso de um tempo... Desculpe, eu não consigo, é mais forte que eu. Está me consumindo e eu... Eu preciso me afastar. - Relembro as palavras de Paul enquanto falava com o vampiro ao telefone. — Eu retornarei algum dia, eu prometo.

   Fora como uma estrela em uma grande explosão, liberando uma luz forte e assim desaparecendo por entre as árvores, sem rumo apenas corro... Corro... E corro...

🌙

༄ 𝐩𝐫𝐨𝐣𝐞𝐭𝐨 17 • 𝐭𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu