Capitulo 23

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Andando pelos corredores da corte Selene novamente para em uma janela para olhar a paisage lá fora.
As montanhas distantes cobertas de vegetação deixavam a corte ainda mais bela.
Era de fato lindo de ver.
De um lado as cidades, elegantes e ao mesmo tempo acolhedoras, ruas movimentadas por feéricos alegres, como se não soubessem da ameaça a espreita.
E do outro as montanhas completamente cobertas por grama e flores.
E o sol por entre elas...
Era maravilhoso.
Ainda sim ela sabia que aquele não era o ponto alto do dia.
Como o próprio nome diz, a corte fica ainda mais bela ao crepúsculo.

Ela sente uma presença ao seu lado e se vira dando de cara com Helion, que caminha com um grande sorriso em sua direção.
Selene franze as sobrancelhas, estranhado a atitude do grão-senhor.
- De todos que imaginei encontrar a essa hora, você definitivamente é a última - diz se aproximando, o sorriso ainda descansando no rosto.
- Não durmi direito - ela responde apenas.
Analisando o grão-senhor.
Helion é de fato um macho muito bonito.
Sua pele escura e sua beleza surreal combinando com suas roupas típicas da corte diurna o faziam parecer um deus, e com a coroa em forma de sol na sua cabeça...
Ele era o próprio Deus sol.
Os olhos ambares fitaram Selene com curiosidade.
- Apesar de achar que ja nos conhece eu gostaria de me apresentar - Diz fazendo uma pequena reverência com a cabeça - sou Helion.
- Grão-senhor da corte diurna - diz devolvendo a reverência e Helion assente sorrindo - Sou Selene.
- Devo dizer que é uma prazer ter uma companhia tão bela, ainda que o momento não seja dos melhores - fala sorrindo galante e ela revira os olhos.
- Melhor poupar esforços, não irei cair em seus jogos - fala voltando seu olhar para a paisagem lá fora.
- Não me culpe por tentar - ele diz brincalhão e ela prende um riso com a falta de vergonha dele.
- Mas o que faz aqui? - volta a perguntar e ambos começam uma caminhada lado a lado - digo andando a essa hora pelos corredores.
- Apenas pensando - fala distante e ele a fita.
- No General? - sua pergunta faz Selene enrijecer o corpo e o olhar desacreditada por um milésimo de segundo mas logo sua expressão volta a frieza habitual.
- O que está dizendo?
- Nada, apenas notei os olhares entre vocês e deduzi que existe algo além de amizade - fala dando de ombros.
- Não há nada acontecendo - corta a fala dele que sorri sabendo que ela mente.
Selene de repente não sabe como chegaram a um assunto tão...intimo.
Ela não confia no grão-senhor para conversar algo assim com ele.
E mesmo se confiasse, não contaria com facilidade.
- Sei.
- Pare, não sei como chegamos a esse assunto mas eu claramente não vou conversar sobre minha vida pessoal com quem acabei de conhecer - diz parando de andar e o grão-senhor faz o mesmo a olhando.
Mas em seus olhos não há o olhar galante habitual.
E sim um olhar de conforto.
Como se ele soubesse por quê Selene se fecha tanto para o que acontece ao seu redor.
Mas ele não sabe tudo.
- Apenas me deixe dar um conselho, como alguém que já passou por algo parecido - seu tom é tão sincero que Selene se permite ouvir apenas para saber o que ele dirá - Não deixe para amanhã, o que pode fazer hoje. Amanhã pode ser tarde demais.

Ela se surpreende com o conselho mas apenas fica calada, processando enquanto o grão-senhor se afasta.
Até que a pergunta dela o faz enrijecer - É ela não é? Naia? - fala e Helion se vira, tristeza brilham nos olhos ambares antes que ele fale em um tom baixo.
- Siga meu conselho - e se vai.

Ela realmente não sabe como essa conversa acabou de acontecer.
Mas aconteceu.
E talvez seja a mãe lhe dando um conselho.
Ou brincando com ela.
Ela nunca vai saber.
O fato é que Selene não pode deixar de pensar no que sente em relação a Cassian.
Ela não sabe.
Ela nunca gostou de alguém.
Nunca amou ninguém.
Ela já quis sim amar alguém.
Mas nunca soube como.
Decidindo voltar para o quarto minutos mais tarde e sabendo que todos já sairam para o café da manhã Selene decide sentar na sala de estar onde eles estão acomodados e beber uma taça de vinho, pensando no que aconteceu nos últimos dias.
Ela gosta de Cassian?
Seria possivel?
Não que ela não queira.
Apenas...teria como?
Selene sempre se imaginou fria demais em relação a sentimentos, mas e se essa fosse a chance dela finalmente descobrir como é ser feliz?
Como ela vai reagir?
A porta se abre e ela se prepara para Cassian entrando, mas não é ele que entra e sim Morrigan.
Decidindo ignora-la Selene continua a beber seu vinho com o olhar fixado na parede.
Ela sabe que Morrigan não é uma pessoa ruim, ela é uma fêmea boa e legal.
E sabe que se tivessem começado diferente virariam grandes amigas.
Mas tá aí algo que ela nunca teve.
Amigos.
A não ser seu irmão Selene nunca se aproximou o suficiente de alguém para se importar.
- Dia ruim? - Mor diz de repente atraindo a atenção de Selene que assente.
- Mais ou menos, e você? - diz e Mor assente sentando em outra poltrona com uma taça de vinho.
- horrível.
Ambas entram em um silêncio um tanto desconfortável, para Mor.
Ela se remexe tentando encontrar as palavras exatas mas acaba soltando de uma vez - Me desculpe.
Selene pisca - perdão?
- Eu não deveria ter agido como agi naquele dia, peço desculpas - diz olhando para ela que assente.
- Eu digo o mesmo, apesar de estar curiosa para saber por quê você explodiu naquele dia - diz e Mor suspira.
- Desde que Rhys se tornou grão-senhor a biblioteca da casa do vento foi transformada em uma espécie de abrigo acolhedor para fêmeas que passaram por trumas. Lá as sacerdotisas que passaram por momentos de terror se sentem em casa e nós praticamente deixamos a biblioteca em suas mãos, quando queremos entrar na biblioteca pedimos a permissão de clotho, uma sacerdotisa, ela pode impedir até mesmo Rhys de entrar lá, assim elas se sentem mais seguras em um lugar onde sabem que não serão ameaçadas.
O tom da fêmea faz Selene pensar e repensar em cada palavra antes de falar.
- Então eu peço desculpas por invadir o canto delas.
Mor parece surpresa com isso mas sorri para Selene, um sorriso verdadeiro e Selene abre um mais contido.
Ela sabe como é passar por momentos de terror, tendo Thybaut como pai isso era constante.
E ela não gostaria que invadissem seu espaço.
E imaginando o que as sacerdotisas passaram nas mãos dos machos cruéis, ela entende por quê ficaram com medo quando ela simplesmente entrou e pegou um livro, ainda mais sendo quem é.
- Não tive a chance de dizer isso mas, obrigado, por nos ajudar - Mor diz a olhando e ela assente se levantando.
- Eu odiava feéricos e se fosse em tempos diferentes provavelmente eu não os ajudaria - diz e Mor a questiona.
- O que mudou?
- Me fizeram perceber que o que aprendi sobre feéricos não era totalmente certo.
Diz antes de caminhar para seu quarto, onde se banhou e trocou de roupa começando a ler um livro.
E ela mal sabe quantas horas passaram antes que seu irmão entrasse no quarto parecendo bastante feliz.
Franzindo o cenho ela o olha desconfiada sabendo que ele quer algo, ou pelo menos ela acha.
- O que você quer? - pergunta desconfiada.
Ela vem percebendo que ele está...diferente.
Parecendo mais feliz, como se tivesse...não!
- Não posso visitar minha querida irmã? - pergunta ofendido colocando a mão no peito.
- Sim, mas você quer algo, o que é?
- Conselho - ele diz e ela se indireita na cama.
- E acha que sou a melhor pessoa pra isso? - pergunta arqueiando uma sobrancelha.
- Não - diz simples e ela o lança um olhar de raiva - mas é a única pessoa a quem eu posso perguntar essas coisas sem perder minha pose de macho frio e calculista  - diz sorrindo e Selene bufa uma risada.
- Tá, fala logo
- Sei que nunca aconteceu conosco mas você deve saber mais que eu pelo menos.
- Então? - pergunta e ele se senta a sua frente.
- Você acha que é possivel nos apaixonarmos? - pergunta esperançoso e ela assente parecendo perdida.
- Sim, por quê não? Somos feéricos normais - fala e ele olha para baixo parecendo esperançoso.
Selene pensa em como ele está mais feliz nos últimos dias e como ele está agindo de forma estranha como se...
- Ruhn, não me diga que está se apaixonando - diz parecendo assustada e ele a olha confuso.
- E se eu estiver? O que é que tem? - diz se levantando e passando as mãos no cabelo.
Ele parece nervoso.
Um barulho baixo é ouvido do lado de fora mas é tão baixo que Selene e Ruhn ignoram, estão concentrados demais em discutir que não vêem quem está na porta.
- Ruhn! - ela diz indignada e ele a olha frio.
- Você sabe que não pode fazer isso, não pode se apaixonar por ela, somos Originais, não podemos nos apaixonar por alguém assim tão fácil, ainda mais quando uma guerra está prestes a explodir - ela diz e o rosto dele muda.
Selene quase se assusta quando vê o rosto de seu irmão se tornar tão frio como o dela.
- Eu não estou apaixonado por Nestha, Selene - ele diz firme - estou apenas me divertindo, ela não significa nada para mim - ele diz.
- Não é assim, você não é proibido de amar, mas assim tão rápido? Você passou milênios sem se apaixonar por ninguém e agora em menos de um mês já se apaixonou? - ela diz e ele suspira.
- Eu não sei, ok? Não sei - ele diz.
- Se realmente gostar dela, então fique com ela - Selene diz surpreendendo seu irmão que a olha chocado.
- Mas, e você e o General? - ele diz erguendo uma sobrancelha e ela revira os olhos.
- Não há nada entre nós - diz e Ruhn sorri.
- Qual é? Sinto o cheiro dele em você, vamos lá, você gosta dele - pergunta sorrindo e ela bufa.
- Não gosto de ninguém - ela diz e ele assente.
- Se você diz...- deixa a frase no ar e ela começa a empurra-lo para fora do quarto.
- Vai, tenho que me banhar - diz e ele arregala os olhos se virando para olha-la.
- Você toma banho? - pergunta sarcástico e ela dá um soco em seu ombro que faz Ruhn gemer de dor e sair do quarto resmungando.
E então ela vai tomar banho.

Corte de Guerras e AmoresWhere stories live. Discover now