Preciosa Liberdade • jjk + pjm

Culpa.

A sensação de arrumar aquele apartamento era muito diferente de arrumar um quarto comum e pequeno de hotel.

Jimin descobriu que gostava bastante de caminhar com os pés descalços no piso geladinho enquanto se empenhava em organizar cada canto daquela imensidão que era o apartamento alugado. Os pés no chão traziam-lhe uma sensação gostosa de liberdade e mesmo que não estivesse fazendo tanto calor assim, era agradável.

Quando começou a arrumar suas roupas nos múltiplos cabides, Jeongguk invadiu o quarto que agora iriam dividir e sentou-se na cama com os cabelos levemente bagunçados. Havia tirado pó das estantes, varrido e passado pano em todo aquele espaço. Ele parecia um pouco cansado com as bochechas levemente coradas, e então ficou quietinho vigiando o mais velho com atenção. Gostava de olhá-lo e de conferir cada pequeno detalhe, de deparar-se com as manias de Park. Jeongguk gostava muito de cada uma delas. Desde a forma como ele observava tudo com os pequenos olhos cautelosos, até a maneira natural como jogava os fios de cabelo para trás com os dedos curtos e marcantes.

Assim que as peças de roupa estavam penduradas nos cabides de uma maneira bem organizada, Jimin chegou à conclusão de que precisava fazer compras com certa urgência. Era um tanto cômico visto que sempre estava cercado de uma variedade de roupas que atraíam o seu gosto, mas mesmo assim, optava por economizar boa parte de seu salário. Era por uma boa causa.

Depois de virar-se para Jeongguk, Park viu que ele estava bem pensativo, tanto é que fitava algum ponto à sua frente como se sua mente estivesse em outro lugar, em outro mundo, muito provavelmente. Esse jeito do Jeon sempre lhe chamou a atenção, mas ultimamente vinha acontecendo com mais frequência. Ainda olhando para ele, Jimin sentou-se ao seu lado e passou o braço ao redor dos ombros do amigo em uma espécie de meio abraço. Com o toque, o garoto piscou e deixou um sorrisinho brincar em seus lábios, sua expressão se iluminou quase instantaneamente quando percebeu o quão próximos estavam.

A proximidade entre eles era sinônimo de felicidade.

Park fez um carinho no queixo do garoto e devido à claridade – a janela estava aberta –, não pôde deixar de avistar marcas levemente arroxeadas nas bochechas que sempre eram tão branquinhas. Franziu o cenho na mesma hora e deixou seu dedo indicador correr devagar naqueles pontos escuros enquanto tentava entender o que tinha acontecido.

No mesmo instante Jeongguk notou o que Jimin havia percebido e, sem saber exatamente como agir, mudou de posição, mordeu o lábio como se estivesse ficando nervoso, mas tentou não demonstrar tal apreensão. Havia um lado muito bom de conviver com alguém durante muito tempo; todos os gestos podem ser deduzidos com muita facilidade, e Park viu que Jeongguk estava desconfortável, tanto é que coçou a nuca de imediato e se levantou da cama, buscando por espaço.

Jeongguk não costumava agir assim, apenas quando estava incomodado.

— Não vai me dizer o que é isso? – Jimin perguntou enquanto Jeongguk continuava de pé, olhando a piscina através do vidro da janela. Ela não parecia muito funda e o garoto sentiu vontade de sentar-se na beirada, nem que fosse para pelo menos molhar os pés e descobrir como era aquela sensação. As crianças pareciam gostar de se molhar.

— Isso o quê? – precisou fingir que não estava entendendo o rumo daquela conversa.

— Suas bochechas, Jeongguk. – Park permaneceu sentado porque sabia muito bem que o outro detestava quando se sentia sufocado.

— Não tem nada de errado com elas, ou tem?

— Se marcas roxas não são nada de errado...

— Eu realmente não sei o que é, apareceu do nada hoje de manhã. – resolveu se virar para encarar o seu melhor amigo, talvez assim, se o olhasse bem nos olhos dele, pudesse transmitir pelo menos um pouco mais de confiança. Ao mesmo tempo, sentia-se horrível por isso. — Mas não está doendo e nem nada... – Era mentira. Jeongguk estava virando uma máquina de contar mentiras. Se apertasse os pontinhos roxos deixados pelos dedos brutos de Kwan, sentiria dor sim. — Será que é alguma alergia?