Capítulo 3 - Primeira noite

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É quase duas da manhã e estou no meio da vídeo chamada. Rindo das besteiras que são ditas. Sinto como se tivesse sentada à mesa com todos. Comi a minha janta enquanto eles almoçavam, essas são as minhas melhores refeições em casa. Mesmo que a saudade aumente depois, vale muito a pena. Nessas horas começamos a dar valor a determinadas coisas e momentos. Uma lágrima ameaça cair quando ouço alguém bater na porta. Não digo nada e me levanto para atender, de forma automática. Respiro fundo espantando o clima triste que havia criado e abro a porta.

- Oi... Eu não pretendia bater a essa hora, mas ouvi vozes e quis arriscar.

Me surpreendo ao ver Namjoon parado na minha frente. Parecia ter vindo direto do bendito programa. Ele sorri sem jeito escondendo as mãos no bolso da calça social.

- Helena? -A voz de meu pai me interrompeu antes que podesse responder.

- Pode entrar! Só um instante. -dou passagem para que possa entrar e peço para que não fale nada.

Deus, meu coração não está preparado para tantas emoções.

- Está tudo bem por ai?

Meu pai pergunta quase dentro da tela, como se conseguisse atravessar e ver aqui em casa. Graças a deus não pode. Enlouqueceria ao saber que tem um homem batendo na minha porta às duas da manhã e infartaria ao descobrir que permiti sua entrada. Voltei para o meu lugar no sofá enquanto Namjoon senta na poltrona. Estava em frente a mim, com os braços apoiados na perna, me observando com aquele olhar enigmático enquanto brincava com os dedos sem perceber.

- Sim sim, era só...

Vejo que não tenho nada perto para poder usar como desculpa. Jesus cristo, me ajuda, me forço a não olhar para Namjoon. tudo que eu não preciso é do meu pai desconfiado.

- Uma entrega da farmácia.

- Mas às duas da manhã?

- Pai acha mesmo que aqui não tem farmácia 24 horas?

Minto, realmente não funcionam 24 horas por aqui. Estar de mãos atadas, é horrivel não posso simplesmente desligar, iriam desconfiar. Meu pai começa falar algo e finjo prestar atenção, mas não resisto e acabo olhando para Namjoon. Que me olha com serenidade, todo a vontade em minha poltrona. Tem um sorriso ameaçando sair, mas mantém a pose de sério. Sinto que estou em uma sessão de fotos, na qual sou a fotógrafa. Ele usa um blazer e calça social preta e uma blusa cacharrel branca.

Esse homem já é bonito, mas assim está de matar, por Deus.

Quando me dou conta não ouço nada que o meu pai diz e mordo o lábio enquanto encaro Namjoon. O mesmo parece ter adorado, afinal de contas seu olhar tem desejo agora e seu sorriso é de matar. Não devia ter provocado, às vezes parece que procuro confusão. depois de ser chamada atenção novamente, invento uma desculpa.

- Pai estou morta de cansada. Outro dia nos falamos melhor, pode ser?!

Termo na base quando vejo namjoon se ajeitar apoiando os braços no joelhos novamente. É como se soubesse que estou me despedindo, mesmo que estivesse falando em português o tempo todo.

- Desculpa te atrapalhar. -Namjoon fala assim que fecho o notebook.

- Não foi nada, eu já tinha planos de desligar. Foi até bom. O que queria dizer?

Solto um riso sem graça. Apoio no braço do sofá e seguro meu rosto para encará-lo. Essa nossa distância parece segura só não sei dizer se ela vai durar.

- Acima de tudo quero pedir desculpas pela armação da minha irmã. Parece que ela realmente viajou, mas pediu pra você cuidar da minha casa só para nos conhecermos. Parece que faz um tempo que tenta te convencer a aceitar ter um encontro comigo.

Paixão via bilhetesOnde histórias criam vida. Descubra agora