Capitulo 85

37 3 10
                                    

Paola pediu um carro de aplicativo e voltava para o velório de sua mãe:

- Será que foi uma boa ideia ter deixado Caio sozinho com Henrique? Ah meu Deus... Eu realmente não sei onde estava com a cabeça para deixar o meu bebê com aquele idiota do Henrique...

E se ele contar para o Caio sobre o assalto? E sobre o Douglas? Ah, isso não pode acontecer... Não pode mesmo.

Amanhã, assim que o enterro acabar, eu vou para aquele hospital e expulso Henrique de lá nem que seja a ponta-pés.

Paola foi torrada de seus devaneios quando chegou ao salão de funerais:

- São trinta reais pela corrida, moça.

O motorista disse.

Paola tirou uma nota de cinquenta reais do bolso e deu ao homem:

- Pode ficar com o troco.

Ela disse e saiu de dentro do carro. O homem foi embora e na porta do local sentiu um arrepio, um medo, uma vontade de chorar sem fim. Era como se só naquele momento sua ficha tivesse caído:

Neide, sua mãe havia morrido e não havia nada que ela pudesse fazer para mudar isso.

- M... Mãe...

Ela chamou com a voz embargada perto do caixão.

- Por favor, não faz isso. Volta para mim, para o Caio. Para a nossa vida. Meu filho precisa muito de você e eu também. Sem você aqui eu não sei o que vai ser da gente e principalmente dele.

Uma prima de Paola chegou perto dela:

- Tá chorando porque sua vagabunda? Ah, mas claro... Porque a minha tia não vai mais estar aqui para te sustentar e sustentar o bastardo do seu filho não é mesmo?

A moça nem terminou de falar quando a filha de Neide lhe acertou um tapa no rosto:

- Você lava a sua boca para falar do meu filho ou eu não respondo por mim. A moça por sua vez sorriu:

- Você sempre foi uma "coitada" , né? Desde pequena já queria ser melhor do que os outros, ter mais brinquedos, ser a mais mandona... Cresceu e virou essa coisa aí que sugou até a última gota de suor da minha tia primeiro para se sustentar e aos seus "machos" depois nasceu aquele seu filho e esse aí só veio para acabar com o pingo de esperança que minha tia tinha de mudar de vida e pensar um pouco mais nela.

Agora eu quero ver o que vai ser de você sem ela aqui para você se aproveitar. Eu quero assistir de camarote o seu declínio, não como pessoa por que nesse aspecto você já declinou a muito tempo, mas na vida... Eu quero ver você fazendo o que sua mãe fazia. Limpando casa de rico para ter uma mixaria de dinheiro para comprar as coisas para dentro de casa.

Você que sempre teve vergonha dela vai acabar com o mesmo destino. Pode escrever. E eu vou estar aqui vendo tudo bem de perto. Dia por dia a morte da tia Neide sendo vingada pela própria vida.

A prima disse.

- Você pode esperar sentada. Eu vou alavancar na vida. Eu e meu filho vamos ter a vida que a gente merece. Longe de "gentinha" igual a você.

Paola disse e saiu de perto da prima.  Na hora do enterro tudo o que conseguiu dizer foi:

"- Tchau, mamãe."

Uma despedida que não fazia a anos. A despedida que fazia quando Neide saia para dias exaustivos de trabalho a fim de trazer sustento e uma vida digna para a filha.

Ela enxergou uma lágrima que escorreu em seus olhos e disse a si mesma:

- Agora mais que nunca eu preciso subir na vida. Douglas tem que sair da prisão... Henrique tem que começar a bancar a mim e a Caio. Algo tem que dar certo.

Laçados Pelo DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora