Capítulo 40

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Já em casa, Pedro pediu a Carmem:

- Prepare o quarto de Henrique e deixe tudo do jeito que ele sempre gostou.

A empregada estranhou aquele pedido e perguntou:

- Mas, por que? Vai se tonar um quarto de hóspedes?

Pedro soriu, coisa que já não fazia a muito tempo:

- Não, não vai ser um quarto de hóspedes, vai continuar sendo o quarto do meu filho. Ele está vivo. Você entende? Ele está vivo!

Carmem se assustou e perguntou:

- O senhor tem certeza que está bem? Por que, sei lá, parece que perdeu a memória. O seu filho morreu a três anos, não se lembra?

Pedro se impacientou:

- Eu estou ótimo. Aliás estou tão bem que posso até assinar uma carta de demissão para você se continuar me questionando.

- Calma, não precisa se estressar, se o senhor está pedindo, eu faço.

Carmem ficou envergonhada.

E tem mais uma coisa:

- Eu não quero que fique fofocando sobre meus filhos com Cecília, eles são dois adultos e sabem o que fazem e essas coisas sempre causaram muita intriga.

- Tá bom!

Entenda uma coisa de uma vez por todas:

A sua função aqui é cozinhar e nada mais.

Pedro disse.

- Eu sei disso.

Carmem respondeu.

- Espero que saiba mesmo porque na primeira intriga eu assino sua demissão e aí não vai ter Cecília e nem ninguém que vá me fazer mudar de idéia.

Pedro alertou.
- Claro. O senhor tem toda razão. Peço desculpas se algum dia já fiz algo que não agradou e asseguro que isso não vai mais voltar a acontecer.

A empregada disse.

- Espero que esteja falando a verdade. Com licença.

O homem pediu.

Carmem concordou e Pedro saiu da cozinha. A empregada dizia em pensamentos:

- Esse homem só pode estar desenvolvendo problemas mentais. Onde já se viu? Uma pessoa que foi dada como morta durante três anos reaparecer assim do nada? Eu heim!

E se isso estiver acontecendo eu é que não fico aqui. Já era neurótico e com mais problemas vai ficar pior, mas também com o tanto de trabalho que Luísa descidiu dar para ele e para dona Cecília depois de adulta, não tem cabeça que aguente.

Ela disse a si mesma e voltou a cuidar de suas obrigações.

Enquanto isso, o marido de Cecília foi ao quarto de seu filho:

Tudo estava relativamente igual a quando Henrique ainda morava com eles na mansão, mas, observando mais de perto, muitas coisas como, os livros e os porta-retratos não estavam como Henrique gostava.

O notebook que pertencia a ele estava guardado e as poucas vezes que fora usado, era para procurar alguma pista, alguma ameaça, alguma conversa que pudesse de alguma forma trazer uma explicação para o ocorrido com o filho de Pedro e Cecília, mas, nada fora encontrado. Mas, agora o que importava era a volta de Henrique:

E pensar como entrar nesse quarto era tenebroso a um tempo atrás...

Ainda não consigo acreditar que pela primeira vez depois de tanto tempo, poderei dormir tranquilo, sem peso na consciência por Henrique ter sofrido tanto.

Laçados Pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora