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Seguro a camiseta polo rosa na frente do corpo, vendo minha mãe com os olhinhos brilhando com o simples ato. Hayden, ao meu lado, pega seu uniforme em um suspiro, me lançando um olhar nada bom, como se dissesse que só está aceitando isso por minha causa. Em compensação Corey, quase saltita ao pegar a calça e a camiseta, girando para o banheiro e caminhar felizinho.

— O que você achou? — mamãe pergunta animada, assim que ficamos somente nós dois no escritório — Eu queria um rosa mais claro, porém David disse que essa cor combina mais com você e que poderia gostar mais.

David, meu padrasto, está em uma mania pouco saudável para minha paciência de querer colocar cores chamativas em mim, porque o psicólogo do hospital deu a entender que ele não me apoia o suficiente com minha sexualidade, que ele precisa me ajudar a deixar a feminilidade fluir ou algo do tipo. Porém, meu padrasto desconhece a palavra limites, ele não entende que eu não preciso necessariamente usar rosa para ser gay. E, sem dúvida nenhuma, rosa não combina comigo. Eu fico parecendo muito pálido.

— Está ótimo, mamãe. — forço um sorriso, enrolando a camiseta nas minhas mãos — Papai estava certo, agradeça ele por mim.

Ela sorri satisfeita, sem nem imaginar que se trata de uma mentira. Pisco para dona Jenna, aproveitando a sua alegria para sair do escritório, caminhando pelo pequeno corredor antes de sair na parte da frente, no café.

Hayden esta virando a plaquinha, a blusa rosa fazendo contraste com seu cabelo negro. Minha melhor amiga sorri para os clientes que já aguardavam a abertura, os levando para as mesas mais próximas.

É incrível como em um mês o café conseguiu uma clientela fixa e boa. Graças ao bom Deus, nós conseguimos um total muito bom de 4,5 na marcação de atendimento no site, o que trás bastante cliente.

— Com licença. — Corey pede ao passar por mim, a camiseta rosa no corpo.

Saio do caminho, me encaminhando para o caixa, já pronto para receber os primeiros pedidos e deixar as mesas para minha melhor amiga. Nós temos funções aqui dentro, uma pessoa fica no salão, pegando os pedidos dos clientes que vem com mais tempo, distribuindo sorrisos e sendo simpática. Então outra pessoa no caixa, agilizando para aqueles mais apressados que não querem curtir sua comida e bebida. E tem Corey, que fica servindo ambos os lados, ele faz os melhores cafés e é o único que decorou os nomes dos bolos. Eu nao conto minha mãe, nem a dona Meredith, porque as duas quase não aparecem na frente, ficam mais no fundo. Mamãe cuida da contabilidade, segundo ela. E dona Meredith é a doceira, ela só aparece pela parte da tarde.

Nosso horário é bem eclético. O café abre as 6h e fecha as 8h, horário que Hayden, Corey e eu temos aula, os dois intercalando o dia comigo. Abro ao meio-dia com dona Jenna novamente, ficando até as 14h. Então novamente as 18h com Corey e Hayden, fechando as 21h.

Dou o troco de um dos clientes, não lembrando de seu rosto, e sorrindo, desejando uma ótima noite.

A Fall Term¹ tinha acabado de começar, e receber pessoas novas se tornou algo corriqueiro para nós. O que é bom e ruim, porque a quantidade de pessoas que vem no café é incrível, porém, decorar os rostos é uma merda. Principalmente de alguns que vieram à duas semanas e aparecem aqui pedindo "o de sempre" como se conseguíssemos lembrar facilmente qual era o pedido.

— Eita! — Corey exclama ao terminar de entregar um cappuccino, sorrindo para os clientes que acabaram de entrar e me olhando com os olhos arregalados.

Ignoro sua esquisitice, sorrindo largo para os novos clientes:

— Boa noite, pessoal! O que desejam?

Eles são um grupo de sete pessoas, quatro meninos e três meninas. E quem pula a frente deles, como a líder do grupo, é uma garota ruiva, sorrindo para mim.

TORTA, CAPPUCCINO & (DES)ENCONTRO | 𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶Onde histórias criam vida. Descubra agora