oito

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Existem momentos e MOMENTOS. E aquele era o tal momento em que as coisas começavam a fazer sentido e que tudo se encaixava. Sim, as coisas se encaixavam sozinhas, não precisavam de nossa ajudinha. E como mágica, tudo se encaixou.

- Vamos começar do zero? - pergunto a José Ricardo depois que saímos de nosso abraço.

- Vamos sim! - diz ele com um leve sorriso. Sorrio em resposta. E as coisas estavam se encaixando.
- Acho que, seria melhor se você se levantar e comer alguma coisa! - ele concluiu.

- Sim, acho melhor! - digo.

- Bom, já que você não sabe cozinhar, vou preparar algo. - ele diz se levantando.

- José Ricardo, se você concordar, pode me ajudar a preparar algo! - digo. Ele me olha atentamente.

- Claro que Concordo! - ele diz com as mãos nos bolsos da calça social.

- Então, eu vou... - digo.

- Sim, certo! Te espero lá na, cozinha. - diz ele constrangido.

Faço que sim e então José Ricardo se vai.

Ao vê-lo sair, um sorriso bobo se faz em meus lábios. Era nítido que estávamos tímidos e constrangidos há segundos atrás. E aquilo foi um tanto... Novo para mim. Na verdade, tudo era novo para mim.

Após fazer minha higiene matinal, que não era tão matinal assim já que aí ligar meu celular vejo que já está quase no horário do almoço, tiro meu pijama e visto um conjunto de short e blusa de manga longa de tecido leve. Amarro meu cabelo num rabo de cavalo alto e calço minhas pantufas quentinhas. Passo também um perfume de arroma leve, mais isso é um leve detalhe. E então desço para o andar de baixo.

Ao chegar na cozinha, vejo que José Ricardo já estava a minha espera. Parado em pé de frente ao balcão da cozinha, noto que ele já havia separado os ingredientes para a "aula".

- Preparada? - ele pergunta.

- Se eu disser que não você trás a Glória de volta amanhã? - pergunto. Ele sorri.

- Venha Alê, não é um bicho de sete cabeças! - ele diz ao pegar o avental de uma do balcão e me oferecer para vestir.

Me aproximo e pego o avental de sua mão. Coloco a parte de cima do avental passando por minha cabeça, e então, ao tentar amarar as tiras que passavam por minha cintura e paravam mas minhas costas, tenho uma certa dificuldade.

- Deixe-me lhe ajudar! - ouço a voz de José Ricardo bem próximo ao meu ouvido, eu estava aquela altura de costas para ele.

Faço que sim e então sinto suas mãos tocarem as minhas. José Ricardo pega as duas tiras que prendia o avental ao meu corpo e sinto ele apertar gentilmente o avental em mim. Tento controlar minha respiração que estava começando a ficar pesada naquele momento, e então, ele se afasta.

- Pronto! - diz ele.

Me viro ficando de novo a sua frente e olho atentamente em seus olhos.

- Obrigada! - ele sorri.

- Já preparou uma lasanha de carne e queijo? - fiz que não. - Então vamos colocar a mão na massa!

E colocamos. José Ricardo me ensinou primeiro a fazer o recheio da lasanha. Aprendi a refogar a carne, e o principal, lavar bem a carne antes, sim eu cometi a besteira de colocar a carne n panela antes. Após a carne refogada com os temperos certos, era a vez de amolecer um pouco o macarrão. E depois, montar a lasanha.

- Está vendo? No fundo colocamos o molho de tomate... - ele disse ao fazer segundo o que falava.  - Agora colocamos uma camada de macarrão... E agora uma camada de carne.... E assim fazemos até a última camada ser de macarrão... Por cima do macarrão, colocamos o presunto e o queijo, e, salpicamos queijo ralado por cima. E está pronta! Agora vamos levar ao forno.

Enquanto José Ricardo levava a assadeira com a lasanha para ao forno, resolvi abrir uma garrafa de vinho tinto.

- Aceita? - perguntei assim que ele me olhou.

- Sim. - ele respondeu.

Nos servi com o vinho em duas taças e enquanto a lasanha assava, sentados nos bancos do balcão da cozinha, conversávamos descontraídos.


- Veja bem, os negócios do seu pai vão além dos escritórios de advocacia aqui e em Londres. Sua família já tinha muitos bens que foram passados a seu pai depois que seu avô se foi. Entre eles estão alguns imóveis como apartamentos, sociedade em restaurantes e lojas, salas comerciais... Vou fazer uma lista detalhada de tudo para você ver. E não é só aqui, em Londres também. Seu pai investiu muito, e o resultado está aí!
- disse José Ricardo.

- Nossa, eu sabia que tínhamos muitos bens, só não sabia quanto! Será que, vou dar conta de tudo isso?

- Vai sim Alê! - ele disse ao tocar gentilmente em meu ombro. - Você é uma Lacerda, você é mais forte e capaz do que pensa!

- Obrigada JR! De verdade, obrigada! - digo agradecida. Ele faz que sim.

- Está sentindo? Nossa lasanha está com um cheiro muito bom.

- Está sim! - digo sorrindo.

- Hoje você fez uma coisa improvável Alê, você me ajudou a fazer uma lasanha. Acredite, se você cozinhou, pode fazer muitas coisas ainda. - José Ricardo estava claramente tentando me animar.


A lasanha não só estava cheirando bem como também estava uma delícia. Almoçamos num clima mais descontraído e leve. E eu estava amando aquele clima. Já fazia muito tempo que eu não sentia que estava em família novamente.

Te Amo! Where stories live. Discover now