•Capitulo 48

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Apoiei-me no mármore e fiquei olhando a imagem no espelho. Meus olhos estavam vermelhos, mas fora isso, meu rosto estava pálido, talvez pelo fato de que eu estava literalmente há cinco dias com o mar vermelho aberto numa tempestade sem fim e aquilo sempre me deixou fraca e desidratada e ficar tanto tempo sem passar por isso tinha me feito esquecer o quão torturante era aquilo, sem contar as malditas cólicas, dores nas pernas e coluna, enxaquecas e náuseas que travavam guerras contra a vontade de me entupir de doces e chocolates.

Fiquei um tempo ali, já sentindo a dor nas pernas começar, por ficar parada tempo demais na mesma posição. Banheiros deveriam ter bancos para as pessoas se sentarem quando quisessem fugir de outras pessoas e se esconder.

— Babi?

— O que foi? — alterei um pouco a voz e o tom saíra meio rude, o que foi meio injusto por que nem ela nem ninguém tinha culpa do meu estado.

— O que foi? Você tá bem?

— Sim, eu só... — soltei um suspiro e a primeira lágrima caiu molhando a pedra branca. Maldita TPM!

— O que houve dessa vez? Quer que a gente vá embora?

—Sim.

— Vocês brigaram de novo?

— Não, não é isso, é só que... eu amo o Victor, Milena, amo muito, mas eu não consigo admitir isso a ponto de deixar tudo que eu enxergo como problema de lado e simplesmente dizer sim.

— Babi, isso tudo é delicado.

— Muito. — enxuguei o rosto, mas em vão. — Eu quero estar com ele, quero muito e ao mesmo tempo eu tenho pavor que aconteça algo com ele só porque eu sinto isso por ele, por que é isso que acontece. Todas as pessoas que eu amo terminam em catástrofe.

— Eu tenho certeza que nada ruim vai acontecer com ele nem com ninguém que possa amar daqui pra frente, tá? E se quer um conselho de amiga, acho que deveria pelo menos tentar.

Ela parou ao meu lado e ficou me olhando através do espelho. Como alguém podia ser tão maluca e grosseira e ao mesmo tempo ser tão boa pessoa? Quem via ela falar assim jamais imaginava que era carinhosa feito coice de mula. Dei uma risada fraca do meu próprio pensamento e ela franziu a testa.

— Desculpa, é que você é muito louca.

— É, eu sou, e tão louca que agora eu quero que você coloque um sorriso no rosto e volte para aquela sala. Não vai ter graça se não estiver lá e se você não for pode ter certeza que todo mundo que tá lá vai saber que flagrei os dois em pleno ato sexual em cima daquela mesa.

— Você não teria coragem.

— Paga pra ver.

Ela saiu sem hesitar e eu arregalei meus olhos. Dada a situação, eu não tive escolha senão enxugar os olhos e sair correndo atrás dela, toda desengonçada em cima daquele salto enorme e quando cheguei na sala ela tava sentada no sofá, rindo de algum assunto com o resto do pessoal.

— Eu mato você, sua cretina. Não escutem ela gente, o Victor e eu só estávamos nos beijando, ela só pensou que a gente tava transando, mas não é verdade.

— Por quê? — ela colocou a mão sobre o peito fingindo-se de ofendida e pela cara que os outros fizeram eu caí a ficha de que ela não tinha dito nada. Maldita!

— Sabe o que é o mais legal em você? É que você entrega seus podres sozinhas, agora todo mundo sabe que vocês transaram na mesa do escritório, parabéns!

Eu pude sentir minhas bochechas corarem instantaneamente e quis enfiar minha cabeça num buraco. Eles começaram a rir da minha cara e eu só não corri porque quando pensei em dar o primeiro passo o telefone na minha mesa tocou, mas como não consegui sequer me mover, Milena foi até lá.

Querido ChefeWhere stories live. Discover now