Prólogo

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Suspirei mais uma vez ao ver minha conta de luz. 

-Como que vou pagar isso aqui, meu Deus? -Murmurei olhando o valor que havia dado. 

Meu salário mal estava dando pra pagar as contas. Isso me desesperava. 

-Tia, a senhora está bem? -Meu sobrinho de 6 anos perguntou. 

O encarei e senti meus olhos queimarem. 

Como eu queria dar uma vida melhor pro meu Théo. 

Vamos lá.

Meu nome é Mariana e eu moro em um mini apartamento com meu irmão e meu sobrinho. 

Nossa vida não é muito fácil. 

Meu irmão trabalha em um restaurante o dia inteiro. 

Eu sou recém formada em Arquitetura e Urbanismo, mas tenho pouquíssimo trabalho, ou seja, o dinheiro não está dando nem para pagar as contas direito. 

A pergunta que não quer calar: Cadê a mãe do seu sobrinho? Por que está com ele? 

A mãe de Théo morreu no parto e isso cagou tudo. 

A família da minha ex cunhada culpa meu sobrinho pela morte da filha e por isso não quer nem o ver por perto. Ou seja, é tudo com a gente. 

Mas eu amo o meu pequeno. Ele é como um filho pra mim. 

Quando trabalho, o deixo com uma senhora vizinha nossa, ela o leva pra escola e tudo. A pago com um valor simbólico e fica tudo tranquilo. 

Mas não quero mais isso. Eu quero evoluir. 

Abri meu computador e por incrível que pareça, no site de notícias apareceu em letras chamativas. 

"Seleção BBB22. Envie sua inscrição."

Olhei pro meu sobrinho assistindo desenho. Olhei pro computador. Abri o site do BBB. Comecei a digitar. 

Eu estava me inscrevendo no Big Brother. Alguém me ajuda. 

Meses depois...

Estava terminando de guardar as últimas coisas na minha mala para me confinar. 

Eu ia pro BBB! 

Nem acreditei quando recebi a ligação. 

Meu irmão ficou feliz por mim. Nossos pais também, mas estavam com medo. 

Confesso que eu também estava, mas era tudo ou nada. 

Já havia ido na casa dos meus pais me despedir. 

Me despedi da minha princesinha vulgo Ester, minha melhor amiga. 

Só faltava Marcos e Théo. Pra mim, os mais difíceis. 

-Titia, a senhora vai viajar? -Théo me perguntou baixinho. 

Suspirei e o chamei com o dedo. Ele veio correndo e me abraçou, ali eu desabei em chorar. 

-Meu amor, a tia vai ficar longe um pouco, tá? -O apertei em meus braços. -Mas você vai ver a titia, pede pro seu papai botar na televisão e fica tudo certo. 

-Mas não vou poder te abraçar, tia! -Ele ficou bravo. Soltei um risinho e deixei um beijo em seu rosto. 

-Mas eu vou estar aqui dentro. -Apontei pro seu coração. -Titia também vai estar pensando toda hora em você. 

-Eu te amo, tia. -Ele me abraçou. 

-Também te amo, amor. 

Depois de um tempo, nos separamos e dei de cara com meu irmão. 

-Eu te amo, sabe disso, né? -Assenti me levantando. -Mas toma cuidado, você vai estar em rede nacional. 

-Eu sei, Marcos. -Suspirei. -Mas é tudo ou nada. 

-Vem dar um abraço. -Ele abriu os braços. 

Corri e o abracei. Eu sentiria sua falta. 

-Se cuida, tá? -Falei ainda o abraçando. -Cuida do nosso pequeno. Não deixe ele ficar doente, não fique doente e continue cuidando dos nossos pais. Vai dar tudo certo. 

-E você se cuida também. -Ele disse. -Cuidado com as pessoas, com o seu jogo. E pelo amor de Deus, se tu ficar com alguém, pensa 100 vezes antes de ir pro edredom. Tem nossos pais, eu e o Théo. 

-Cala a boca, Marcos. -Bati em seu ombro. -Meu foco não é esse. 

-Mas acontece, gata. -Ele deu de ombros. -Ainda mais que é uma mistura de emoções, vocês estarão juntos 24 horas por dia. Mas se for pra se envolver, que seja um cara responsa, se não entro naquela casa e desço a porrada nele. 

Dei risada de sua fala. 

Meu irmão era doido. 

Eu estava me sacrificando para poder entrar nesse programa. 

Só espero que dê tudo certo. 



O Improvável  I Pedro ScoobyWhere stories live. Discover now