1: CORNO 🐮

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Ser eu nunca foi fácil, mas ultimamente a vida tem caprichado.

Segurando uma pasta de cópias de matérias nos braços, enquanto carregava uma mochila que parecia ter duas vezes o meu peso, eu apertei mais uma vez a campainha em minha frente, mudando também o meu peso para a outra perna.

Quando meu pai abrir essa porta, eu sou plenamente capaz de acertar um soco em sua cara.

Quando fui atendido, não foi por meu pai, e sim por um moleque que devia ter no máximo 7 anos de idade. Eu olhei para sua cara e ele olhou para a minha. Tínhamos narizes iguaizinhos. Valeu, pai.

— Vai chamar seu pai — mandei, apontando para dentro da casa dele, e ele enfarruscou a cara, antes de se virar, correndo e chamando nosso pai.

Enfim, vi a figura do homem que me fez apontar na escada, vindo até mim, ele deu um sorriso amarelo. Literalmente amarelo, e olha que eu já avisei que cigarro é uma merda.

— Jimin — ele me chamou, jogando um pano no ombro. — Viu o Seo? Ele está grande, não?

— Sim — sorri. — Daqui a pouquinho o senhor já pode abandonar ele também.

Fechando a cara, ele fechou também a porta atrás dele, vindo para fora. — O que você quer?

— Se você atendesse minhas ligações, eu não precisaria estar aqui — avisei. — Eu não queria estar aqui.

Respirando fundo, ele cerrou os punhos por um momento, antes de relaxar. — Fala, filho.

— A Yezi precisa da sua assinatura para uma viagem pra fora do estado — disse, e tirei da pasta o papel. — A mamãe já assinou.

— E ela vai sozinha pra tão longe? — ele perguntou, apanhando a folha. — Isso é seguro?

Ah, que bom pai!

— Não se preocupe — disse. — Se ela morrer, você não precisa ir ao velório.

Pesado? Yezi entenderia, tenho certeza.

— Olha como fala comigo — ele disse, e eu vi seu maxilar marcar sob a pele. — Você está cada dia pior.

— Sim — falei. — Acho que sou mesmo seu filho.

Ele arfou, parecendo frustrado. Eu não podia me importar menos. — Por que toda vez é isso, Jimin? — me perguntou. — As coisas com a sua mãe não deram certo, mas ainda somos pai e filhos. Eu mereço respeito.

Eu não respondi de imediato, fiquei um tempo ponderando, escolhendo qual de seus pontos eu atacaria. — Pai… eu não dou a mínima se a gente é pai e filho. Eu deixei de me importar com isso no dia em que você deixou o olho da minha mãe roxo. No dia em que eu tive que levar minha mãe no pronto-socorro, eu percebi que você ser meu pai não acrescentava na minha vida, além de desgraça.

Meu pai ficou um tempo em silêncio, assim como eu fiz, mas eu sabia que ele não iria contra-atacar, e sim se defender. Foi exatamente o que ele fez: — Eu mudei. Mudei mesmo. Pergunte a ChangHa, veja com seus próprios olhos, eu sou um bom marido e pai agora.

— Você quer um troféu? — perguntei, sem conseguir segurar um sorriso dissimulado. — Que bom que você não bate na sua esposa… todas as vezes que você espancou a minha mãe, serviram pra te tornar um homem melhor, né? Acho que isso é o que realmente importa.

— Se você não pode reconhecer que eu mudei — disse ele. — Por que continua lembrando de tudo isso? Se não quer o meu pedido de desculpas, nem a minha mudança, por que continua tocando nesse assunto?

Volte Duas Casas {jikook}Onde as histórias ganham vida. Descobre agora