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Muito a se pensar e descobrir

  Iani estava assustada e em choque, não sabia o que pensar muito menos o que falar, aquela criança era o mesmo filhote de lobo que tinha cuidado, por algum motivo sabia disso, mas não tinha respostas para dizer como muito menos o por que daquela certeza. Ela simplesmente sabia. Aiko por sua vez se manteve com metade do corpo escondido, mesmo que a jovem assustada já tivesse chamado pelo seu nome estava receoso de mais para entrar no quarto depois de ter visto a reação dela.

—A...oi... — Aiko sentia as bochechas queimarem conforme o silencio se prolongou — Eu sei que não devia ter vindo! — disparou, o rosto tão vermelho e quente quanto as brasas de uma lareira — Volto depois, DESCANSE!

Completamente atordoada Iani observou as mãos do garoto puxarem com pressa o ferrolho da porta a trancando com um estrondo.

—Desculpa!

Foi a ultima coisa que ouviu antes do silencio reinar novamente no quarto porém, por mais que a quietude ao seu redor lhe envolvesse como um manto espesso o barulho em sua cabeça se tornava cada vez mais alto e enlouquecedor.

—Pelos céus! — as memórias finalmente haviam voltado — Não pode ser, não, não pode ser... — mas ela começava a desejar não ter se lembrado de nada — Tinha os cães, o caçador, os tiros — sua boca se abriu em um enorme O quando levou uma das mãos até o ombro dolorido — Eu levei um tiro!Um tiro!

Tudo aquilo parecia uma maluquice, a fuga, a perseguição, os lobos, o quarto a sua volta, o vestido que usava, o garoto lobo que não era mais lobo. Nada fazia sentido.

—Preciso sair daqui...

Atordoada Iani afastou as pressas cada uma das mantas que a cobriam, esticou as pernas para fora da cama e tocou o chão frio, assim que a sensação térmica percorreu seus dedos uma onda de desespero tomou conta de si. Aquilo definitivamente não era um sonho, estava mesmo em outro lugar, tudo era real, principalmente os lobos. Sem pensar em mais nada se não sair o quanto antes dali correu a passos mancos em direção a porta mas, quando estava prestes a dar inicio a sua fuga foi surpreendida por outra pessoa que acabou puxando o ferrolho primeiro. Aaron estava parado do outro lado, os olhos dourados surpresos e confusos ao dar de cara com a humana a poucos centímetros de distancia. Nenhum dos dois disse nada, apenas se encararam com um misto de espanto, fascínio, medo e curiosidade. Quando o tempo se prolongou por mais do que o necessário Aaron tomou a frente fazendo com que a jovem recuasse alguns passos até cair sentada de volta na cama.

—Quem é você?! — bradou, as mãos agarradas ao travesseiro em uma tentativa de se proteger — Onde eu estou?Que lugar é esse?O que aconteceu comigo?

—Se me der deixar falar talvez eu responda as suas perguntas.

Iani observou atentamente o homem alto de olhos dourados dar a volta na cama em direção a uma mesinha de mogno que estava por ali, só então se deu conta que ele carregava uma pequena cesta de vime nas mãos.

—Encontrei com meu irmão no caminho, parece que ele queria lhe entregar isso mas não teve tempo — Ou coragem. Pensou se afastando da cama onde a jovem humana permanecia em postura defensiva — São morangos frescos, colhidos hoje de manhã.

Iani estava curiosa com os tais morangos, já tinha ouvido falar neles quando caminhava pelas ruas do comercio do vilarejo mas nunca teve condições de comprar ou plantar essas frutas tão famosas, no entanto, a prudencia ainda falava mais alto.

—Quem é você? — insistiu.

—Me chamo Aaron — os olhos dourados encararam fixamente os castanhos — E você é?

Lobos na floresta | Livro 1 (Repostando)Where stories live. Discover now