05| distúrbio alimentar

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Andei correndo desesperadamente até o banheiro que ficava em frente ao nosso quarto e tentei entrar mas, sua porta estava trancada. Gritei o nome dela por alguns minutos até escutar de lá de dentro um grunhido de dor o que me deixou cada vez mais angustiada.

Será que Evie estava passando mal?

Olhei para todos os lados pensando em uma forma de abrir aquela porta e pegar ela de lá de dentro e a única coisa que me veio na cabeça foi aquela mulher de cabelos esbranquiçados que Evie evita a todo custo.

Apressei meus passos descendo a escadaria e desviei das crianças que corriam na sala a procura dela, eu nem sequer sabia seu nome mas, minha intuição me dizia que ela era a pessoa correta para me ajudar com Evie.

Fui até o fim do jardim onde minha intuição dizia que ela estaria, nunca a vi muito misturada com as outras noviças sempre vi que ela ficava mais isolada e a única a qual ela chegava perto era Evie,não precisava ser muito inteligente para saber que havia algo entre as duas bastava perceber a forma como elas se olham.

─O que faz aqui?─ escutei a sua voz que continha doçura mas, ao mesmo tempo perversidade. Me lembra muito da Maxine.

─Estava à sua procura!─ exclamei.─ Preciso da sua ajuda.─ expliquei e ela ergueu sua sobrancelha.

─ O que te faz achar que isso aconteceria?─ Moveu-se andando em minha direção parando em minha frente com seus saltos altos pretos pontudos.

─Evie…─ ela não permitiu que eu terminasse avançando em minha direção me prendendo na grade que cercava o jardim.

─O que fez com ela?─ sua voz era rude.

─Eu nada. Fui atrás dela para que as crianças entregassem as cartinhas, porém, ao chegar no quarto estava sujo de embalagens de bombom e o banheiro estava trancado.─ comecei a contar.─ escutei um gemido de dor vindo de dentro dele então tive que vim buscar ajuda.

Ela respirou profundamente tirando os braços que estavam ao meu lado me ameaçando e apertou bem as unhas nas palmas das mãos como se já soubesse bem o que havia acontecido.

─Não acredito que ela fez isso de novo…─ vociferou baixinho como se tivesse esquecido que eu estava aqui também.─ Tudo bem, preciso que você enrole sua madrinha.─ meu semblante era confuso.─Ela tem a chave!─ berrou e eu fiz um "Ah" com a boca.

Como iria enrolar a madrinha? Ela era uma senhora mais esperta do que imaginam e conseguia detectar bem quando eu estava mentindo para ela.

Fui andando na frente e …

─Pera, qual seu nome?─ perguntei.

─Samantha Taylor.

Fui andando na frente e Samantha vinha logo atrás de mim, ela seguiu em outra direção enquanto fui andando até Amélia que estava servindo comida às crianças.

─Madrinha?─ a chamei e ela virou-se para mim.

─Quer cachorro-quente, Querida?─ ofereceu.

─Não, na verdade queria desabafar um pouco com a senhora sobre meus pais… sinto muito a falta deles, madrinha.─ era o único assunto que eu poderia usar para distrair ela e tinha certeza que esse era o que mais mexia comigo.

─O meu doce.─ largou a colher que usava para pegar o molho de cachorro quente para as crianças e veio em minha direção erguendo os braços para me abraçar.

Me aninhei em seus braços, em certa parte eu não estava mentindo ver todas essas crianças órfãos me lembrava que agora eu também sou uma criança órfão e isso me doía, meus pais sequer chegaram a me ver formar no ensino médio e nunca poderiam ir na formatura da minha faculdade.

QUENTE COMO O INFERNOWhere stories live. Discover now