|Capítulo 188|

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[...]

O silêncio reinou assim que os meninos saíram para as compras e foi então que o peso da realidade, da preocupação e da saudade veio com força preenchendo o meu peito e causando um rebuliço em minha mente. E tentando não ser vencida pelo medo de dessa vez estar errada e com isso receber uma péssima notícia, sem demonstrar as meninas, respirei fundo e olhei em todo o ambiente e foi aí que notei que o silêncio não está apenas pela falta das vozes dos meninos, do som da música das meninas, mas sim o que mais pesou foi o silêncio do vento, do sussurro que me conforta, da minha alma. Mas ao mesmo tempo tive a certeza que o silêncio está habitando em mim, desde o momento em que eu pedi a borboleta para buscá-lo para mim.

— E eu só espero que esse silêncio que está dentro de mim, seja um silêncio bom... — sussurrei já me entregando para a limpeza sem ao menos olhar para o relógio ou pela quantidade. Mas sim, apenas para não ver o tempo passar e no mínimo tentar manter a minha mente ocupada.

...

E deu certo, até o momento que eu e as meninas nos encontramos na porta para tirar o lixo que cada uma juntou com a faxina. E eu percebi que eu consegui ocupar a mente o tempo suficiente para limpeza total do nosso apartamento.

— Eu fiquei tão distraída que nem vi o tempo passar... — Gabriela falou quando estávamos descendo as escadas.

— Até que limpamos rápido e nem deu tempo da Alysson clamar de fome e ainda podemos tomar um fôlego até os meninos chegarem com as compras. — comentei e foi o suficiente para a Aly montar todo o enredo.

— Você que acha que limpamos rápido. Foram quatro horas de faxina pesada, tive um pré desmaio em vários momentos. Se não fossem os biscoitos que eu coloquei na bolsa antes de sair da casa do tio Joshua, com certeza o meu desmaio teria se concretizado. — Aly respondeu e foi aí que começou a briga entre ela e a Gabi, que a chamou de traíra por comer escondido dela. E eu só consegui pensar que nessas quatros horas nossos celulares não tocaram e os meninos não voltaram.

— Vocês estão aí brigando à toa! Já pararam pra pensar que o Trevor, John e Christian que saíram para as compras no mercadinho da esquina e até agora não voltaram e, o pior, no Kevin que ainda não deu notícias. O meu celular não recebeu nenhuma chamada — falei tirando o meu do meu bolso — E o de vocês? Receberam alguma ligação? — perguntei e as duas me olharam assustadas.

— Não! — responderam juntas e mais do que depressa assim que jogamos o lixo na caçamba, fomos até a calçada e olhamos em direção das duas esquinas e não vimos nenhum movimento dos meninos. E estranhamos quando vimos praticamente a rua vazia com somente as folhas da única árvore do outono bailando sutilmente com o leve vento do inverno que se aproxima.

— Desde quando estamos aqui, essa rua nunca ficou vazia sem ter tiroteio. Alguma coisa está acontecendo. — falei estranhando o silêncio.

— Eu vou atrás do Christian no mercadinho. — Gabi falou sem hesitar e sem mais Alysson a acompanhou. Porém quando eu ouvi o latido do Lucky, olhei para trás e o vi olhando pela vidraça da janela do meu quarto. E eu tive a certeza que ele subiu em cima de um bauzinho, que é onde eu guardo as minhas sapatilhas, só para olhar a rua.

— Vão vocês! Eu vou voltar para pegar o Lucky! — informei e voltei correndo para colocar o Lucky na coleira.

Subi as escadas correndo e, com o Lucky já na coleira, desci no mesmo embalo. E, com o meu coração faltando sair pela boca, segui em direção do mercadinho que sempre fazemos compras e, ao virar a esquina, as minhas pernas ficaram bambas quando vi praticamente todos os moradores da vila na frente do mercadinho. Porém, quando me aproximei, vi que o tumulto não estava no armazém, mas sim na padaria do Sr. Nilson, que me salvou muitas vezes com vagas extras para ajudar na preparação dos pães.

[CONTINUAÇÃO DA FASE 02] AS ESTAÇÕES DE LIZWhere stories live. Discover now