quinto

159 38 22
                                    

TW: automutilação, bullying,
ansiedade social/fobia social, depressão.

(Talvez possua outros possíveis gatilhos,
se for uma pessoa sensível, peço que
pule a partir do momento que aparece o segundo símbolo de: 🜲 )

•••

05. riddle

_____✰_____

“Você diz que nós nunca podemos parar de ser curiosos, para sempre abrirmos qualquer porta de curiosidade que podemos encontrar.”

Dustin

— Stranger things

_____✰_____


Assim que Sun-hee adentrou a mansão, a primeira coisa que fez foi tirar os saltos altos que incomodavam seus pés, ficando descalça e mais confortável. Pegou o salto em mãos e andou com lentidão para que subisse os degraus da escada que levava para o segundo andar.

Pegou no corrimão para que não caísse e caminhou pelos corredores, abriu a porta e entrou no cômodo grande. Jogou os sapatos de toda forma no chão, fazendo com que fizessem um barulho pelo impacto com o chão. Não se importava.

Sentou na cama de casal e esfregou as mãos delicadas no rosto que mantinha uma maquiagem pesada para esconder as olheiras que indicavam a noite em claro. A maquiagem, antes intacta, estava borrada pelas lágrimas que escorriam em velocidade pela derme clara. Fazendo com que acrescentasse um aspecto dramático ao seu rosto, pela maquiagem totalmente borrada.

Os fios castanhos eram puxados com agressividade pelos dedos trêmulos da mulher. Queria uma forma para acabar com a dor no peito que sentia. Queria uma maneira para por tudo o que sentia para fora. Queria gritar. Ela queria, realmente queria.

Então ela gritou.

Um grito que rasgou seu peito, mas que pôs toda aquela dor para fora. Nem toda, porque tudo era muita coisa. Porque ás vezes é necessário transborda. E ela transbordou.

Se sentia sufocada. O choro que rasgava sua garganta e se intensificava a cada minuto passado.

Colocou as mãos no ouvido os tampando, enquanto chorava, gritava e, principalmente, sentia a dor. A dor da perda. Novamente. Sentia todos os sentimentos que mais havia temido durante anos.

Durante os últimos três anos, temeu a dor. Apenas não esperava que sentisse aquele sentimento novamente. E temia senti-lo novamente.

Como temia.

Ainda que a dor de perder um amigo — quase irmão — não fosse tão sufocante quanto perder um filho. Continuaria a doer e nada poderia mudar aquilo.

Era seu melhor amigo. Seu maior companheiro durante a infância, adolescência e vida adulta. O homem que presenciou diversos momentos confidentes e segredos que morreriam alí para a eternidade.

Agarrou um travesseiro e o prendeu contra o seu corpo, os braços magros o prendiam fortemente. Mesmo que o ombro ferido doesse pelo esforço que ela fazia, aquela dor física nunca poderia ser comparada a dor emocional. Porque ela continuaria, sempre, para a lembrar de sua existência. Ela discontava alí toda a sua dor e então chorou baixinho. Como se temesse ser ouvida.

Shadow • jhs + mygWhere stories live. Discover now