CAPÍTULO 16

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Nossa... esse capítulo anterior foi tão triste. Eu não gosto de acabar com um sonho, nem mesmo de uma personagem fictícia. Parece que dói em mim, que escrevi isso. Em especial a Tayla, porque tudo o que aconteceu com ela não tem retorno, não é modificável. Só sofrimento de toda a forma possível.

E eu não consigo achar uma solução para esse impasse...


Seis meses enterrada no lugar mais distante de tudo foi o máximo que consegui ficar. Preciso ver a luz do sol urgentemente.

— Vou tomar um pouco de ar, Isa. Mas não me demoro, tenho uma pilha de lençóis para passar.

— Cuidado, Zaya. Não ficou todo esse tempo aqui para colocar tudo em risco.

— Eu não aguento mais ficar sem ver a luz do dia. Estou bem escondida nessa roupa preta e com a burca, apenas meus olhos aparecem.

— Esse é o seu problema, seus olhos dizem muito. — Subo três andares e caminho por um longo corredor. É lá que fica a lavanderia do palácio e onde me escondo de ser reconhecida por alguém.

Não tenho do que me queixar, tenho um quarto pequeno só meu, uma biblioteca cheia de livros e muito trabalho. Manter todas as roupas do palácio em dia é serviço que não acaba mais.

Quando saio no pátio da fonte dos amores, sinto o sol reenergizando todo o meu ser. Isso é algo que me fez muita falta nesses seis meses e que me trouxe a vida novamente.

Apesar de querer tirar o véu, não posso correr o risco de ser vista por alguém do palácio, que possa me reconhecer e só de estar ali respirando um ar puro, sinto-me renascer. Agora o meu nome é Zaya, melhor assim, para não correr o risco de ser relacionada a uma das mulheres do sultão.

Saber que meu filho está sendo criado pela minha melhor amiga me traz uma paz interior. Por Allah, Said leu a minha carta, casou com Aisha e nomeou Iasmim como sua aia. Colocou-a na ala matrimonial e ela está feliz, e sei que Mohammed também vai ser feliz ao lado da mulher mais próxima de sua mãe. É muito cedo para vê-lo, meu coração ainda sangra de saudades, mas é algo controlável quando a distância existe.

O sol, esse eu não pude ficar longe mais tempo e encosto a cabeça no banco tentando recebê-lo através das roupas pesadas. Fico ali, respirando e aspirando o ar puro por muitos minutos e me desligo do risco eminente de alguém me ver ali.

— Vejo que gosta de sol... — Minha alma gela quando escuto sua voz e prefiro manter meus olhos longe dele, continuando na mesma posição.

Hum...hum... — Escuto ele se sentar ao meu lado e logo aspiro o seu cheiro enlouquecedor.

— Vem sempre aqui? — O sultão continua a especular, é bem a cara dele, manter tudo sobre controle.

— Não, senhor. — Respondo baixo e com o véu escondendo a boca o som é mascarado.

— É verdade, faz bem uns seis meses que esse lugar não é ocupado por ninguém. — Ele estava monitorando a fonte, é um tremendo filho da puta. Ele sabia que um dia eu iria voltar aqui, esse é o lugar onde venho carregar as minhas energias.

— Preciso voltar para o trabalho, senhor. — Levanto em uma tocada só e caminho apressadamente.

— Zaya... — Eu paro, respiro fundo e encontro seus olhos.

— Sim, senhor.

— Eu sei de tudo o que acontece no meu palácio.

— Isso é algo importante, senhor. Nunca será pego de surpresa pelo inimigo. — Merda, eu e minha língua afiada. Eu sou o inimigo nessa história, mas que droga...

A ÚNICA DO SULTÃOWhere stories live. Discover now