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Existem formas gostosas de ser acordado.

Brett tinha o costume de me acordar com beijos, coisa que abomino, mas ele gostava e eu amava agradá-lo. Porém, sem dúvida nenhuma, a pior maneira de ser acordado era com um despertador berrando ao seu lado. A forma agradável que acordo agora...

Gemo dolorido com a fisgada na cabeça, causada pelo barulho, puxando o travesseiro que uso contra o rosto. Sentindo o gosto ruim na boca, certamente causado pela bebida alcoólica. De repente, beber não é mais tão legal.

Quando estou pronto para tirar o travesseiro do rosto, um braço pesado serpenteia meu corpo, me puxando contra um peito musculoso, e, bom, estou ressacado demais para recusar o convite silencioso, principalmente por ser uma superfície tão quentinha e acolhedora.

Atiro o travesseiro pro lado, me aninhando igual um cachorrinho, sem me dar ao trabalho de erguer o rosto para ver meu salvador. Tenho medo de fazer isso e sentir toda a alegria escorrer por meu corpo. A lembrança vivida da última vez que bebi ainda na memória, de ter acordado nos braços de um idiota do time rival. Babacas enrustidos!

Não sei que horas são, muito menos em que momento apago. Apenas me concentro na respiração calma e retorno a dormir, dessa vez, com um corpo embaixo do meu e braços me segurando firme. Acho que deveria ter pulado fora naquela hora. Erro de principiante!

Quando acordo pela segunda vez, não é o despertador que esta tocando e, sim, meu celular. Minha música preferida, a escolhida com todo meu amor, berra do aparelho e meu acompanhante de quarto pragueja baixinho, firmando suas mãos na minha cintura, girando nossos corpos para me ter embaixo dele, sua cabeça no meu pescoço.

Como a pessoa mais controlada, é claro que suspiro pelo ato, sentindo seus lábios roçando a pele de meu pescoço. Minha cabeça ainda dói, mas felizmente o celular para de tocar, possibilitando uma volta ao sono para meu companheiro de quarto.

Respiro fundo, buscando coragem para descobrir com quem transei na última noite, me martirizando por não saber controlar meus próprios desejos quando bebo alguns copos de álcool. Por isso não se pode virar a Liam vadia, Dunbar!

Se você continuar pensando, vai queimar seus neurônios, passarinho.

Oh, merda!

Sinto vontade de morrer ao reconhecer a voz rouca contra meu pescoço. Enquanto Theo parece estar sorrindo contra minha pele, fazendo todo meu corpo esquentar quando seus lábios encostam nela de forma preguiçosa, firmando seus braços na minha volta, num meio abraço, antes de apoiar suas mãos no colchão e pairar sobre mim.

— Se bem que estou desconfiado de já ter os queimado ontem a noite. — um sorriso gigantesco está na sua boca, os olhos piscando em inocência, bonito demais para meu coração não acelerar — Você vai falar alguma coisa ou apenas vai me encarar assustado?

Encolho os ombros, sentindo minhas bochechas queimando, sentindo mais uma fisgada na cabeça, deixando claro que isso é real mesmo e não fruto da minha imaginação. De repente, me pergunto como estou tão calmo, ao invés de estar surtando.

— Quer que eu te atualize sobre como acabou parando aqui? — confirmo, mesmo lembrando exatamente o que aconteceu durante a madrugada — Nos encontramos na festa do pessoal de artes, Melania. Você foi com Lori e eu estava junto com um amigo meu.

Arqueio as sobrancelhas em deboche, não sou ingênuo o suficiente para me deixar ser enganado com esse papo de "amigo", ao mesmo tempo que não tenho o direito de ficar com ciúmes disso. Theo apenas precisa admitir, Joe não é apenas seu amigo, Joe é algo a mais. Algo suficiente forte para que use o termo "nossos amigos" ao se referir aos amigos deles. Como a porra de um casal.

TORTA, CAPPUCCINO & (DES)ENCONTRO | 𝓣𝓱𝓲𝓪𝓶Onde histórias criam vida. Descubra agora