Paixão via bilhetes

Capítulo 10 - Reconciliação

Não havia olhares suspeitos de seus amigos, nem meu nome eles sabiam, muito menos imaginariam que tivesse um relacionamento com o líder deles.

Por mais que tentasse arduamente concentrar no trabalho, meus pensamentos sempre me traíam em algum momento. Meu coração estava partido, não queria que declarasse nosso relacionamento em rede nacional, mas não custava nada contar para aqueles que diz considerar tanto. se nem isso foi capaz, o que eu significava para ele? No início fez sentido, mas já se passaram três meses. Era comigo que ficava nas folgas suas folgas, dormíamos juntos, já brigamos feito casal, vivemos momentos intensos mesmo nesse curto tempo. Me preocupei ao máximo para não revelar sua identidade quando falava com Sabrina, mas aparentemente ele não pensou da mesma forma.

Venho ignorando Namjoon. Primeiro as ligações no dia do seu aniversário, depois as mensagens, agora suas batidas em minha porta. Já passa das tantas da noite e está aqui, provavelmente depois de passar o dia todo trabalhando. Deve ter uns cinco minutos, tento focar no que meu pai está falando, mas é impossível. O coração aperta cada vez que o ouço chamar por mim.

- Filha, você ouviu? - me assusto por ter percebido que encarava fixamente a porta de entrada.

- Conseguiu uma entrevista de emprego na empresa do seu amigo...

- E quero que tente vir para cá nas nossas bodas.

Nunca havia falado para meus pais que já tinha a passagem e planejado a meses. tudo que eles sabiam é que me sentia sozinha o suficiente para talvez voltar. Talvez.

- Vou ver o que consigo fazer, mas sobre a entrevista...

- Já está marcada para amanhã, aí será a noite para não atrapalhar seu trabalho. Pensei em tudo. -dita com seu típico tom autoritário no qual não sentia falta alguma.

Por esse tipo de coisa resolvi sair de casa na primeira oportunidade. Meus pais sempre tentaram projetar em mim os sonhos que não conseguiram realizar. Foi uma luta para que aceitassem minha faculdade de marketing. Na primeira vez que falei em sair do país pensaram que seria um simples intercâmbio e acharam graça. Não esperavam que meu, atual ex namorado, fosse apoiar e me convidar para vir para coreia com ele. Uma pena que nosso relacionamento acabou antes que entrássemos no avião para cá. Escondi o término até me estabilizar aqui, não queria dar a chance de boicotarem minha liberdade. Acredito que seja por isso que pense tanto em voltar. Estar aqui é o sonho de outra pessoa, é um lugar lindo, uma cultura muito bonita, cheio de história e tradição, porém nunca foi a primeira opção. A única coisa que realmente faz com que fique é meu trabalho. Está sendo bem valorizado, os projetos da empresa são bons e o resultado final é maravilhoso. Me dá orgulho de ter participado.

- Estaria pedindo muito se... -mais batidas, cada vez mais espaçadas, sinto que está quase desistindo. - Podemos convidar um pretendente da sua mãe? Para você conhecer.

- Não acho apropriado.

Meu pai então começa a tentar argumentar, sobre como seria bom conhecer alguém. Cansada de suas ideias, desse assunto que já se arrasta a um tempo, resolvi abrir a porta. Parte de mim já queria isso, esse assunto foi só a desculpa. Ouvir as besteiras do meu pai é pior que encarar Namjoon, sem contar que uma hora nosso encontro seria inevitável.

Não me dou ao trabalho de explicar nada, simplesmente levanto e abro a porta. Encontrei um Namjoon cabisbaixo com as mãos apoiadas no portal. Seus olhos me encaram esperançosos. Sinto um mix de sentimentos, alegria, ansiedade, tristeza e esperança. Ambos ameaçamos falar alguma coisa, mas somos interrompidos.

- Helena? -meu computador nos interrompe me lembrando da videochamada. -Está aí filha?

Não respondo nada, simplesmente volto para o sofá. Jogo minha cabeça para trás, apoiando na almofada, suspiro frustrada. Sinto Namjoon sentar ao meu lado, de frente para mim, acaricia meus cabelos. É tão atencioso que quase esqueço a raiva e me pego o encarando. Estava ali ao meu lado sem se importar caso alguém estivesse vendo.