CAPÍTULO DOIS

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As aulas passaram todas voando, ao contrário da de Henry, que parecia que Zach havia ficado mais de horas sendo torturado a não encarar os olhos verdes toda vez que ele o olhava. E o pior era que essa não seria a única aula de História da semana. Ainda teriam muito mais pela frente, pelo ano inteiro.

Quando chegou o horário do intervalo, Zach foi zoado pelo grupinho dos garotos mais velhos e isso já era costume, talvez nunca iriam esquecer aquele vexame. Mas, o moreno quase não ligava mais, tinha certeza que depois de ir à psicóloga havia melhorado de seu ataque de pânico quase cem por cento.

Zach voltou da escola caminhando ao lado de Noah que estava animado, o trio havia combinado de ir tomar alguma coisa no dia seguinte depois da escola e o primeiro dia havia sido um sucesso para o loiro. Mas não pra Zach. Agora seu vizinho que parecia uma escultura de mármore agora era seu professor de História.

─ O Sr. Scott é muito melhor que o antigo professor. ─ comentou Noah de modo aleatório.

─ Não acho que ele tenha idade pra ser nosso professor. ─ retrucou Zach pensativo.

─ E você acha isso um problema? ─ Noah ergueu a sobrancelha, confuso e depois deu uma risada. ─ Ele ser adolescente como nós, vai fazer com que nos entenda e ele parecia saber do que tava falando, Zach.

Realmente, disso não tinha como não concordar. Henry começou a aula falando como se já estivesse realmente vivenciado os períodos históricos e tudo mais. Com muita emoção e com uma voz de anjo.

─ Ele também é meu novo vizinho. ─ falou Zach, fazendo com que Noah o lançasse um olhar surpreso.

─ Isso é uma ótima oportunidade pra que você possa conhecê-lo. Ele parece gente boa. ─ disse Noah em seguida e Zach parou no meio do caminho como se tivesse escutado uma piada.

─ Eu não quero conhecê-lo. ─ respondeu fazendo em negativa com a cabeça e achando aquela ideia absurda. Depois voltou a andar.

─ O que deu em você? ─ Noah levantou as sobrancelhas achando a atitude do amigo um tanto estranha.

─ Sei lá, Noah. Que tipo de pergunta é essa? ─ revirou os olhos impaciente e apertou o passo.

─ Eu também não sei, mas você ficou todo rígido na cadeira quando aquele professor apareceu. ─ Noah fez uma careta confusa enquanto Zach negava tudo com a cabeça.

─ Eu só achei ele esquisito, tudo bem? ─ falou e parou ao perceber que já haviam chegado até a casa de Noah. ─ A pele dele é muito pálida e ele tem um olhar como se quisesse matar alguém. Esquisito. 

─ Não vem com essa, Zach! ─ o loiro bateu no ombro do amigo dando uma risada baixa. ─ Vai me dizer que acha que ele é um morto-vivo agora?

─ Idiota. ─ Zach empurrou o loiro, revirando os olhos e os dois riram se descontraindo.

─ Te vejo amanhã, Zee. ─ disse dando um abraço no moreno e indo em direção a porta de sua casa.

Zach se despediu e pegou a linha reta em direção a sua própria. O vento começou a ficar frio mesmo que ainda nem era nem uma hora da tarde e quando o moreno começou a chegar perto da casa azul, sentiu o coração acelerar e para parar com o nervosismo repentino, Zach apertou o passo, olhando para o chão e chegou em sua porta o mais rápido possível.

Ele sabia que a casa era só dele até de noite, pois sua mãe só deveria voltar esse horário. Trycia também comia no hospital com os colegas de trabalho pedindo marmita. Então, Zach tinha que preparar sua própria comida no almoço e as vezes também no jantar, ele sabia o que fazia. Usava o pote de miojo e esquentava no microondas na maioria das vezes. A comida saudável que ele tinha pelejando para esse ano, ficava para a lista de metas do ano seguinte.

Zach preparou seu almoço e depois que comeu, se sentou em frente a TV com o celular em mãos e ficou sem fazer nada enquanto as horas passavam. Teve um dia tranquilo, sempre com vontade de bisbilhotar a casa ao lado, fazendo isso algumas vezes até e quando chegou a noite, sua mãe havia voltado para jantar, o que ele agradeceu, pois não queria ficar mais sozinho.

A comida de sua mãe era mil vezes melhor do que a sua, mas não iria admitir isso jamais. Depois do banho, os dois se sentaram pra comer, Trycia perguntou como foi o primeiro dia de aula e Zach bufou em resposta. Ele não sabia o porquê de estar tanto incomodado pelo fato de seu vizinho super atraente ser seu professor.

─ Foi bom, muito interessante e eu e os meninos, Logan e Noah combinamos de sair amanhã. ─ falou brevemente, recebendo um olhar estranho da mãe.

─ Uau, isso é otimo. ─ ela respondeu em seguida depois voltou a comer. ─ Bom, conheceu gente nova, entrou alguém novo na escola?

A primeira coisa que veio na cabeça de Zach foi Henry Scott, ele havia demorado muito pra tentar esquecer aquele olhar que quase atravessava sua alma e agora havia lembrado de novo por culpa de sua mãe.

─ Não, ninguém novo. ─ fez em negativa com a cabeça, ainda bem que ela não sabia quando estava mentindo. Zach deu um gole na bebida. ─ Todas as mesmas coisas de sempre. Bem monótono.

─ Pelo menos matou a saudades dos seus amigos. ─ Trycia sorriu e Zach fez o mesmo, agora com o corpo mais relaxado.

─ É. Noah me contou como foi a viagem e Logan vai dizer tudo amanhã na lanchonete, presumo. ─ o garoto deu de ombros e limpou a boca com o guardanapo.

─ Logan é um bom garoto. ─ a mãe comentou. Zach sabia que Trycia tinha uma pequena quedinha pelo pai de Logan quando eles iam na reunião de pais da escola. E era estranho ver sua mãe flertando com o pai de um melhor amigo seu.

─ Ele é. ─ Zach concordou.

Os dois acabaram de comer. Zach quando foi lavar a louça, olhou mais uma vez para a casa azul pela janela e viu que a cozinha estava acesa também, do outro lado. Ele parou de olhar só quando percebeu o quão estranho aquilo estava e tentou focar em outra coisa.

Trycia foi deitar mais cedo, pois havia tido um longo dia de trabalho, ela se despediu do filho e foi pro quarto. Zach passou mais algumas horas vendo televisão na sala e quando foi chegado lá pras dez da noite, subiu as escadas para se arrumar pra dormir.

Zach chegou ao banheiro, fez sua higiene noturna e depois chegou até o armário para escolher uma roupa confortável para dormir. Depois que se vestiu, acabou por desviar os olhos até a casa ao lado novamente. O moreno percebeu que havia uma janela em direção a sua, permitindo ver um espaço bem grande da casa de Henry e parecia ser um quarto.

Tudo ficou ainda mais interessante quando o dono das "esquisitices" apareceu e nem notou a presença de Zach o observando do outro lado da janela. O moreno ficou quietinho e sem fazer nenhum barulho, chegou pra próximo da beirada para matar ainda mais sua curiosidade.

Os olhos castanhos focaram fixamente quando Henry levantou a camisa cinza para cima, a retirando com leveza e uma certa sensualidade. Zach não conseguiu piscar quando seus olhos foram de encontro ao abdômen esguio do outro, os músculos não eram tão fortes como parecia ser, mas as curvas pareciam ser desenhadas em linhas certeiras, com precisão. Mas, tudo o que mais impressionou Zach foram as tatuagens em volta daquela região do corpo alheio. Eram tantas que o moreno desistiu de contar e se Henry fosse mesmo da idade dele, era impossível que pudesse fazer aquelas coisas no corpo daquele jeito.

Assim que Henry levou as mãos até a calça para retirá-la, Zach prendeu a respiração, totalmente ansiando para ver mais daquela cena e isso o entregou por completo, pois, como era bastante desastrado, acabou encostando na escrivaninha ao lado, centímetros o suficiente para que soltasse um ruído baixo pelo chão que fez com que os olhos verdes o encarassem na mesma hora, pegando Zach totalmente desprevenido.

O coração do moreno quase saltou pela boca e ele tinha certeza de que suas bochechas estavam coradas ao extremo. Henry passou seus olhos sem pudor nenhum pelo corpo de Zach ao máximo que ele conseguia ver pela janela, passou a língua pelos lábios, umedecendo os mesmos e depois soltou um sorriso perverso em sua direção em uma fração de segundos. Aquilo deixou Malik imóvel, com os pés colados no chão.

Henry fez em negativa com a cabeça parecendo rir da situação e caminhou até a janela, fechando as persianas da cor vinho como sangue, bloqueando de uma vez por todas, a visão que Zach estava tendo.

O Vampiro Mora ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora