𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 1

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Helena

Suspiro, mal conseguindo respirar quando minha governanta aperta mais uma vez aquele espartilho.

— Nana, por deuses, acho que tenho curvas consideráveis para não precisar de tanto, aperto... -digo, sem fôlego.

— Se quer ficar com a cintura impecável, menina, e conseguir fisgar algum homem descente, deve aguentar. -ela disse.

— Mas se é um homem descente ele não vai reparar em minha cintura, isso é um tanto pervertido. -digo.

— Ah, você tem muito o que aprender. -ela diz.

— Não sei porque disto, quase não respiro. -digo.

— Serve para esconder a barriga, para deixar o busto uniforme e seios avantajados. -ela diz.

— Oh, não, não. —balanço a cabeça— não terei de abanar meu busto outra vez com o leque, pois não? -a encaro.

— Como pretende chamar a atenção de um cavalheiro? -ela pisca.

— Bem, com inteligência? Com meu jeito de ser? Com meus argumentos. -conto nos dedos.

— Querida, mulheres inteligentes não são bem vistas, são ignoradas, assim como mulheres cheias de argumentos, isso enfurece os homens. -ela diz.

— Os enfurece por saberem que há um ser que os supere? -questiono.

— Os enfurece, porque isso é algo deselegante. —ela diz, me ajudando a pôr o vestido cheio de babados— não vai querer um dia desrespeitar o seu marido com um comentário não pedido, vai? -ela questiona.

— Claro que não. —nego— mas se a situação pedir um comentário, mesmo que ele não tenha autorizado a minha fala, eu irei de fato dizer. Se não há soluções e eu encontro uma, por que não dividir com o alheio?

— Porque damas não devem fazer isso. -ela diz.

— Mas se eu não falar nada, como vou...

— Você tem sua aparência! —ela me encara pasma— seu belo rosto, e nunca subestime a linguagem do corpo. -abana as sobrancelhas.

Eu faço careta.

— E o que as damas devem fazer? -pergunto, a vendo apertar as costas daquele vestido.

— Você sabe muito bem, senhorita Helena Vincent. —ela diz— O homem abomina tagarelas.

Ela fecha os botões.

— A garota caladinha ele adora. —ela diz— Se a mulher ficar falando, o dia inteiro e fofocando o homem se zanga, diz adeus e vai embora.

Eu pisco.

— Não vá querer jogar conversa fora, que os homens fazem tudo pra evitar, sabe quem é mais querida? É a garota retraída! E só as bem quietinhas vão casar!

Ela ajeita meus cabelos de um loiro claro como os primeiros raios de Sol do dia, o penteado, preso em um coque em forma de rosa.

— Está vendo? A sedução é o caminho, palavras não são necessárias. -ela diz.

— Oh, mas isso é um tanto depravador, nana. -pego discretamente cinco envelopes da mesinha de escrita.

— Se quer se casar, honrar o seu pai com um casamento de laços fortes e avantajado. —ela esfrega os dedos em sinal ao dinheiro— deve seguir estes passos, e você terá sucesso na sua vida, assim como a sua mãe teve.

— A minha mãe fez o mesmo? -faço careta.

Eu me encaro no espelho, aquele vestido rosa claro e delicado, enorme e pomposo.

Corte De Para Lorde Rhysand Com Amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora