Um modo suave de morrer

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O café-da-manhã no navio pirata era um caos organizado. O refeitório estava totalmente apinhado de piratas quando Kai levou Jimin para dentro.

— Depressa, pegue aqueles lugares, companheiro. Eles vão sumir num instante.

De algum modo, Jimin conseguiu deslizar em meio às hordas e plantar o traseiro num banco, estendendo a mão para guardar um lugar para kai. Os homens do outro lado ergueram o olhar dos pratos.

— Não tinha visto você antes — disse um deles.

Sua boca se abriu, revelando um deserto de espaço, interrompido apenas por alguns tocos de dentes podres e marrons e migalhas de comida.

— Deve ser aquele garoto que o sr. Jeon pescou na água — disse o homem ao lado, inclinando-se para olhar melhor.

Jimin assentiu, tentando ignorar o hálito terrível do sujeito.

— Eu naufraguei. Jeon Jungkook me resgatou.

— Foi, é? — disse o primeiro. — E daí? Você vai ser pirata? — Ele mastigou um pedaço de pão, consideravelmente prejudicado pela falta de dentes.

— Talvez — respondeu Jimin.

— Acha que tem peito para isso, garoto? — perguntou o outro pirata, examinando-o atentamente. — É preciso muito peito para ser pirata.

— Ah, muito peito e muita pança! — repetiu o vizinho desdentado. — E o Pum Fedorento aqui sabe tudo sobre pança!

Com isso o pirata desdentado cutucou o colega no centro da enorme pança. Uma gargalhada explodiu em seu rosto feio e ele jogou uma chuva de migalhas de pão meio comidas na cara de Jimin. O outro, Pum Fedorento, fez “tsc-tsc” com um som nasal, antes de soltar três puns altos em rápida sucessão.

Felizmente naquele momento Kai chegou à mesa com dois pratos cheios de comida. Acomodou-se no banco ao lado de Jimin e bateu os pratos na mesa.

— Vejo que você conheceu Jack Banguela e Pum Fedorento. — Baixinho, Kai acrescentou: — Dois dos piratas mais deploráveis e inúteis que você vai encontrar.

Jimin sorriu e olhou para o prato cheio. Não sabia direito o que era tudo aquilo, mas o cheiro parecia bom e ele estava com fome. Havia ovos em algum lugar, e alguma papa que tinha gosto de aveia e enchia a barriga de modo satisfatório. Um naco chamuscado de alguma coisa — possivelmente bacon, talvez peixe defumado.

O que quer que fosse, o gosto era bom. E um grande pedaço de melancia. Tudo aquilo descia muito bem.

— Vejo que você precisava disso, companheiro.

— Humm — disse Jimin lambendo os lábios. — Tem mais?

— Sem chance, esfomeado. Por que acha que enchi tanto os pratos? O truque aqui é: quando enxergar comida, agarre, e agarre o máximo que puder. No momento a cozinha está bem abastecida, mas nem sempre é assim. Bom, por que não vai pegar duas canecas de chá para a gente? Com leite, sem açúcar, obrigado.

Ele empurrou Jimin na direção do balcão. Jimin se esforçou ao máximo para serpentear em meio à turba de piratas. Era um grupo variado — jovens, velhos, gordos, magros, altos, baixos e de toda nacionalidade em que se pudesse pensar.

Um número de mulheres equivalente ao de homens... e pareciam tão barulhentas e bagunceiras quanto os colegas. Por fim enxergou a passagem para a cozinha. Adiantou-se, e um rapaz de rosto redondo e cor de beterraba, cheio de espinhas, gritou:

— Sim?

— Ah, dois chás, por favor.

Mal as palavras saíram de sua boca, duas grandes canecas esmaltadas, com chá fumegante, foram postas em suas mãos.

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