𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 5

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Helena

— Por deuses, não aperte tanto, nana. -imploro.

— Tem que ficar com a cintura fininha. -ela diz, apertando mais ainda o corpete.

Eu solto um ofegar estrangulado.

— Eu já tenho uma cintura fina. -digo.

— Mas tem que ficar mais fina ainda. —ela aperta mais um pouco— como quer arranjar um marido?

— Acho que um marido não vale a morte nas garras de um corpete. -digo.

— É claro que vale. -ela dá um tapinha em meu ombro.

Respirar se torna cada vez mais difícil com aquilo.

Eu tento inspirar fundo.

— Seu pai quer que esteja impecável esta noite. —ela diz— é tanto um baile para comemorar a primavera quanto para comemorar o seu seguro retorno da viagem ao continente.

— Eu sei. -digo.

Eu visto aquela porção de camadas do vestido, nana fechando os botões atrás.

— Seu busto ficou muito mais valorizado com esse aperto a mais. -ela comenta.

Eu me encaro no espelho, aquele vestido em tons de creme e dourado.

— Isso deveria ser crime. -murmuro.

— Está tão linda, me lembra a sua mãe, quando ela debutou pela primeira vez. -ela diz.

— Não é a primeira vez que debuto. -digo.

— Digamos que sim, porque hoje seu pai deixará que os cavalheiros se aproximem da senhorita.

Eu engulo em seco.

— Como foi a temporada da minha mãe? -pergunto.

— Esplêndida, é a palavra certa, sua mãe foi a dama mais perfeita da temporada, uma chuva de pretendentes caiu sobre ela. —ela diz— seu pai foi o escolhido, quem não escolheria? O mais cobiçado das terras humanas.

— Queria ser um pouco do que ela foi. -murmuro baixo.

— Devo dizer, a senhorita herdou muitas coisas de sua mãe, além da beleza digna de anjos portadores da luz. -ela diz.

Eu a encaro.

— A duquesa tinha o espírito igual ao seu, rebelde. -ela comenta.

— Meu pai me contou. -digo.

Eu aliso a saia do vestido, apesar de sufocada, estou impecável, os cabelos loiros presos no alto da cabeça em um belo penteado, apenas duas pequenas mechas soltas na frente, feitas em dois cachos dourados.

Pérolas crustadas no penteado em certos pontos.

Ouço batidas na porta.

— Entre. -digo.

Meu pai surgiu, os olhos verdes que carregam seriedade como de costume, os cabelos negros como alcatrão e a pele com um leve bronzear.

Apesar da idade, meu pai continuava com a aparência de trinta anos, possuindo agora quarenta, muitas mulheres ainda se afobam quando o vêem, mesmo que ele não lhes dê a mínima.

Seus olhos me vasculham e vejo um certo brilho ali.

— Está deslumbrante, querida. -ele diz.

— Obrigada. -sorrio.

— Mas, ainda falta uma coisa. -ele diz.

— Falta? —me encaro no espelho— achei que estava bom.

Corte De Para Lorde Rhysand Com Amor Onde as histórias ganham vida. Descobre agora