Postos de combate

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Jimin e Kai comeram no segundo turno do almoço. Ambos estavam famintos depois dos trabalhos da manhã e mergulharam em montanhas de torta de bacalhau, purê de batata-doce e algas cozidas. As algas não eram somente difíceis de mastigar, mas tinham um gosto meio ruim, e Jimin as empurrou para o lado do prato.

— Isso é cheio de minerais — disse Kai, colocando uma porção extra no próprio prato. — Ótimo para ganhar músculos rígidos.

Jimin experimentou outro bocado. Era como comer raspas de borracha. Enquanto Kai acendia um cigarro feito à mão e ia pegar chá para os dois, Jimin soltou um bocejo. Tinha sido uma longa manhã, e ele estava pronto para uma sesta.

Olhando o refeitório ao redor, podia ver que os outros piratas estavam num clima parecido. Alguns haviam cochilado à mesa, estavam deitados nos bancos ou encostados no vizinho.

Um camarada sem sorte tinha evidentemente cedido ao cansaço durante a refeição e caíra de cabeça no purê. Jimin sorriu — estava cansado, mas não tanto.

De repente um sino tocou alto. Jimin pulou do banco. O sino tocou de novo. Piratas — que há um instante roncavam, barulhentos — voltaram à vida e saíram correndo do refeitório, completamente alertas, espadas balançando à cintura. Todos, menos o preguiçoso cujo rosto estava enterrado no almoço.

— Ande, rapaz, anime-se.

Kai empurrou uma caneca de esmalte, cheia de chá, na mão de Jimin.

— Leve com você — disse ele.

— Aonde vamos?

— Ao convés principal — gritou Kai acima do barulho. — Informes do capitão.

— Informes do capitão?

— Você verá. Venha, mexa-se. Quero um bom lugar.

O convés estava se enchendo depressa quando Jimin e Kai chegaram. Mesmo assim, Kai conseguiu abrir caminho no meio da multidão, e Jimin foi atrás.

Não era coisa fácil, carregando uma caneca de chá, e Jimin recebeu vários olhares furiosos enquanto derramava líquido quente na casaca ou nas botas de algum pirata.

De algum modo conseguiram chegar à frente da turba. Jimin sentou-se de pernas cruzadas e se viu aos pés do capitão Wang, que estava imerso em conversa com Jennie Kim. Scrimshaw , como Jimin percebeu, havia se enrolado no braço do capitão e parecia acompanhar atentamente as palavras de Nini.

Atrás dela um grande quadro-negro estava encostado num cavalete e, enquanto falava ao capitão, as mãos de Nini passavam sobre ele, deixando um borrão de intricadas marcas de giz. Por fim o sino tocou de novo. Jeon Jungkook chegou ao convés parecendo bastante irritado.

— Por que não me informaram disso? — perguntou rispidamente a Jennie Kim, que deu de ombros e se virou de novo para o quadro-negro.

— Capitão Wang, preciso falar com o senhor — disse Jeon Jungkook.

Mas o capitão não queria ouvir.

— Depois dos informes, sr. Jeon.

Jimin ouviu-o dizer.

— Mas, capitão, eu realmente...

— Depois dos informes. — Havia aço na voz dele.

Jimin podia ver que a relação entre o capitão Wang e seu subcapitão estava piorando dia a dia. Não era de espantar que Jeon Jungkook desse broncas em todo mundo que atravessasse seu caminho.

Seu poder no navio parecia ser questionado o tempo todo. E não ajudava em nada o fato de os piratas tratarem Nini com um respeito natural, tão grande que qualquer um acharia que ela era a subcapitã.

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