Capítulo 7 - Bem-vinda ao esconderijo!

127 25 36
                                    

#ClubeJeongchaeng 🎭

O carro da família estava estacionado frente ao portão. Não era comum que seu pai chegasse tão cedo. Ou era ela quem estava atrasada? O sol brilhava e as luzes em casa não estavam acesas, ainda era seu horário.

Suspirou e puxou os fios da testa para trás da orelha. Tirou da bolsa novamente o casaco surrado preto e vestiu, deixando as mangas cobrirem o estrago de Kim Sohee em seus braços.

Naquele dia, foi lembrada do porque a peça vivia perdida dentro da bolsa. As marcas eram ignoráveis para quem não fosse observador, o que não era o caso de quem estava em casa.

Bomb a recepcionou, esfregando em sua perna a procura de carinho. Jeongyeon o tomou no colo mesmo cansada, ele tinha poder de acalmar.

Batidas de corte em tábua e o bom cheiro de temperos anunciava a boa comida no fogão. Jeongyeon encostou no batente da cozinha e sorriu para o pai, vestido ainda em roupas sociais, mas sem paletó e gravata.

"Estou fazendo sopa, quer um pouco, Jeongie?" O pai alternava em observar a panela quente e a filha enquanto cortava o vegetal. Jeongyeon se perguntava como ele mantinha atenção em tantas coisas.

"Quero sim." Balançou a cabeça. "Pai..." Pensava em como perguntar. Bomb pulou para o chão, não querendo ver onde a conversa iria dar. "Por que voltou cedo?" Soltou baixo.

Jeonghan parou de cortar a cenoura e fixou o olhar na tábua. Nem queria imaginar o que o pai andava pensando, podia escutar o som da televisão ligada no quarto do casal.

"Não tinha tanto trabalho hoje, voltei para preparar uma boa comida a sua mãe." O pai sorriu amável.

Jeongyeon suspirou baixo, não perguntaria mais nada, não ia chatear seu pai que se esforçava para fingir que tudo andava nos conformes. Ele era um homem gentil e amava sua mãe, era óbvio.

Antes de desfazer da bolsa, abriu a porta do quarto dos pais.

"Mãe?" Chamou após duas batidas na porta. O barulho do aparelho era muito maior no quarto. "Mãe!" A tirou do transe que se meteu assistindo TV.

A mulher sorriu, uma reação que não chegava aos olhos. Aquilo cansava Jeongyeon, como não cansava seu pai?

"Entre, Jeongyeon." Correu a abaixar o volume do programa aleatório de entretenimento. "O que deseja?" Se sentou na cama e forçou um semblante distorcido em dor.

"A senhora foi procurar emprego hoje?" Jogou e continuou em pé, fora do quarto. Só queria um dia diferente. Uma resposta diferente.

A reação continuava a mesma, um sorriso sem graça até os cantos caírem e a atenção desviar a palma. O silêncio não incomodava mãe e filha.

"Hoje foi um dia difícil, filha."

"Todo dia é um dia difícil, mãe."

As duas suspiraram cansadas. Jeongyeon estava cansada de mentir, dos repetitivos dias infernais. Mas e sua mãe? O suspiro devia vir do cansaço de ser questionada, era o que Jeongyeon se enraiveceu de acreditar.

"Jeong..."

"Não esquece de comer hoje, mãe."

Bateu a porta com força, se a zoada de TV não incomodava ninguém, o barulho da porta não devia. Invadiu seu quarto, irritada, cansada, trazendo toda energia negativa para o cubículo.

Não devia se importar, nem seu pai ficava louco por conta daquela mulher. Por que ela, como filha, devia ficar? Quando possível, ele voltava cedo para casa, preparava comida e organizava o que Jeongyeon não conseguiu a tempo, esperando ao menos que Yoo Seunghyun, sua esposa, estivesse a procura de algo, um emprego, uma droga de ocupação. Ver o pai esperando o melhor de quem não se importava, doía.

PendenteWhere stories live. Discover now