Capítulo 3 - Sopa de isopor

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Olá, espectador! 

Trago um aviso para quem não lê as tags: A narrativa trata sobre bullying. Violência verbal e física,  pensamentos negativos são situações que estão ao redor do tema. Não tenham receio, eu trabalho muito nesta história para ser digerível. Será o único aviso, não quero ser repetitiva.

Com isto esclarecido, pode prosseguir a leitura do capítulo 3. 

#ClubeJeongchaeng 🎭

Suas costas pinicavam por conta da grama teimosa que ultrapassava o lençol estendido no quintal da família Yoo. De qualquer forma, não conseguia parar de sorrir.

A completude vinha física, estar entregue a alguém que prometeu e cumpriu a fazer inteira. Era o que Jeongyeon acreditava, completa como nunca enquanto sentia a respiração baixa de Momo em seu pescoço. Era uma quentura que a embalava em sono terno ainda acordada.

A noite na pequena cidade poderia ser o frio que for, mas duas adolescentes preferiam se esquentar num abraço. Lembrava muito bem da mão firme que circulava sua cintura, até de três palavras sussurradas ao pé do ouvido, mais uma das declarações soltas a noite sem pretexto nenhum:

"Eu te amo."

Sentia falta do coração eufórico após tal confissão.

As estrelas da antiga noite brilhavam mais do que as que acompanham Jeongyeon no presente. Tinha a visão direta da grama, agora mal cuidada.

Solidão vinha da falta, quando quem a prometeu fazer inteira não cumpriu, sumiu. Se pegava relembrando a cena, dia após dia. Não importava o quão bonito e palpável as memórias poderiam ser, pertenciam ao passado.

Encarou o urso de pelúcia encostado na cadeira da escrivaninha, precisava se livrar de uma vez do bicho. E como toda noite, após constatar o óbvio, respirava fundo, fechava as cortinas e ia para cama, deitando ao lado da ansiedade.

Até onde iria para escutar aquilo de novo? Sentia falta de compreensão, de ter alguém para escutar divagações e aproveitar o silêncio confortável. Havia ido longe o suficiente com Momo para imaginar o que a esperaria de novo. E não queria, era demais, foi demais.

"'Tá tudo bem."

Repetia mais algumas vezes antes de fechar os olhos.

Completamente sozinha, sabia que não estava tudo bem, mas torcia que as palavras lhe trouxessem boas energias. Era um dos poucos momentos, em seu quarto escuro, que se permitia ter um pouco de esperança.

🎭

Jeongyeon não se lembrava do quão insuportável era o barulho de tantos adolescentes reunidos num só lugar. Arranhava a mesa rabiscada de desenhos e frases sem contexto. Odiava aquela sujeira, por que rabiscavam as mesas enquanto existia papel, caramba? Não conseguia entender o tédio que os levavam aquilo.

Quem escreveu "babadook esteve aqui" e o desenhou fez tão bem feito que assustava.

"Já disse que estou feliz que veio almoçar hoje?" Nayeon repetia, irritante e propositalmente.

Jeongyeon sorriu, mas queria é que sua amiga parasse de tratar aquele momento como um evento, se sentia mais deslocada e esquisita por não ir ao refeitório com frequência.

"Já." De qualquer forma, respondeu.

Nayeon colocava uma quantidade generosa de arroz na boca. Jeongyeon tinha acostumado a pular refeição para não se obrigar a ir ao refeitório buscar algo reforçado, aquele monte de comida dentro da bandeja a deixava enjoada. Juntou forças e guiou o jeotgarak até o macarrão não muito bonito. Esperava ao menos estar bem cozido.

PendenteWhere stories live. Discover now