Lobos na floresta | Livro 1 (Repostando)

Epílogo

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  Era uma noite fria de inverno. No céu noturno a lua brilhava, um brilho vermelho e sangrento que banhava os campos com seu tom agouro. Naquele instante o grande espírito observava a terra com um imensa ferida aberta em sua essência. Aquilo doía, uma dor que não se manifestava na carne mas sim no que os mortais chamavam de alma. Uma dor que os deuses desconheciam mas que naquela noite o mais bondoso deles experimentava.

  Abaixo do astro celeste os campos outrora brancos do inverno se banhavam de vermelho carmesim, centenas de figuras se confrontavam em uma batalha sangrenta e mortal. Elfos, Orcs, Sátiros, Centauros, Fadas, Gnomos, Hidras, Unicórnios. Toda e qualquer criatura do imaginario alí se encontrava. Cada uma em seu conflito. Cada uma em sua batalha. Vampiros, Lobisomens, Gárgulas, Bruxas. Multidões que faziam cabeças rolarem, membros serem decepados, corações perfurados e corpos partidos, uma cena grotesca que aumentava cada vez mais a ferida do grande espírito.

—Basta!

  O lamento ecoou pela malha celeste alcançando as estrelas que olhavam com piedade para o ser divino. Pela primeira vez o céu presenciava a dor profunda de uma entidade de luz, dor que se transformava em lágrimas e escorria silenciosamente para a Terra.

  Nenhuma das criaturas havia visto.
  Nenhum que naquele campo batalhava estava havia sentido.
  Mas o fino véu que cobria os reinos e separava os mundos oscilava.

E por ele dois seres surgiam.

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