Provocações.

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Jeongguk mal podia esperar o domingo chegar, e, quando chegou, ele se propôs a apreciá-lo ao máximo. Havia uma calmaria em todos os cômodos do apartamento, ao contrário do que acontecia no pátio do condomínio.

As crianças gargalhavam à vontade ao se divertirem nos brinquedos coloridos do parquinho e nadavam na piscina, fazendo uma competição acirrada de quem alcançava o outro lado mais rápido. Parecia divertido.

Os adultos ocupavam a área de festas. O cheiro de comida de primeira alcançava os andares mais altos, e, claro, como o esperado, havia muito álcool. Era surpreendentemente fácil captar aquela alegria forçada que o álcool proporcionava.

— Não é engraçado como não somos mais crianças, mas também não somos adultos? — Jeongguk perguntou com o ar sonhador.

Eles estavam sentados lado a lado na varanda, os olhos atentos em cada detalhe que acontecia lá embaixo. Já que os vizinhos observavam os garotos, eles achavam justo retribuir os olhares.

O sol se esforçava muito para lutar contra as nuvens grossas, mas estava perdendo a batalha.

Jimin franziu o cenho, observando os insistentes raios, antes de o sol ser engolido novamente.

Ele assentiu e cruzou os braços sobre o peito, observando os adultos que se divertiam.

— Você tem razão — Jimin responde.

Jeongguk cruzou as pernas sobre a cadeira, mas já estava se sentindo desconfortável. Estava há horas na mesma posição, apenas observando a movimentação. Ele coçou a nuca, pensativo e disse:

— Ainda não consigo me imaginar sentado com eles para bater um papo como se estivesse realmente interessado nos assuntos.

Mesmo que tivesse dezoito anos, Jeongguk definitivamente não se sentia um adulto.

— Eu sei. Entendo isso. Falam sobre dinheiro, falta de tempo, reclamam do relacionamento. Vivem numa disputa infinita.

— Eles são um enigma. — Jeongguk respondeu. — A gente escuta cada besteira.

Jimin assentiu.

Como se refletisse sobre as próprias palavras, Jeongguk disse:

— Pior que, como somos "pequenos adultos", talvez a gente fale besteiras também. Talvez a gente nem perceba.

— Não! — Jimin riu, um pouco indignado, os olhos se fechando graciosamente. — Eu acho que não. Quer dizer, tudo o que sai dessa sua boquinha bonita sempre me interessa.

Jeongguk prendeu o sorriso e desistiu da varanda. Quando se jogou no sofá confortável, quase escutou os músculos lhe agradecendo. Fechou os olhos e a respiração se tranquilizou.

Jimin pensou que o garoto tivesse pegado no sono em poucos segundos, mas não demorou muito para que as pálpebras tremessem devagar quando o vento forte invadiu a sala com uma euforia quase invernal.

Era um aviso; o inverno estava chegando.

Não demoraria para que as crianças saíssem da piscina e os adultos finalizariam a reunião, e o condomínio cairia em silêncio.

As noites dos domingos seguiam uma rotina previsível. Mas ainda assim, continuava sendo o melhor dia para Jeongguk e Jimin.

Jimin permaneceu na varanda durante alguns minutos, depois entrou e sentou-se na beirada do sofá, as palmas bem abertas deslizaram-se no assento. Sentia o calor do corpo alheio bem próximo do seu e gostava muito da sensação.

Ficou observando o rosto de Jeongguk, o jeito como o garoto estava com as mãos posicionadas sobre o abdômen. O peito subindo e descendo devagar. Poderia ficar observando-o durante o dia inteiro. Mordiscou o lábio e só então conseguiu triturar o silêncio.

Preciosa Liberdade • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora