Capitulo 8

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Autora pov:

Após tomar um banho e vestir uma roupa confortável, uma legging preta e um suéter na cor roxa, e deixando os cabelos soltos, Selene decide ler um pouco, ela pede a casa, se sentindo uma tola por falar sozinha mas logo esse pensamento evapora quando o livro desejado aparece em sua frente, no centro de mesa, junto com uma xicara de chá que ela não tem ideia do que é feito mas que têm o delicioso aroma de canela e cookies de chocolate.
Algum tempo se passa ao qual Selene devora o livro que está lendo, Easy, o nome, ela escuta uma batida na porta, um pouco forte, e ela deduz que seja Cassian, tanto pelo seu cheiro quanto pelo fato dela ter sentido alguém se aproximando.
Deixando o livros, chá e biscoitos em cima do centro no meio da sapa, ela caminha até a porta a abrindo e encontrando um Cassian com roupas de frio, e o rosto meio avermelhado por causa do frio, sem falar que há flocos de neve em seu cabelo e asas.
- Veio voando? - Pergunta ela séria e ele assente com um sorriso.
- Não se pode atravessar para dentro da barreira então tive que voar.
- ah, certo - diz dando espaço para que entre, ele o faz, ela mal notou que ele trás uma bolsa consigo.
- O que têm aí? - Pergunta e ele a olha colocando a bolsa em cima da mesa, Selene não sabe por quê sentiu um frio na barriga com seu olhar, e ela não gosta disso, não pode gostar.
- Algumas coisas para jantar, imaginei que não iria querer cozinhar, seria trabalhoso, então trouxe jantar para nós - fala casualmente.
- Nós? - ergue uma sobrancelha e Cassian trava a olhando.
- Sabe o que é, é que eu não pude...- ele para tentando se explicar e ela prende o riso.
- Tô brincando relaxa - os ombros dele caem um pouco pra baixo e ele ri ainda meio nervoso.
Mas a atenção de Selene é capturada quando ele retira pequenos potes da bolsa, não tão pequenos.
Carne assada, Salada, um bolo de chocolate, pães e pequenos cookies, a boca de Selene saliva e ela se aproxima pegando pratos e talheres.
Cassian arruma a mesa e pega duas taças, ambos em silêncio.
Uma garrafa de vinho aparece no meio da mesa.
- Então, como estão as coisas por lá? - pergunta despreocupada.
Ela não se arrepende do que fez com Mor e não se importa com ela.
Ela não vai fingir que se importa para agradar ninguém, ainda mais quando a fêmea não fez nada para que Selene gostasse dela.
- Até que tranquilo, Mor e Azriel ainda se ressentem mas Rhys e Amren os acalmou.
- Certo, e meu irmão? - pergunta interessada.
- Ele tá bem, treinando, e conversando normalmente com os outros - ele nota Selene revirando os olhos e fica curioso com sua revolta para com essa espécie - por quê nos odeia?
A pergunta pega a Original de surpresa.
- Não odeio vocês, só acho que não é necessario que respirem o mesmo ar que eu - fala superior e Cassian gargalha.
- Mesma coisa, eai porquê?
Ela suspira impaciente começando a comer e depois de um tempo responde - fui ensinada a odiar feéricos, ou qualquer outra espécie, Thybaut, o feiticeiro que nos ensinava nos treinou e nos alertou para nos defendermos de feéricos e tinhamos que odia-los, não poderiamos fazer outra coisa senão isso - fala perdida em pensamentos, seus olhos têm um brilho triste que logo some dando lugar a frieza habitual.
- E se fizessem? - Cassian parece verdadeiramente interessado.
- Éramos castigados - fala e desvia o olhar começando a comer, Cassian sabendo que ela não quer falar mais apenas come em silêncio, imaginando o quanto ela teve que treinar e o quanto deve ter sido castigada por sequer citar o nome dos feéricos.

                             [...]

Após o jantar silencioso, ao qual Cassian teve que se beliscar várias vezes para calar a boca e evitar que Sel arrancasse sua cabeça ele decide acabar com o silêncio mortal.
- Do que você gosta? - Pergunta tentando acabar com o silêncio desconfortável.
- Matar - Fala como se fosse óbvio e Cassian engasga com o vinho.
- Isso é...peculiar- fala fazendo uma careta e ela prende o riso.
- Certo, eu gosto de lutar, de treinar, também leio e gosto de sair e beber - Cassian ergue as sobrancelhas - ah quase esqueci, eu amo trepar - diz casualmente fazendo Cassian engasgar com o vinho que estava bebendo, ele tosse descontroladamente e pode escutar a risada de Selene, tão...espontânea.
- Que foi? - Pergunta quando vê ele a olhando fixamente.
Cassian volta a realidade e procura uma desculpa para o fato de que ela o pegou a encarando.
- Nada é que você é tão...espontânea.
- Eu sou sem filtros, milênios de existência fizeram isso comigo - a curiosidade de Cassian é atiçada e ele se vê perguntando.
- Falando nisso como vocês foram parar na prisão, quer dizer vocês poderiam ter saido de lá certo?
Selene suspira e se levanta indo até a sala e sentando no tapete felpudo encostada no sofá atrás de si, Cassian observa como ela se movimenta bem, sua postura é de rainha e uma guerreira ao mesmo tempo, e seu corpo esquenta novamente mas ele empurra isso bem fundo em si.
Ela dobra as pernas e apoia o braço no sofá.
Cassian senta ao seu lado, ajeitando suas asas atrás de si e uma garrafa de vinho aparece no meio dos dois ao qual ele enche as taças.
- Acho que sabe como fomos criados e por quem fomos treinados certo? - ele assente a fazendo continuar - Bom, quando a guerreira feérica prendeu os deuses da morte eu e Ruhn falamos com ela e fizemos um acordo. Isso foi antes dela prende-los, ela usaria nossa energia, que era muita e prenderia os três, por quê ela não tinha tanta  magia para esse tipo de feitiço e seu corpo feérico não tinha energia então demos a ela o bastante, e em troca ela nos prenderia também - fala tomando um gole do vinho.
- E por quê vocês queriam ser presos? - pergunta tomando seu vinho.
- Por quê era o desejo da mãe - fala olhando nos olhos avelãs do macho e ao ver sua cara de confusão decide esclarecer - Éramos para estar aqui hoje, ajudando vocês, quando a mãe nos deixou no mundo ela nos deu uma missão, teriamos que ajudar vocês exatamente nesse tempo, até lá teriamos que treinar e treinar, e quando a guerreira feérica prendesse os deuses da morte era para irmos junto, não foi do nada que Rhys simplesmente entrou na prisão e decidimos ajuda-lo, e sim era nossa missão, assim teriamos nossa liberdade para sempre - fala tomando o resto do vinho em sua taça e enchendo outra ao qual toma um longo gole.
- E esse feiticeiro, Thybaut, como ele era? - Cassian pergunta interessado e toma o vinho de sua taça a enchendo em seguida.
- Ele era horrível, ele não era um pai para nós e também não faziamos questão que fosse, ele nos treinou bem, e treinou nossos poderes, mas fora isso era horrível, quando estávamos eramos castigados e quando sequer citavamos o nome feéricos sem o nojo que ele nos ensinou a ter ele nos castigava - terminando a segunda taça selene tenta encher a sua novamente mas a garrafa estava vazia, e magicamente a taça enche sozinha.
- Quais eram esses castigos?
Ela o olha por um tempo e Cassian tem vontade de olhar para baixo, na verdade sempre que vê ela ele têm vontade de se ajoelhar e reverência-lá, como se a aura dela fosse tão poderosa que seus instintos reconhecessem e o mandassem fazer o certo.
E ele não duvidava que fosse.
- Chicotes, Correntes, nos deixava em um lago congelado sem roupa por dias, queimaduras, nada que nos matasse por quê não podiamos morrer e nossa cura feérica deu jeito em tudo, menos uma vez - seu tom é baixa quando fala essa última frase e Cassian aperta a taça em sua mão inconscientemente.
- Se não quiser falar sobre isso...- Ela o interrompe com um tom frio.
- Não, não me incomoda mais, uma vez ele não me deixou curar, depois de me chicotear por eu querer visitar o mundo feérico ele disse que não era para eu usar meus poderes de cura e os bloqueou totalmente, eu tive febre e achei que ia morrer, Ruhn tentou me ajudar e ele o castigou também - seu tom é raivoso, Cassian sente uma raiva crescente em si, e sua mão livre se fecha em punho, ele trinca a mandíbula ao imaginar ela sozinha e com as costas chicoteadas. Machucada.
- Eu ainda tenho as cicatrizes e não tenho mais ressentimentos.
- Sinto muito ainda sim, o que aconteceu com ele? - Pergunta e ela exibe um sorriso minimo.
- Eu o matei, após ele tentar castiga Ruhn por simplesmente dizer que feéricos não eram tão horríveis, eu o esmaguei com meu poder, na verdade eu queria machuca-lo mas a raiva foi tanta que eu decidi mata-lo - fala tomando mais vinho e Cassian nota suas bochechas avermelhadas e seus ombros menos tensos, o vinho deve estar fazendo efeito.
- Acho que já está bom de bebida por hoje - ele tenta pegar a taça da mão dela que levanta o braço, erguendo as sobrancelhas.
- Eu tenho milênios, faz séculos que não tomo um gole sequer de vinho e você quer que eu me contente com duas taças? - ele arqueia a sobrancelha quando vê que ela está certa.
- Certo certo, há algo que queira saber? - Pergunta tomando mais vinho.
- Conte-me sua história - pergunta e ele engole em seco, ela já os acha inferiores, quando souber que ele é apenas um bastardo...
- Não têm o que falar, pergunte outra coisa - fala tentando mudar de assunto e ela ergue uma sobrancelha e seu olhar deixa claro que quer saber - certo certo.
- Eu sou o filho bastardo de uma lavadeira de um campo Illyriano e um guerreiro desconhecido. Assim que eu consegui andar, fui enviado para um campo de treinamento distante. Como bastardo,  não recebi ajuda alguma e tive que encontrar minha própria casa, comida e roupas. Então recorri a desafiar outras crianças para lutar e receber suas roupas como prêmio - a vergonha assolando seu ser, mas Selene mantém apenas uma máscara indecifrável. Ele continua.

- Quando Rhysand foi levado ao mesmo campo de treinamento, eu  lutei por sua nova roupa limpa, causando-lhes três chicotadas cada, que era considerado um incentivo para continuar lutando pelos padrões IIIyrianos.

"Naquela noite, quando Rhysand voltou para casa com sua mãe, me viu atravessando a lama para chegar a barracas fora do campo. Rhysand não aceitou bem, entendendo o que realmente significava ser cuidado, e me acordou no meio da noite para levá-lo à sua casa. A mãe de Rhysand me pegou e forneceu-me uma casa e um abrigo depois disso. No entanto, Rhysand e eu nos odiamos até Azriel chegar ao acampamento e nós entendermos que eramos os membros mais fortes, o que significava que nós tinhamos uma melhor chance de sobreviver se ficassemos juntos, e aí nossa amizade ao longo da vida começou.

"Durante A Guerra, quando o pai de Rhysand viu que seu filho tinha se aliado com os dois guerreiros Illyrianos mais poderosos (Azriel e eu), temendo que nós  três nos voltassemos contra ele, ele nos separou. Rhysand recebeu o comando de uma legião, Azriel foi mantido como encantador de sombras em sua corte, e eu fui nomeado soldado, mesmo que meus poderes superassem muitos de seus superiores"

"Embora, como um bastardo Illyriano deveria ter uma posição inferior para sempre, a minha força e poder levaram-me ao topo das hierarquias, como Comandantes Geral da Corte Noturna e ao Círculo Íntimo de Rhysand, quando ele se tornou o Grão-Senhor da Corte Noturna "
Ele olha para Selene que têm um olhar sem emoções, ele não sabe que por dentro ela sente uma pequena faísca de raiva, e apesar de odiar sentir algo como isso ela não pode deixar de sentir.
- O que aconteceu com sua mãe? - perguntou e ele segurou a taça fortemente.
- Morta, a vila illyriana onde morava foi destruída, eu me vinguei mas isso não apagou o que aconteceu - Fala olhando para o chão.
Selene trava, sem saber o que fazer diante da faísca dentro de si que cresce gradativamente, ela nem mesmo nota quando murmura as palavras.
- Sinto muito - Sua voz é tão sincera que ela é Cassian se surpreendem e ela coloca culpa no vinho.
- Tudo bem - Diz e fica em silêncio.
- O que você gosta de fazer? - Pergunta erguendo as sobrancelhas e Cassian ganha um pouco de brilho no olhar.
- Eu gosto de treinar, gosto de sair e beber com minha família e gosto também das guerras de bolas de neve com meus irmãos.
- Guerras de bola de neve? - Pergunta risonha e ele assente.
E então começa a explicar as tradições de seus irmãos.
Ele também fala como cada um dos seus amigos se tornaram sua família e como Amren e Mor, se tornaram as segunda e terceira no comando respectivamente.
Ele também conta a história de Feyre, decidindo que quer mudar a perspectiva que Selene têm dos Feéricos, para que ela entenda que eles não são ruins.
E de fato funciona já que Selene se vê pensando que talvez todo esse tempo ela tivesse uma ideia errada  dos feéricos e devesse pelo menos conviver com eles normalmente.
E eles conversam a noite toda sobre ambos e seus gostos e aventuras.
E eles se sentem em paz um com o outro, apesar dela não admitir isso.












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