Capítulo 10 - Ro-tei-ro Bran-ca de Ne-ve

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#ClubeJeongchaeng 🎭

O cheiro que tomava a cozinha era bom, terapêutico. Gostava de preparar comida, não com pressa ou por necessidade, mas acordar cedo e preparar um bom café da manhã por tédio fazia bem.

Não dormiu bem por conta da tarde esquisita como a palhaça Branca de Neve, e por uma certa personalidade brilhante que Jeongyeon nem nomeava pois soava vergonhoso demais. Em noites como aquela, acordar cedo não era difícil, antes das seis da manhã já estava de pé, fazendo o possível para evitar mais um looping de pensamentos depreciativos. O que passou foi o suficiente para minar toda a confiança.

"Que cheiro bom é esse?" A voz sonolenta da mãe se fez presente.

Jeongyeon não conseguiu conter um sorriso ao vê-la logo de manhã, era fora do normal. Sorriu, mas não de felicidade, estava nervosa.

Havia acontecido algo? Foi culpa sua? Era por conta do barulho? Jeongyeon só a via depois de chegar do colégio, se tivesse sorte. Ou azar.

"Desculpe, eu..."

"Por que desculpas, Jeongyeon?" Seunghyun sorriu, deixando Jeongyeon desconcertada. "O que está preparando?"

Jeongyeon enfim lembrou de olhar a frigideira e abaixou o fogo para não correr risco de torrar.

"Ovos, queijo, não tem café a sei lá, semanas... então fiz achocolatado." Jeongyeon apontou para a caneca quente em cima da mesa. "Se a senhora quiser, eu posso fazer mais, ainda tenho tempo."

Jeongyeon falhava em se concentrar no fogão, mas o olhar vazio de sua mãe encarando a mesa a incomodava, obrigando a mexer os ovos mesmo que distraidamente.

Não obteve resposta a tempo e percebeu que ela tinha se perdido em mente de novo. Jeongyeon suspirou. Não acreditava que por um momento havia se preocupado com Seunghyun.

Próximo de torrar os ovos, Jeongyeon tirou a frigideira do fogão.

"Você sempre faz isso, Jeongyeon?" Seunghyun soou um tanto melancólica, um tanto desinteressada, nem sabia mais diferenciar.

"Nem sempre." Não ia a preocupar com alimentação, por mais que a mãe não se importasse de verdade.

Se algo a preocupasse, que não fosse Yoo Jeongyeon.

O silêncio era muito mais confortável que manter uma conversa forçada com a mãe desatenta.

"Tenho orgulho de você, filha." Sem motivo, soltou um pequeno elogio com o sorriso que não cabia para Jeongyeon.

De que tinha orgulho? Ela nem sabia ou se importava com o que Jeongyeon fizesse, não conhecia a atual Jeongyeon para conversar sobre orgulho. Merda, adultos carentes eram um saco.

"Tá, quer que eu faça comida para a senhora também?" Jeongyeon despejou o ovo frito em fatias de pães.

Se comesse um pouco menos, seria o suficiente para as duas. Jeongyeon não tinha apetite e sua mãe não era diferente, nem ao menos preparava a própria comida. Jeongyeon se perguntava como a mulher sobreviveria sem seu pai e os jantares improvisados.

"Não, querida." A mãe puxou a cadeira devagar a ponto de irritar.

"Tem certeza que não quer nada? Eu ainda 'tô em pé." Jeongyeon virou para a pia e encostou a frigideira. Antes de soltar o cabo, esperou uma resposta, uma negativa, qualquer coisa.

Seunghyun apenas sentou na cadeira e apoiou o rosto nas duas mãos.

Ótimo, agora a ignorava também.

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