CAPÍTULO 4

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Fiquei em dúvida sobre usar sultão ou sheik, então fui pesquisar se são pessoas distintas. Depois de ler algumas referências, descobri que todos eles são título que designam poder e tem muitas pessoas confusas assim como eu.

No mundo árabe tem Califa, Emir, Sultão, Sheikh e Xá. Um bocado de gente importante e cada título está relacionado ao poder do líder de acordo com a sua sucessão familiar e sua região de nascimento, então aqui no conto usarei Sheik (sem o h) e Sultão, pois entendi que Said pode ser qualquer um deles.



Nunca fui deslumbrada com o luxo que eles viviam, mas não estava preparada para o que vi quando entrei ali. Era uma festa das mais luxuosas, com muita ostentação e agradeci que a minha roupa de dança verde possuía muitas pedrarias, bordadas por mim mesma, e que me deixou valorizada e misteriosa, apesar de ser a última da fila. Não foi por acaso que fiquei nesse lugar, foram as candidatas que estavam naquele dia do chá que me colocaram ali, por saberem que algo aconteceu quando estive a sós com ele.

Elas estavam se sentindo ameaçadas e deveriam porque eu confio na minha beleza e torço para que uma mão me chame para dançar exclusivamente.

Essa mão apareceu, mas era do convidado que estava à direita do sultão, considerado o mais importante para o anfitrião e que poderia escolher qual quisesse para dormir com ele.

Eu fiquei furiosa com essa intromissão e talvez tenha colocado esse sentimento na dança, girando muitas vezes, balançando a cintura com mais volúpia, exibindo meus seios para ele. Minha dança deveria ser para o sultão e desvio os olhos para ele para ter a certeza que ele me notou.

Fico exultante, Said me notou, eu senti seu olhar cravado em mim e passei a dançar com mais sensualidade, explorando todos os pontos que hipnotizam os homens e que passamos horas diárias ensaiando exaustivamente.

De repente, todos os homens ali estavam hipnotizados pela minha dança sensual e eu me senti vingada por ele ter deixado que outro me olhasse com desejo. Quando a música acabou, faço uma reverência e me mantenho junto com as outras, enquanto uma nova sessão de dança começa.

Tento ser discreta, mas não consigo desviar meus olhos da conversa entre o sultão e seu convidado, e tenho absoluta certeza que estão falando sobre mim. Isso se concretiza quando seu braço direito é chamado e Said conversa com ele, que sai apressadamente dali.

Não passa cinco minutos e sou chamada pela nossa supervisora, que pede para acompanhá-la e me manda entrar em um quarto que possui apenas uma cama de dossel e um biombo para se vestir, além de uma porta que deduzo ser um banheiro.

Ela sai e me deixa sozinha, e eu não acredito que o sultão tenha me oferecido para o seu convidado. Justo eu que estou me guardando para ele por amor, que tenho sentimentos verdadeiros. Isso é uma merda, porque ao mesmo tempo que ficamos expostas para ele, ficamos expostas para todos e eu dancei com a minha alma porque eu queria atingir a alma do sultão de alguma maneira. Minha eterna mania de não pensar nas consequências dos meus atos.

Estou em uma situação que eu não posso correr, totalmente de mãos atadas, porque ele é o dono do meu destino de todas as maneiras possíveis.

A porta abre e eu quase desmaio quando ele entra sozinho.

— Parece que você estará sempre devendo algo para mim, Tayla. — Meu coração pulsa forte no peito, dever algo ao sultão me parece incrível nesse momento.

— O que devo ao senhor exatamente? — Questiono o homem que é dono de tudo ali, achando que é muito atrevimento mesmo para mim.

— Meu convidado mais ilustre a quer em sua cama essa noite, acho que você percebeu que deixou todos os homens cheios de desejo naquele salão.

— Esse não era o meu intuito, senhor.

— E qual era?

— Seduzir apenas um. — Pisco para ele com malícia e ele caminha até mim, tocando os meus cabelos. Depois me puxa e apoia minhas costas no dossel da cama.

— Apoia uma perna na cama, Tayla. Agora... — Eu faço o que ele manda, sem entender onde isso vai me levar. Meu amor por ele é tão grande que se ele me pedir para pular no precipício, eu pularei.

Quando ele se abaixa na minha frente, eu já sei o que ele vai fazer. Aisha vive fazendo isso com Iasmim.

— Não faça nenhum barulho, Tayla. — Não entendo o pedido, mas compreendo imediatamente quando ele puxa minha calcinha de lado e toca meu sexo com a língua. É algo novo e nunca experimentado ou explorado. Sua língua é experiente e toca em lugares bem íntimos. Nem os livros lido as escondidas me prepararam para o mix de sensações que começam no meu sexo e vão subindo em direção ao coração.

Eu me seguro no dossel da cama enquanto ele crava a língua em mim, segurando firmemente nas minhas coxas, me deixando totalmente exposta as suas carícias. Algo toma forma dentro de mim e eu deixo explodir, tentando controlar um tremor que percorre todo o meu corpo.

O que acontece comigo é inexplicável e absurdamente gostoso.

Ele se levanta e vejo seu rosto molhado, e um sorriso safado nele. Assim como eu, parece que o sultão gostou muito do que acabou de proporcionar para mim.

— Agora volte para a festa e tente não seduzir ninguém. Seu orgasmo, a partir de hoje, pertence a mim. Agora vá... — Saio rapidamente dali e volto a festa sob os olhares curiosos das outras odaliscas, principalmente da Aisha, que eu acalmo dizendo que está tudo bem. Vejo que o sultão voltou a seu lugar e seu convidado não está ali, assim como uma de suas candidatas a favorita.

Compreendo que ele tenha salvo a minha virgindade e também entendo que mais uma vez ele tenha cobrado um preço por essa ajuda.

Isso me instiga, já penso em como estar em perigo novamente para tê-lo como meu salvador. Sorrio sozinha, enquanto danço mais comedida, quando encontro seus olhos sobre mim. Sinto um formigamento onde sua língua percorreu o meu corpo, e agora que enfim fui enxergada, eu não quero ficar invisível outra vez.

Enquanto não conto para a Aisha que o sultão me protegeu mais uma vez ela não sossega.

— Aisha, sabe porque não quero ficar falando isso por aqui. Se isso cai em bocas erradas, posso até ser envenenada.

— Eu sei disso Tayla, mas acho que todos viram que você atraiu a atenção dos homens daquele salão. Se ele não fizer uma escolha, você estará desprotegida aqui.

— Eu acho estranho ele ainda não ter solicitado uma noite comigo, já trocamos carícias consideradas altamente sexuais.

— Você sentiu algo quando ele te tocou?

— Senti tudo, um negócio inexplicável, um calor, um prazer, magia pura.

— Você gozou, Tayla, e isso é para poucas. Eu mesmo, quando me relaciono com a Iasmim, nem sempre isso acontece. Tem que ter uma conexão e tem que saber onde acariciar.

— Eu quero sentir isso de novo, eu preciso sentir Said me querendo.

— Cuidado, não esqueça que ele é um homem de muitas mulheres. Se ele resolver dormir cada dia com uma, sua vez só chegará daqui um mês.

— Porra, Aisha. Você gosta de me desanimar.

— Não, pelo contrário, eu sou muito realista e não quero que seja infeliz. Longe dessa ala você não terá a minha amizade.

— Isso é verdade, terei que perder você para tê-lo.

Voltamos a arrumação, sem saber que o nosso destino está mesmo é nas mãos de Allah.

A ÚNICA DO SULTÃOWhere stories live. Discover now