Paixão via bilhetes

Capítulo 2 - Descobrindo a Verdade

Dias se passaram estou deitada no sofá passando de canal em canal, quando Mi-so me liga. Conto da leve vergonha que passei quando vi os bilhetes. Ela por sua vez acha a maior graça do universo. Comento que depois não voltei mais, a deixando desesperada, com isso começa a tagarelar feito uma louca. Voltando então a me implorar por outro favor. Afirma que tenho que fazer uma última checagem. Seu irmão chegaria de outra viagem e provavelmente tudo lá era uma zona. Prometendo que chegaria em breve e me deixaria livre disso. Confesso que aceitei pela curiosidade, queria saber se havia outro bilhete, e lá estava, na verdade haviam dois.

“Vou cobrar pelo nosso encontro.
então é assim que as pessoas se sentem…”

"Confesso que a minha casa era muito mais cheirosa quando você frequentava.
Vou pedir que desliguem a água do seu apartamento novamente.”

Fico um pouco confusa com o primeiro bilhete, mas o segundo faz meu coração palpitar. Rio e decido tirar uma foto de todos os nossos bilhetes. Esse é o tipo de coisa que Sabrina vai amar saber. Olho em volta e nada parece fora do lugar. Quando chego no quarto encontro o lado bagunceiro, que Mi-so sempre falou do irmão. Fecho a varanda, não faço ideia de quanto tempo está aberta. Estico a cama e quando volto a minha atenção para a escrivaninha, caos define seu estado. Organizo parte dos papéis que não estão amassados, coloco próximo aos limpos. Jogo fora as bolinhas de papel espalhadas pelo chão. A julgar pelas vinte sete, alguém encara um bloqueio criativo. Como bônus dobro umas blusas que encontro jogadas na cadeira.
Mi-so, você vai me pagar um dia inteiro no spa depois disso. Antes de sair deixo meu último bilhete.

“Vi suas bolinhas de papel,
não deixe seu bloqueio parar você. Insista!
Seja menos bagunceiro também :)
com amor, Helena”

Estou quase com a mão na maçaneta, quando ouço alguém digitar a senha para entrar. Tenho um breve ataque de pânico, mas tento me manter calma. Vou embora na primeira chance. Qualquer reação minha vai por água abaixo ao ver aquele moreno e seus 1,80cm de homem entrando.
Deus está de brincadeira comigo, não tem outra resposta.
Permaneço parada, como todas as outras vezes, ao vê-lo. Kim Namjoon é o irmão da Mi-so. Essa ideia passou rapidamente pela minha cabeça, mas achei demais então ignorei. Enquanto decido se mato ou não minha amiga, ele me nota. Ficando surpreso, arrisco dizer que é a primeira vez que o vejo como eu, estático. Nas outras vezes era como se sempre soubesse como agir. Minha teoria vai pro ralo quando um enorme sorriso surge e continua entrando em casa.
- Oi… -sussurro desesperada. - Eu já estou de saída, só voltei porque sua irmã me pediu muito. sabe como ela pode ser irritante quando quer algo. -Começo a rir quando percebo que falei rápido demais e meu riso é contagiante.
- Então seu nome é Helena… e também é amiga da minha irmã…
- Eu mesma.
Interrompo, o silêncio de sempre logo se instala e depois de alguns instantes o encarando apavorada. Lembro dos bilhetes. Agora estou oficialmente envergonhada.
- Ai meu deus! -grito. - Os bilhetes! Não os leve tão a sério! Era para ser uma brincadeira minha com a Mi-so… Bom , foi um prazer conhecê-lo, tenha uma boa noite!
Paro de falar quando percebo que estou atropelando as palavras novamente.
- Espera, -o sinto segurar minha mão. - Não quer beber alguma coisa?
- Claro… -penso alto. - Quer dizer, melhor outro dia né, já está tarde. A gente marca depois que a sua irmã chegar de viagem.
Estou começando a ficar completamente desesperada, não faço ideia de como flertar com coreanos. Muito menos com Kim Namjoon, um dos maiores ídolos do momento. ele ainda segura minha mão, é como se tentasse achar um argumento. Estamos próximos demais para o meu gosto, na verdade para minha sanidade se manter firme.
- Sabe que a minha irmã está em casa aproveitando o recesso dela, né?
- Juro que mato ela se tiver me feito vir aqui mesmo estando na cidade.
Os olhos de Namjoon me encaravam tão profundamente que eu não tinha ideia do que fazer. Minha mente me manda ir embora enquanto o corpo a ignora.
- Que pena, tava pensando em agradecer a ela… Afinal sempre quis conversar com você por mais que alguns segundos pelos corredores do prédio.
Ele estava flertando comigo. Uma vez no elevador. Outra por bilhete. Mais uma agora. Nós estávamos perto demais enquanto minha mente entrava em parafuso. Sua respiração é lenta, percebo seus olhos perdidos em mim. Desejo era o que eu via, mesmo me olhando desta forma, o seu toque era delicado. Esse tempo todo se manteve segurando minha mão, como se quisesse me manter aqui. Sinto seu dedão me acariciando e sinto algo em balançar em mim.
- Você sabia que eu era amiga da sua irmã? ou flerta assim  com qualquer uma?
Questiono curiosa e diminui o espaço entre nossos corpos. Podia flertar com todas dessa forma. Minha vontade de beijá-lo não seria diminuída.
- Não sabia, desconfiei naquela manhã, que te encontrei no elevador.
Desde quando os coreanos ficaram tão sexys e diretos?
Calmamente sou puxada pela mão, para colar nossos corpos. Perto demais. Gostoso demais. As coisas estavam prestes a sair do controle. Nos analisamos em silêncio. A distância entre nossos rostos começou a diminuir. Nosso único foco era a boca um do outro. Tudo que desejava era sentir aqueles lábios carnudos, em cada parte de mim. Milímetros era o que faltava para o meu tão esperado beijo acontecer, porém nada nessa vida é tão fácil assim.  Alguém tinha que ligar, justamente naquele momento, me deixando sem nem saber qual era o seu gosto.
A muito contragosto ele pede licença para atender. Já sentia vergonha de tudo que aconteceu, agora também estava sem graça.perdi a coragem, quando dou conta estou fugindo. Abri a porta e voltei para casa. Simples assim. Com um milhão de coisas na cabeça. Prestes a beijar o cara que vinha desejando a meses, alguém tinha que ligar. Me jogo na cama e penso em tudo que acabou de acontecer. Na manhã seguinte estarei arrependida, mas isso não importa. Dizem por aí que, quando alguma coisa tem que ser nossa, sempre acha o caminho certo.

Saio para trabalhar rezando para não encontrá-lo. Espero não vê-lo por um bom tempo. Tenho um limite para pagar micos, acredito ter excedido a minha cota do mês. No trabalho também não há paz. O comentário do dia era a aparição do Bangtan Boys na televisão esta noite. Com isso descobri que era a única que não sabia quem era o irmão da Mi-so. Quer dizer, sabia que ele era músico e famoso. Podia ter descoberto esse detalhe a mais tempo. Assim nunca teria pisado naquele apartamento. Tudo bem que a gente paquerava quando se via pelo condomínio, mas acreditava que nunca aconteceria nada. Durante o dia recebo algumas mensagens de Mi-so, pelo conteúdo de algumas delas provavelmente se falaram. Ignoro completamente.
Chegando no prédio, suspiro aliviada ao ouvir o silêncio absoluto no meu andar. Enrolei o máximo que pude na rua. Entro em casa feliz e triste por não ter encontrado ninguém. Estou guardando meu sapato, no armário próximo à porta. Antes que possa colocar minhas pantufas algo me chama atenção. Um envelope caído no chão e com meu nome. Olho desconfiada, basicamente ninguém sabe meu endereço. Pego o envelope e reconheço a letra. Nem preciso de espelho para saber que já estou totalmente vermelha. O celular toca tirando minha atenção, era minha mãe Amélia, avisando que logo estariam todos prontos para nossa vídeo chamada semanal. todo domingo minha família se reunia em um almoço, então era bom ver todos de uma vez só. Mesmo que aqui já seja segunda, vale a pena. Entro em desespero, coloco meu celular e o envelope juntos ao lado do computador. Me apresso para tomar um banho largando minhas coisas na mesa de centro da sala. Poucos minutos depois estou sentada no sofá já com o computador ligado. Espero somente alguém ligar. Volto então minha atenção para o bilhete e finalmente o leio. Não consigo evitar de sorrir e sentir meu corpo queimar.

“Quero terminar o que tive que interromper
noite passada…”

Olá meus amores!

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Com amor, Loretti!