13- O festival de Natal da família Vacchiano

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  15 DE DEZEMBRO DE 2021 

    —Emmeline, por favor, inventa que eu morri, que peguei uma intoxicação, só não posso ir!— Hans praticamente implorou, enfiado debaixo das cobertas.

    Chegou o dia da tão temida festa de Natal, e Hans descobriu no dia que teria que encarar Donatella de novo.

    —Johannes, eu juro que se não levantar em 5 segundos eu te arranco dessa cama. —Emmeline ameaçou.

    —Mas Emmy, eu tenho um motivo pra não ir!— Hans argumentou.

    —5...

    —Emmy...

    —4...

    —Por favor...

    —3...

    —2...

    —Acontece que a mulher que eu sou apaixonado mas ela disse que queria cortar vínculos comigo promove essa festa todo ano e não quero ter que ver ela!— Hans disse em um fôlego só e depois tapou a própria boca.

    Emmeline parou alguns segundos com os olhos arregalados, assimilando a informação. E não é que ela estava certa?

    —Aí meu Deus! Com certeza você vai agora, levanta, se arruma, se apruma, vamos! —Emmeline o apressou.

    [...]

   

    Donatella estava desde cedo em um ritmo frenético, preparando o ambiente para a tal festa de Natal. Mas estranhou ao ver alguns grandes carros se aproximarem do centro, carros bem diferentes do que costumava ver por ali.

    —Quem tá chegando, mamãe?—Verona perguntou.

    —Não sei querida, devem ser só convidados. —Donatella comentou, estendo uma longa toalha na mesa de doces que seriam vendidos. —Rory, estica a ponta aqui.

    —Olha mãe, é o Hans! —Verona apontou e acenou para o homem. —Hans, oi!

    —Mas que...? Porque ele está aqui?

    —Esse ano, querida, a família real se ofereceu pra ajudar e participar de nossa festa de Natal. É uma beleza, não? —Annete sorriu para a filha.

    —Uau... que tudo. —Donatella exclamou com falso ânimo. —Se precisarem de mim, estarei lá dentro.

    —Quê? Donna, que desrespeito! Venha cumprimentar a família real!— Calliope, sua amiga, ironizou.

    Donatella desviou o olhar para Hans, que sorridente, acenava para as pessoas dali, cumprimentando com uma gentileza que ela nem acreditava ser de verdade. Aquele sorriso dele... era só tão encantador. Era gentil, bonito e caloroso, quase como derreter um sorvete em um forte verão.

    Hans era ainda mais bonito como ele mesmo.

    —Annete, minha querida!—A Rainha Eileen desceu do carro e abraçou Annete. —Mas que saudades! Você está tão linda quanto antes.

    —E você então, a realeza lhe fez bem. —Annete sorriu. —E seus filhos, onde... nossa, como cresceram!

    —São meus orgulho. Sabe, futuramente Hans será o rei daqui.  Muito em breve meu menino vai me dar esse orgulho. —Eileen se gabou.

    —E o reino que lute!— Donatella murmurou.

    —Não sei se se conhecem, príncipe Hans, mas quero te apresentar minha filha, Donatella Vacchiano. —Anette apresentou. —Ela cuida da organização desse belo evento há 10 anos, e seria ótimo se, em seu reinado, esse trabalho fosse mais divulgado. É importante para o povo.

    —É um prazer, Donatella. E pode deixar senhora Vacchiano, faremos o possível para valorizar mais nossas tradições. —Hans garantiu e estendeu a mão para a cumprimentar. Quando tocou a mão delicada dela, fez um leve carinho discreto ali e sorriu.

    Hans era um pouco mais interessante e atraente do que Harry.

    —Mas, não estamos aqui apenas por figuração, viemos ajudar também. Como podemos ser úteis, Sra.Vacchiano? —Hans questionou.

    —Hans, você pode ir na cozinha com Donatella e trazer os doces, ok? Tem uma fornada de Spekulatius e marzipan prontinhas. —Annete pediu. —Vão! Logo nossos visitantes chegam, precisamos nos apressar!

    —Claro, mamãe. —Donatella sorriu falsa e seguiu a passos firmes até a cozinha. Hans foi atrás dela.

    —Donna, você pode me ouvir, por um instante?— Hans questionou, tentando acompanhar o passo dela. Donatella fingiu não o ouvir. —Donatella!

    A mulher parou na porta da cozinha, com um semblante impassível. A irritação dela era realmente adorável.

    —Você vai entrar nessa cozinha, pegar a tigela de marzipan e levar lá pra fora. Fui clara, Majestade?

    —Não o suficiente. Você precisa me ouvir, pare com toda essa birra e me ouça, entenderia meus motivos se realmente se importasse. —Hans cruzou os braços e parou na frente dela. —Então...?

    —Então, vou pegar uma tigela de Spekulatius e voltar ao meu serviço. —Donatella entrou na cozinha, sem dar ouvidos á ele.

    —Acontece que... eu estava com medo, Donatella. Ainda estou. —Se ela não pararia para o ouvir, Hans falaria de todo jeito. —Ser rei, me casar com uma mulher que eu nem conheço, apenas pra viver a vida que alguém quer pra mim? É absurdo. Não quero ser apenas o príncipe Hans de Vaduz, ou o rei Hans de Vaduz. Quero ser amado, respeitado e reconhecido apenas como Johannes, o homem que ama demais o mundo e talvez só precise ser amado também!

    Donatella parou o que fazia e se apoiou no mármore frio da pia, se virou brevemente para Hans e deu um sorrisinho:

    —Johannes, então esse é seu nome de verdade?

    —É claro, não achou que fosse apenas Hans, achou?— Notando a cara surpresa de Donatella, ele riu fraco. —Meu nome é Johannes, em homenagem á uma tia muito importante pra história da minha família, ela se chamava Johanna. Meu nome é apenas uma adaptação, significa "agraciado por Deus.". Mas, só minha mãe ou minha irmã me chamam assim no auge da raiva comigo. Só.

    —Isso é... lindo, de verdade. —Donatella sorriu pra ele. Encostou na pia e cruzou os braços, desviando o olhar quando esses se cruzaram. —O meu nome acho que... minha mãe era só fã de Versace mesmo. —Ela riu fraco.  —Mas significa "dádiva."

    —É lindo, foi uma bela escolha. E o nome das meninas? Aurora e Verona...qual a razão da escolha?

    —Verona foi uma homenagem á minha quase segunda mãe, Verona. Ela faleceu um dia antes de eu descobrir minha gravidez então, acho que foi um bom jeito de a homenagear. —Donatella contou. —E Aurora... não ache bobo, mas foi por causa da princesa Aurora, da Disney.

    —Imaginei. —Hans riu. —Mas é fofo, de verdade. É.. é melhor a gente ir né, logo logo vão perguntar da gente.

    —Verdade. —Donatella concordou e pegou a bacia. —Ansioso pra ser rei?

    —Até que sim, mas... já sei que as pessoas não gostam de mim, como você bem disse: "Se Deus for bom com nosso país, esse moleque nunca chegará ao trono. ". —Hans pegou uma tigela também e seguiu pra fora.

    —Ah meu Deus, me desculpe! Eu juro que não...

    —Tá tudo bem. Acho que está certa. —Hans sorriu fraco pra ela. —Mas é Natal, sem ressentimentos, né?

    —É claro, Johannes. —E então, Donatella seguiu pra longe dele.

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