Insinuações.

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Jeongguk sabia que não deveria ficar apreensivo antes das suas apresentações, mas, naquela noite, sentia-se meio nauseado.

Porém, não tinha relação alguma com o trabalho.

Quando Kwan foi buscá-lo de carro, ele se sentiu estranhamente mais vigiado do que o normal. Com os vidros fechados, era como se estivesse sendo asfixiado aos poucos.

Toda aquela apreensão repentina não tinha apenas a ver com a falta de ar fresco, mas sim com os olhares de seu chefe queimando sobre si, principalmente quando paravam nos sinais.

Isso vinha acontecendo há semanas, mas o incomodava muito. No começo, Jeongguk achava que era apenas impressão, entretanto os olhares não pararam — muito pelo contrário.

Era estranho o suficiente para fazer Jeongguk fitar qualquer ponto à sua frente, sem jeito. Viu-se detestando o silêncio, e até pediu permissão para ligar o rádio. As músicas pelo menos serviriam para aliviar o desconforto. Então, quando a resposta foi positiva, começou a prestar atenção na voz do cantor, e na maneira como os instrumentos formavam um ritmo bom.

E permaneceu assim até que chegassem à boate.

Na semana seguinte, a situação continuou se repetindo. Porém, numa quinta, Kwan parecia mais animado do que o normal.

— Você não tem noção da quantidade de propostas que você está recebendo, garoto. As pessoas estão loucas para passarem pelo menos alguns minutos com você — sorriu, fazendo Jeongguk se afundar no banco. — O que você acha disso?

— O que eu deveria achar?

— Ah — soltou um suspiro. — Esqueci que é um assunto delicado pra você. — Seus dedos longos tamborilavam no volante, e os olhos crisparam enquanto dirigia. — Você nunca foi tão cobiçado assim em toda a sua vida, não é? — estalou a língua e permitiu que um sorrisinho sinistro surgisse. — Grana, meu amigo... É muita grana rolando, e você parece não se importar.

— Não quero receber dinheiro para ficar com pessoas desconhecidas. Não farei isso.

Kwan levantou uma das sobrancelhas.

— Isso parece tão errado assim pra você? — Kwan fez a pergunta enquanto uma música mais agitada começou a tocar.

Jeongguk sempre fazia questão de ligar o rádio ao estar no carro com Kwan. Parecia que o tempo passava mais rápido. Tentou desviar sua atenção, balançando o pé direito no ritmo exato das batidas. Tinha a intenção de mostrar que a conversa não lhe incomodava tanto, quando, na verdade, estava até prendendo a respiração, completamente sem jeito e sem preparo para lidar com todas as sugestões.

— Sim.

Os lábios de Kwan se transformaram em uma linha reta. Segundos depois, ele falou:

— Sabe o que você é, Jeongguk? Um garotinho inocente que está deixando as pessoas loucas. — Os dedos dele pressionavam o volante com força, deixando os nós dos dedos esbranquiçados. — Você não está entendendo o que está perdendo ao manter essa postura. Estamos falando de um pouco de diversão, e muito dinheiro, minha estrelinha brilhante! É o que todo mundo quer!

Jeongguk não acreditava que já estavam tendo aquele tipo de conversa. Julgava que, após deixar a sua opinião bem clara, Kwan pararia de insistir.

Por outro lado, até conseguia entender. Se estava sendo tão visado assim, ao passar um tempo com alguns clientes, Kwan também ganharia dinheiro. Porém, a ideia seguia soando repugnante.

— Não, não é o que todo mundo quer. Eu não me importo com isso, só estou fazendo o meu trabalho que é dançar, Kwan. Apenas dançar. Foi o combinado desde o início. E você me fez uma promessa. Se eu não quisesse que ninguém me tocasse, assim seria.

Preciosa Liberdade • jjk + pjmजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें