⁰⁰⁰¹²

330 39 11
                                    

Observo quando Liam se mexe em cima do banco, acredito que nervoso por ainda estarmos dentro do carro, sem chegarmos ao lugar indicado. Já havíamos passado pela placa de Beacon Hills a uma hora e, por alguns segundos, sinceramente, repenso se a minha ideia foi a mais certa. Quer dizer, por que eu só não o levei para um restaurante?

— Então... — não temos muitas luzes na estrada, estamos porcamente iluminados pela luz do câmbio, mas ele não tinha aberto a boca desde o momento em que passamos a placa — Você só disse que o lugar que iríamos era legal, mas, tipo, está dirigindo a mais de uma hora e meia... Devo ficar preocupado?

— Sinceramente? — volto meus olhos para ele, ganhando um confirmar de cabeça — Acho que devia ter pensado nisso antes de entrar no carro com um cara que mal conhece né?

Os olhos azuis de Liam se arregalam novamente e eu quero encostar o carro e beijar sua boca. Pensando bem, acho que se tivesse apenas parado em um lugar qualquer e começado uma sessão de amassos tudo teria sido mais proveitoso. Eu só gostaria de poder ter essa coragem de parar agora mesmo e me jogar contra sua boca. Eu preciso beijar ele, percebo agora.

Droga! Eu realmente não sei fazer encontros.

— Você estuda história não é?

— Sim... Estou no meu segundo ano...

— Você gosta?

— Mais do que eu achava possível.

Desvio os olhos por dois segundos, apenas para o observar. Existe um sorriso doce e pequeno nos lábios de Liam e eu sou incapaz de desviar e é perigoso para caralho o modo como não estou olhando para a estrada, mas eu precisava o observar por esses segundos antes de retornar os olhos apenas para estacionar no acostamento.

Liam volta os olhos de maneira fofa para fora, esperando encontrar qualquer coisa. Acho que ele está tão nervoso quanto eu para chegar logo. Só que ainda não chegamos, eu desligo o carro e fico parado, apenas esperando até os olhos mais azuis que conheço se voltem para mim. Ele está confuso e curioso.

Um.

Dois.

Três.

— Eu preciso beijar você.

Liam pisca devagar, discernindo o que acabei de contar.

— Okay.

Ele fala de maneira tão fácil depois do pequeno intervalo de tempo. E eu fico parado, porque estou mortificado demais em ser aceito que não sei o que devo fazer. Liam parece achar isso engraçado, porque solta uma risadinha adorável antes de soltar seu cinto. Sua mão roça a fivela do meu e estou o esperando fazer o mesmo com o meu, apenas para ele se voltar cheio de expectativa para mim.

E eu sou a droga mais burra ao tentar encostar nossos corpos, apenas para ser travado por meu cinto. O mesmo cinto que vi Liam tirar de si. O mesmo cinto que o vi passar a mão por cima. Eu não consigo fazer uma coisa certa. Nem ao menos tirar meu cinto como uma pessoa normal.

— Meu Deus, Theo! — ele ri de novo, se aproximando o suficiente para abrir meu cinto — Você é fofo!

Juro que nossos papéis parecem estar invertidos. Eu literalmente passei um mês inteiro dando em cima dele, para ficar nervoso na porra de um encontro. É como estivesse estragando com minhas próprias chances. Quero morrer por ser tão burro perto dele.

— Acho que vai ficar a marca no seu pescoço.

Ele declara ao ligar a luzinha do teto da camionete, passando o dedo por onde certamente está a linha do cinto. Sinto meu corpo se arrepiar com o toque, seus dedos não são tão suaves. Na verdade existem pequenas inconsistências, como se ele se cortasse com frequência ou, sei lá, tivesse tido calos. Mas minha pele se arrepia, porque são os dedos de Liam. E tudo em Liam parece doce e suave para mim.

TORTA, CAPPUCCINO & (DES)ENCONTRO | 𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶Where stories live. Discover now