Capítulo Seis: Pesadelo ou realidade?

36 6 28
                                    

* O capítulo a seguir vai apresentar palavras de baixo calão, então, principalmente para o público jovem, deixo avisado logo já.

<<<•>>>

Não sabia há quanto tempo estava ali, muito menos onde estava. A paisagem era imutável, e os minutos passavam tão devagar que não conseguia nem mesmo dizer se permanecia viva. Naquele momento, a Hale só tinha certeza de uma única coisa: estava caindo. Podia sentir algo puxar-lhe para baixo, e quanto mais submergia, mais o seu peito apertava e mais o seu corpo doía, era um sofrimento avassalador que lhe fazia querer gritar o mais alto que conseguisse, embora que não houvesse ninguém para acudi-la.

— O que é isso? — uma voz ecoou na escuridão até entrar diretamente em seus ouvidos, mas estava tão acostumada com a sua mente a pregar-lhe peças que basicamente ignorou a pergunta. — Esse desespero... essa culpa... eu não entendo...

De repente, sentiu como se estivesse sendo esmagada, e a dor que antes já estava num nível acima do normal tornara-se insuportável, algo a estava destruindo de dentro para fora lentamente, porém não lutou, não resistiu, estava cansada demais para ao menos tentar. Apenas os seus olhos marejados foram capazes de expressar o que seu corpo sentia, mas nada lhe observava a não ser as trevas.

— Você... O que ainda restou de você naquele mundo? Eu não consigo ver... tudo está tão cinza... — sua cabeça começou a doer repentinamente, e então, várias imagens de sua vida passaram como 'flashes' dentro de sua mente, desde que Helena estivera em sua casa pela última vez até desmaiar. — Não... não agora... — a voz era calma, porém, trazia consigo algo tão sombrio que apavorou a garota. — Está com medo de mim, criança?

Algo na escuridão se distorceu, criando alguns aspectos brilhantes em vermelho, e a medida que começava a se aproximar, ia tomando uma forma humanoide semelhante a uma pessoa. Novamente, a dor aumentou até um ponto em que fizera as lágrimas descerem desesperadamente, e continuou crescendo, parando somente quando a "pessoa" estava com o rosto a centímetros do seu.

— Ainda há algo aí dentro que não seja culpa ou agonia? — ele pergunta enquanto o anel ao redor de sua pupila migrava de preto para um tom vermelho cintilante. — Não... você está morta... não há nada aqui, certo?

Colocou a mão na cabeça da garota, e desta vez, os 'flashes' lhe mostravam Sarah, sua mãe, e Helena, ambas a sorrirem como se estivessem a vê-la... Durante poucos minutos, reviveu alguns dos momentos de sua vida que restaram em sua mente, mas não fora o bastante para despertar nem mesmo uma fagulha de esperança de que tudo fosse voltar a ser como antes. O ambiente logo mudou, risadas foram substituídas por gritos de dor, tiros intercalaram suas músicas favoritas, e então, o mundo silenciou, tornou-se branco, cinza e preto. Sem vida.

— Todos quem você ama são mortos... tudo o que você toca é destruído... os que restaram estão cansados, estão exaustos de pularem de penhascos para lhe salvar. Não percebeu ainda? — o homem se aproximou ainda mais, o suficiente para encostar a sua testa na dela. — Você está desaparecendo, Alex, está deixando de existir... Um dia, ficará invisível até mesmo para aqueles que desejam enxerga-la... e quando isso acontecer, pequena, eu voltarei...

Uma dor excruciante nos braços forçou sua mente a despertar mais cedo, mas, por algum motivo, não conseguia abrir os olhos, não conseguia se mexer. Por um momento, pensou que ainda estivesse dentro do pesadelo, entretanto, sentia a solidez da porta em que estava encostada, assim como a viscosidade do sangue em suas mãos. Isso é real... precisa ser...

— Você está aí? — seu coração começou a bater mais rápido ao ouvir aquela voz, como se estivesse a correr de um monstro em meio à escuridão. — Alex?

𝗜𝗿𝗼𝗻 𝗚𝘂𝗮𝗿𝗱𝗶𝗮𝗻 || ᴏ ᴅᴇꜱᴘᴇʀᴛᴀʀWhere stories live. Discover now