Capítulo 1- Primeiro contato

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    12 DE ABRIL DE 1996

    A capital Vaduz, de Liechtenstein estava tomada por uma onda de tristeza avassaladora, alinhada com a chuva demasiada para a temporada. Até mesmo a natureza estava alinhada a soturnidade daquele povo.

    O Motivo? A repentina morte do rei Aaron, a montanha de força daquele povo e também de sua família. O rei não somente deixou esposa, a rainha Eileen, mas também seus filhos, o príncipe Hans, de oito anos, e a princesa Emmeline, de dois anos. Mas o que parecia sofrer mais ali era Hans, o pobre principezinho tremia com a ideia de não ter mais seu pai por perto.

    Quando começou a chover com mais intensidade, a rainha Eileen pegou a filha mais nova no colo e puxou o filho pelo braço, numa tentativa de o tirar dali, mas o menino ficou parado em seu lugar.

    —Me dá mais um tempo com o papai, por favor? —O menino pediu, apertando os olhinhos azuis cristalinos, que pareciam mais fortes com as lágrimas. Sua mãe apenas concordou com a cabeça e saiu dali, deixando o menino sozinho junto a lápide de seu pai.

    O menino, meio confuso sobre o que dizer, se ajoelhou ao lado da lápide e tocou a terra fofinha embaixo de seus pés.

    —Papai, sei que não vai poder mais estar comigo, brincar comigo, ler pra mim, mas eu não vou esquecer nunquinha de você, tá bom? Eu prometo. Palavra de príncipe. —Apoiou a mão no coração. —Um dia, quando eu for um rei, eu vou ser tão forte quanto você foi. Eu prometo, vou proteger nosso país como você fez. Mas... vou sentir saudades de você, tem certeza que não pode ficar com a gente? Eu vou precisar de você, a mamãe, a Emmy, só...

    —Príncipe bobo, não dá pra mortos ouvirem você.

    Quando se virou, Hans viu a garotinha mais linda que já tinha visto na vida –depois de sua irmã, é claro.– Tinha grandes olhos castanhos, como amêndoas, um rosto pequeno e um sorriso brincalhão pintava seus lábios fininhos.

    —Meu nome é Donatella. Eu moro pertinho, na fronteira italiana. —Se ajoelhou ao lado dele. —Hoje é seu aniversário, não é?

    —É sim. E de presente, ganhei a morte de meu pai. —O menino suspirou.

    —Não é um bom presente... posso te dar um melhor?—A menina sorriu para ele e tirou um colar que usava.

    O pingente era um pequeno círculo, com uma faixa no centro e ramos de azevinho nas bordas.

    —O que tá escrito na faixa é "speranza, forza e amore." Esperança, força e amor. São as três bases da vida, essenciais pra qualquer pessoa. Bem, foi o que mamãe me disse, pelo menos. —Ela riu fraco. —Toma, pra você.

    —Não posso aceitar, desculpe. —Ele recuou.

    —Ah desculpe! Eu não pude embrulhar o presente, príncipe. Mas aceite esse simples presente de uma plebeia. —Ela imitou uma reverência, o fazendo rir. —Aceita, por favor.

    —Tá bem. —Hans sorriu e colocou o colar no pescoço, ajeitando entre a gola da camisa. —Muito obrigado, Donatella.

    —Não foi nada. Bom, agora é melhor eu ir, mamãe fica preocupada quando saio na chuva. Um dia a gente se vê de novo, príncipe. —A menina levantou.

    —Só Hans, por favor.

    —Tudo bem, príncipe Hans— Sorriu atrevida e seguiu seu caminho.

The Christmas Pendant Where stories live. Discover now